26 maio 2006

Nada substitui o amor

Em 1 Co 13:1-7 lemos a surpreendente declaração acerca do amor. O apóstolo recorre a uma hipérbole para ilustrar que o sacríficio, ou doação, sem a motivação do amor, "nada disso me aproveitará" (vs.3). A hipótese levantada de que "ainda que eu distribua todos os meus bens", se isto não tiver como causa o amor, será em vão. Há três princípios que nos lembra de que nada substitui o amor.

1. A sua ausência não pode ser compensada trocando a sua presença por presentes. Alguns maridos e pais pensam que pelo fato de estarem ausentes o dia todo, e conseqüentemente a semana toda, podem preencher o vazio com presentes! Ganhar presentes é algo agradável, mas a presença sempre é melhor. Se você tiver dúvidas quanto a isto, tenha a santa ousadia de perguntar qual das duas opções é preferível. Não adianta dar um video games, DVD, computador, até mesmo um carro, ou qualquer outro presente se você não está junto, para se divertir e usufruir, não necessariamente do objeto em si, mas da alegria da pessoa amada.

2. Não deixe de disciplinar o seu filho por causa da sua ausência. Há pais que por causa do sentimento de culpa, não conseguem exercer a sua autoridade paternal na hora em que seu filho erra, corrigindo-o quando necessário. Em sua mente, talvez, venha o pensamento: "passo tanto tempo fora de casa, e quando estou presente, só repreendo, brigo, e corrijo o meu filho? Afinal, ele também precisa de carinho". O problema é que o carinho na hora errada é prejudicial. Não podemos nos esquecer que a disciplina também é um ato de amor (Hb 12:4-13). Não devemos descrer desta verdade absoluta. Quando estamos juntos, há tempo para todas as coisas e, isto significa tempo de cariciar e, tempo de disciplinar, conforme a necessidade.

3. A melhor herança é a que suscita saudades. Quando está longe você é esperado por causa dos presentes que trará? Quando não mais estiver presente qual é o sentimento que florará na sua família? O medo de não ter mais a estabilidade econômica que você oferece? Ou, a saudade de momentos insubstituíveis que são possíveis somente com você? Penso no "filho pródigo" (Lc 15:11-32) que quando esgotou toda a sua herança numa terra estranha, lembrou da casa do seu pai. Não pensou na possibilidade de conseguir mais um pouco de dinheiro para continuar uma vida vergonhosa, mas naquele momento de miséria, lembrou da bondade que somente o seu pai poderia oferecer, uma virtude que o motivaria andar uma longa distância, e se humilhar na certeza de ser aceito, apesar do desprezo que deixou para o seu pai. Nada substitui o amor. O amor presente é melhor mesmo do que o presente de amor.

25 maio 2006

Pais e filhos

Paulo ordena que os filhos obedeçam as ordens dos seus pais e os honrem. Ele diz que é o primeiro mandamento. Provavelmente pretendeu dizer o primeiro mandamento que a criança teria que aprender de memória. A honra que Paulo exige não é uma mera honra de palavra; a única maneira de honrar aos pais é obedecendo-os, respeitando-os e não causando-lhes dor.

Mas, Paulo percebe que o problema tem outra faceta. Diz aos pais que não provoquem a ira dos seus filhos. Bengel responde a pergunta do porquê este mandamento definitivamente também se refere aos pais. As mães têm uma espécie de paciência divina, mas "os pais são mais propensos à ira." Chama a atenção de que Paula repete as suas ordens de forma mais completa em Cl 3:21. "Pais", ele diz, "não irriteis os vossos filhos, para que não fiquem desanimados.". Bengel disse que a doença do juventude é o "espírito desanimado"; o desalento que pode proceder de uma crítica e censura contínua, ou de uma disciplina demasiadamente dura. David Smith pensa que Paulo escreveu isto a partir de uma amarga experiência pessoal. Disse: "Vibra aqui uma nota de emoção pessoal e parecia que o coração do cativo ancião retornasse ao passado e recordava de desamorosos anos da sua própria meninice. Educado na atmosfera aústera da ortodoxia tradicional, experimentou pouca ternura e muita serveridade, e conheceu 'essa praga da juventude: o espírito desanimado'".

Podemos de três maneiras ser injustos com os nossos filhos:
1. Podemos esquecer que as coisas tendem a mudar. Os costumes de uma geração não são os da outra. Elinor Mordaunt nos narra como deteve a sua pequena filha para que não fizesse algo, dizendo-lhe: "Quando eu tinha a sua idade não me deixavam que fizesse isso." E a menina respondeu: "Mas, mamãe, deve lembrar que a senhora vivia naquela época, eu vivo hoje." Os pais podem causar um imenso dano esquecendo que os tempos mudam e os costumes também.

2. Podemos praticar um controle tão rígido que se torne num descrédito para a educação dos filhos. Manter um filho por demasiado tempo em andajares é confessar que não se confia nele, e isto no fundo é simplesmente dizer que não confia na forma em que se tem educado. É melhor correr o risco de equivocar-se confiando demasiadamente, do que controlando de forma exagerada.

3. Podemos esquecer o dever de estimular. O pai de Lutero era muito rígido, tão rígido que chegava a ser cruel. Lutero costumava dizer: "Omita a vara e arruinarás o menino - isto é verdade; mas, junto da vara tenha uma maçã para dá-la quando ele fizer o bem." Benjamim West nos narra como chegou a ser pintor. Certo dia a sua mãe saiu, encarregando-o de cuidar da sua irmãzinha Sally. Na ausência da sua mãe encontrou alguns frascos com tinta colorida e começou a fazer um retrato de Sally. Ao fazê-lo causou uma considerável desordem e manchou tudo com tinta. Ao retornar, a sua mãe observou a bagunça, mas não disse nada. Tomou o pedaço de papel e contemplando o desenho disse: "Esta é Sally!" Então, inclinou-se para beijar o menino. Depois Benjamin West costumava sempre dizer: "O beijo de minha mãe me fez pintor". O estimulo produz mais do que a reprovação. Anna Buchan nos conta como a sua vó repetia uma frase favorita ainda quando era de idade avançada: "Nunca amedronte os jovens."

Segundo Paulo, os filhos devem honrar os seus pais, mas os pais nunca devem desanimar os seus filhos.


Extraído de William Barclay, Gálatas y Efesios - El Nuevo Testamento Comentado, Editorial La Aurora, 1973, pp. 186-187.
Traduzido por Rev. Ewerton B. Tokashiki

20 maio 2006

Celebração do matrimônio

No casamento é possível perder tanto tempo reparando nos erros do outro que nunca sobrará tempo para aumentar o nosso amor. É importante lembrarmos que o matrimônio é a união de pecadores e não de dois anjos. Os votos da união conjugal são promessas feitas por pessoas imperfeitas a outras pessoas imperfeitas, num mundo anormal onde tudo foi estragado pelo pecado desde a Queda!

A união de Cristo com a Igreja é a norma para o vínculo entre um homem e uma mulher. Se os maridos ao menos tentassem imitar um pouco do imenso amor que Cristo nutre pela sua Igreja, e se as esposas desejassem agradar e respeitar aos seus maridos da maneira que Deus quer que agrademos e alegremos a Cristo, então não haveria mais problemas.

Dolorosamente o casamento não é composto de sentimentos e momentos só de carinho. Mas, em meio as circunstâncias que não podem encher o coração com emoções românticas e alegres, devemos lembrar que o amor verdadeiro é paciente e benigno. As circunstâncias que trazem à tona o amor verdadeiro não são momentos tranqüilos, mas sim os atribulados. É quando agüentamos as fraquezas e as características irritantes da outra pessoa que o amor é paciente. A briga do casal consegue transformar o único lugar seguro de toda a vida num local exposto a ataques sem deixar nenhum lugar para onde se possa correr. Após o desentendimento só resta lugar para o perdão. Ou perdoamos, ou adoeceremos. Ou reconciliamos, ou mataremos o lar. O casamento é o permanente chamado para que o “marido ame a sua esposa", e, "esposa seja submissa ao seu marido”. Então, você poderá celebrar o matrimônio.

19 maio 2006

Virtudes de minha mãe

Aurélio Agostinho descrevendo as virtudes de sua mãe, demonstra tanto a admiração filial, como instrui os seus leitores como uma esposa e mãe cristã deve proceder. É possível aproveitarmos algumas de suas sugestões. É interessante notar como Agostinho atribui todas as virtudes de sua mãe como sendo resultado da graça de Deus. Ele registrou no livro Confissões (398-399 d.C.) que "desse modo, educada no pudor e na sobriedade, e submissa por ti a seus pais, mais que por seus pais a ti, quando chegou à idade de casar-se, foi dada a um marido, a quem serviu como senhor. Procurava conquistá-lo para ti, falando-lhe de ti através das virtudes, com as quais tu a tornava bela e pelas quais o marido a respeitava, amava e admirava. Suportou infidelidades conjugais, sem jamais hostilizar, demonstrar ressentimento contra o marido por isso. Esperava que tua misericórdia descesse sobre ele, para que tivesse fé em ti e se tornasse casto. Embora de coração afetuoso, ele se encolarizava facilmente. Minha mãe havia aprendido a não o contrariar com atos e palavras, quando o via irado. Depois que ele se refazia e acalmava, ela procurava o momento oportuno para mostrar-lhe como se tinha irritado sem refletir. Muitas senhoras, embora casadas com homens mais mansos, traziam sinais de pancadas que lhes desfiguravam o rosto e, nas conversas entre amigas, deploravam o comportamento dos maridos. Minha mãe, pelo contrário, ainda que com ar de brincadeira, lhes reprovava as conversas, lembrando-lhes que o contrato lido no casamento devia ser considerado como o documento da própria submissão, não tendo elas condição de assumirem atitudes de soberba contra seus senhores. Conhecendo o tipo de marido colérico que minha mãe suportava, muito se admiravam por nunca se ouvir dizer ou se revelar, por algum indício, que Patrício tivesse batido na mulher, nem algum dia tivessem brigado em casa. As amigas perguntavam-lhe confidencialmente a razão disso, e ela explicava-lhes o comportamento que acabo de descrever. Algumas então adotavam o mesmo sistema e congratulavam-se por havê-lo experimentado. Aquelas que não o observavam continuavam a sofrer violências.

A princípio, a sogra irritava-se contra ela, devido aos mexericos de servas intrigantes; mas foi também conquistada pelo respeito e pela perseverança na paciência e na doçura, de tal modo que ela própria quis denunciar ao filho, pedindo que fossem punidas as línguas malévolas que se interpunham entre ela e a nora, perturbando a paz familiar.

(...)

Concedeste ainda, 'ó meu Deus e minha misericórdia' (Sl 58:18), um dia, um grande dom àquela tua fiel serva, em cujo seio me criaste. Sempre que havia discórdia entre pessoas, ela procurava, quando possível, mostrar-se conciliadora, a ponto de nada referir de uma a outra, senão o que podia levá-las a se reconciliarem. E isso fazia, depois de ter ouvido de um lado, as queixas amargas que costumam surgir nos casos de forte antipatia, quando o rancor provoca as mais ásperas acusações contra as amigas ausentes. Esse dom me pareceria de pouca importância, se uma triste experiência não me houvesse mostrado que grande número de pessoas - não sei qual horrendo e muito difundido contágio do pecado - não só repetem a pessoas inimigas o que umas dizem das outras, sob o mais foram pronunciadas. Para uma pessoa realmente humana, não será suficiente limitar-se a não provocar ou aumentar as inimizades, com ditos malévolos, mas também procurar extingui-las com boas palavras.

Assim era minha mãe, graças às lições que tu, seu mestre espiritual, lhe ensinaste. E ao final, nos últimos anos de vida do marido, ela o conquistou para ti. Depois da conversão deste, ela não precisou mais lamentar os ultrajes que antes sofria.

Minha mãe era a serva de todos os teus servos. Todos os que a conheciam louvavam, honravam e amavam profundamente a ti, por nela sentirem a tua presença, comprovada pelos frutos de uma vida santa. Tinha sido esposa de um só marido, tinha cumprido seu dever para com os pais, tinha governado a casa com dedicação e dado o testemunho das boas obras. Educara os filhos, gerando-os de novo tantas vezes quantas os visse afastarem-se de ti. Enfim, ainda antes de adormecer para sempre no Senhor, quando já vivíamos em comunidade depois de ter recebido a graça do batismo - já que por tua bondade, ó Senhor, como se nos tivesse gerado a todos, servindo a todos nós, como se fosse filha de cada um."

Extraído de Confissões IX.9, Editora Paulus, 1997, pp. 252-254.

12 maio 2006

Porquê os filhos devem honrar aos pais?


Que base os pais têm para que os filhos sejam obrigados a tratá-los com honra? Não estamos pergutando o que um pai tem que fazer para merecer o direito de ser honrado. Os pais têm um direito natural de receber honra simplesmente porque conceberam e cuidaram de um filho. O dever do filho pressupõe o direito do pai, mas, porquê?

Eliminemos primeiramente algumas razões plausíveis, mas equivocadas, que fazem da honra um dever do filho. Primeiro, está a mística do sangue. O sentido judaico-cristão do dever filial não se baseia sobre o rito consanguínio da transição, na experiência do nascimento. Algumas pessoas poderão sentir uma sensação de reverência com os seus antecedentes que canalizaram o sangue da vida que há neles para formar uma família, passada e futura. Mas, o que está por trás do dever da honra não é a mística do sangue, senão a opção moral, não num sentido de reverência, mas numa vontade de manter a ordem familiar.

O dever de honrar os pais tão pouco é conseqüência da pecaminosidade do filho. Os filhos não são mais pecaminosos do que os pais, e deixar um menino em liberdade não é mais arriscado do que dar autoridade a um pai. Se as famílias existissem num mundo perfeito, sem dúvida os pais ainda assim estariam encarregados dos filhos, mesmo que estes fossem perfeitos. O dever da honra, como a maioria das obrigações primárias, não está arraigado na natureza pecaminosa do menino, mas no propósito divino para a família divina.

Em terceiro lugar, não devemos a honra aos nossos pais em gratidão pelo que por nós fizeram. Provavelmente a maioria de nós sente muita gratidão pelos seus pais, ainda que muitos outros acumulam ressentimentos pelas graves faltas que cometeram. Onde abunda a gratidão, também há um poderoso motivo para obedecer ao mandamento, mas esta não pode ser a razão básica, pela qual Deus a proclamou. A razão do mandamento tem que estar no tecido da família, na função de que os pais devem desempenhar no crescimento e criação dos filhos.

Se existe alguma razão pela qual os pais têm um direito ao respeito da parte dos seus filhos, sugiro que é da autoridade. Na pequena sociedade chamada família, em que se experimentam intimidades humanas prazeirosas e penosas pertencentes à relação humana fundamental, uma das fortes fibras que mantêm unida a aliança é a autoridade dos pais. Atualmente a autoridade não é uma faceta muito popular da vida familiar, e incontáveis lares abandonaram deliberadamente, confundindo a autoridade com uma espécie de tirania a que todos os que respeitam os direitos da criança devem destruir. Não obstante, vou argumentar que a autoridade paterna, corretamente entendida, é essa qualidade que todos os pais têm e que corresponde a honra que os filhos devem tributar-lhes. A autoridade é a coluna vertebral da vida familiar. É tão importante para a força da comunidade humana que o Senhor Deus, num dos cinco mandamentos fundamentais para a vida, nos chamou a honrar os nossos pais devido ao chamado que tinham de criar-nos e guiar-nos, enquanto seus filhos, sob o seu cuidado.

Extraído de Lewis B. Smedes, Moralidad y Nada Más, Nueva Creación, pp. 83-85.
Traduzido por Rev. Ewerton B. Tokashiki

08 maio 2006

O peso dos pais


No Decálogo o quinto mandamento é "honra o teu pai e a tua mãe para que se prolonguem os teus dias sobre a face da terra" (Êx 20:12). Mas, o que envolve esta honra? Podemos usar três palavras para descrever a honra: obediência, reverência e gratidão. A obediência é exercida enquanto os filhos estão debaixo da tutela dos pais, mas a sua obrigatoriedade absoluta cessa quando os filhos alcançam autonomia, ou casam. Mas, a reverência e a gratidão acompanham o coração do filho mesmo após a morte de seus pais.

Os pais quando envelhecem são um peso para os filhos? Para muitos são! E, esta é uma triste realidade criada pela desobediência do quinto mandamento. Mas, curiosamente a palavra "honrar" no hebraico é kabbad (lembrando que o Antigo Testamento foi escrito nesta língua) que literalmente significa grande, pesado e honra. Mas a idéia aqui não indica o peso do incômodo como alguns filhos interpretam os seus pais, mas significa o peso do valor que eles são e por tudo o que fizeram. Os pais têm grande peso de valor para os filhos, e é assim que Deus exige que os reconheçamos.

Porquê Deus preferiu usar a palavra honrar, e não amar? O Senhor poderia ter ordenado "Ame o teu pai e a tua mãe", mas Ele escolheu o verbo honrar. Martinho Lutero sugere que "honra é mais elevada do que o simples amor, ela inclui um temor que une ao amor e faz com que a pessoa tenha mais receio de ofendê-los, do que de ser castigada" (Das Boas Obras). É este receio de ofender que caracteriza a obediência do quinto mandamento.

Os pais devem ser honrados por serem a primeira e contínua autoridade na nossa vida. Novamente podemos citar Lutero observando que Deus "separa e destaca pai e mãe acima de todas as outras pessoas na terra e os põe ao lado Dele" (Catecismo Menor). A devoção filial é tão correta como necessária como parte da nossa sanidade mental, emocional e espiritual. Afrontar, ou desprezar os pais é violentar a própria alma, porque Deus quando nos criou também nos estruturou para honrar os nossos pais. Por isso, que um relacionamento distorcido ou pecaminoso, pode gerar sérias e dolorosas conseqüências na vida dos filhos. Paulo mencionando este mandamento diz "honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa), para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra" (Ef 5:2-3).

Algumas sugestões práticas para que você possa honrar os teus pais:

  • Providencie o sustento necessário se eles precisarem.
  • Respeite-os temendo ofendê-los.
  • Obedeça sem murmurações, nem amarguras.
  • Valorize-os por tudo o que já fizeram por você.
  • Escute as suas opiniões e conselhos.
  • Não tenha vergonha da pobreza, doenças e simplicidade dos teus pais.
  • Não os difame em suas falhas.
  • Não ridicularize os seus defeitos pessoais.
  • Não despreze a sua experiência.
  • Não irrete-os, provocando-lhes a ira.
  • Não gere neles o sentimento de fracasso.
  • Não lhes passe a impressão de que são um estorvo na sua vida.

06 maio 2006

Aniversário de casamento


Hoje completamos 6 anos de casamento. Coincidentemente, há 6 anos atrás na sexta-feira tínhamos ido ao cartório com os familiares e alguns amigos para realizarmos o casamento civil, e no sábado à noite, precisamente às 19:00hs, a Vanessa estava linda à porta da Igreja Presbiteriana de Pimenta Bueno. A pequena igreja estava cheia de pessoas, de sorrisos, de expectativas, de amigos e amados.

O Rev. Leonço e o Rev. Aziel presentes para celebrar a nossa união, tendo por testemunha primeiramente o Deus da nossa aliança, e a sua igreja. Apesar da ansiedade do momento, ainda lembro do sermão, tenho vivo na memória cada pergunta e cada sim, tanto meu como da Vanessa, que respondemos aos votos terminando com "...até que a morte vos separe. Amém."

Nesta manhã, em nosso culto doméstico, um tanto que emocionado, orei ao Senhor, por todas as bençãos que Ele nos concedeu, pelas dificuldades, enfermidades, acidentes, desentendimentos, e decepções acompanhadas de sinceras lágrimas que nos ajudaram a amuderecer e a conhecer mais intensamente um ao outro. Também agradeci pela pessoa especial que ela é prá mim! Pelas suas virtudes, pela sua sabedoria, paciência, submissão, cuidado e zelo! Hoje amo a Vanessa com maior convicção e maturidade do que há 6 anos atrás. Casamento é a união de dois pecadores em processo de santificação, sendo transformados pela graça e para a glória de Deus.

Todo casamento é potencialmente estruturado por Deus para produzir um ambiente de felicidade. O problema é a "dureza do vosso coração" (Mt 19:8). Enquanto lutarmos uns contra os outros demoliremos o nosso lar, mas a partir do momento que entendermos que a nossa luta deve ser contra a nossa "dureza de coração", então não será difícil abrir mão de mágoas e do orgulho para favorecer o outro.

A imagem escolhida neste artigo são ninféias, flores aquáticas que crescem sem ter a firmeza e a estabilidade da terra. Se nutrem com resíduos que estão na água. Mesmo em dias chuvosos não afundam, nem são prejudicadas pela força do sol, a sua estrutura lhes permite crescer e desenvolver com beleza, segurança e equilíbrio sobre a água, sem muitos recursos. Elas ilustram como Deus pode criar e preservar algo para ser melhor do que o ambiente pode oferecer. Não são as circunstâncias que irão favorecer a qualidade do lar, mas a graça de Deus.

04 maio 2006

Eu creio na família


Uma família de verdade é uma declaração de fé perante Deus. Dizer eu creio na família significa crêr no Deus que criou e estabeleceu propósitos definidos para a família. A verdade, o amor e a santidade são padrões absolutos de Deus para reger cada lar. As nossas famílias são dependentes da soberana providência do Senhor. Em momentos de crise, reconhecemos que sem Ele "nada podemos fazer" (Jo 15:5).

A primeira instituição (sei que para alguns a idéia de "instituição" soa mau!) criada por Deus foi o casamento. Antes do pecado estragar tudo e trazer toda desordem que conhecemos muito bem, o casamento era um relacionamento de complementação, cumplicidade e mutualidade. O pecado poluiu a família. Temos a prova desta triste tragédia nos capítulos 3 e 4 de Gênesis. Mas, não era para ser assim!

Quando somos salvos, em Cristo Jesus, não é somente o indivíduo que é transformado, mas toda a família. O conceito de solidariedade familiar não era apenas uma teoria judaico-cristã, mas uma promessa de Deus ao afirmar que "creia no Senhor Jesus, e serão salvos, você e os de sua casa" (At 16:31, NVI). Conseqüentemente a prática do batismo infantil era o resultado da conversão dos pais, fundamentados na sua aliança com Deus que se estendia aos filhos, abrangendo toda a família. Pedro esclarece que "a promessa é para vocês, para os seus filhos e para todos os que estão longe, para todos quantos o Senhor, o nosso Deus, chamar" (At 2:39, NVI). Por esta razão lemos a respeito da conversão de Lídia que "tendo sido batizada, bem como os de sua casa..." (At 16:15, NVI).

Quero desafiá-los a aceitar o desafio de Josué: "eu e a minha família serviremos ao SENHOR" (Js 24:15b, NVI). Eu creio no Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo que criou, sustenta, dirige, governa, preserva e salva a minha família.

Um mês para celebrar o lar


O mês de Maio é o período em que comemoramos a família. É momento de celebrarmos com alegria, superando as dificuldades, e em Cristo, resolvermos os problemas domésticos. Porque sem perdão e disposição de continuarmos juntos não poderemos ser felizes.

A família é onde vivemos os mais intensos prazeres e as mais dolorosas angústias. Não existe maior alegria do que o "sim" do casamento, como também não há pior dor do que o "não" do divórcio. Não há maior alegria do que o nascimento de um filho, mas não há maior angústia do que enterrá-lo. Não há realização maior do que ver um filho aprendendo a viver, mas não há mais triste decepção do que descobrir que se envolveu com vícios! Não existe maior satisfação do que o filho que honra os pais, mas não há tamanha frustação do que o filho que zomba e envergonha, desprezando o ensino dos seus pais. Não há maior prazer do que viver a paixão do casamento, mas não há algo mais desanimador do que viver a indiferença conjugal.

Sei que não estamos livres de turbulências no lar, mas podemos enfrentá-las com a graça de Deus. O salmista diz: "Como é feliz quem teme o SENHOR, quem anda em seus caminhos! Você comerá do fruto do seu trabalho, e será feliz e próspero. Sua mulher será como videira frutífera em sua casa; seus filhos serão como brotos de oliveira ao redor da sua mesa. Assim será abençoado o homem que teme o SENHOR! Que o SENHOR o abençoe desde Sião, para que você veja a prosperidade de Jerusalém todos os dias da sua vida, e veja os filhos dos seus filhos. Haja paz sobre Israel!" (Salmo 128, NVI).

Não há família que não possa ser restaurada, quando nos humilhamos diante de Deus. Enquanto alimentarmos os nossos pecados, não há esperança, mas quando nos arrependermos e nos humilharmos diante do Senhor Jesus, e suplicarmos que Ele nos restaure e cure as nossas feridas, Ele em sua misericórdia estará agindo em nossa vida. Coloque a sua família no altar de Deus, como sacríficio agradável a Ele, e consagre o teu lar como um ambiente de adoração ao Senhor. Minha oração neste mês é que o nosso Senhor Deus abençoe as nossas famílias para que as alegrias da salvação e do amor de Deus estejam sobre nós. Amém.

02 maio 2006

Daqui 50 anos...


Às vezes, fico imaginando como será o meu casamento daqui à 50 anos, é claro se ainda estivermos vivos, penso que muitas coisas boas e tristes terão passado. Temos pouco mais de 6 anos de casados, e temos superado, com a graça de Deus, muitas dificuldades dentro do casamento. Mas, não fizemos isto sozinhos. A nossa família nos acompanha, e amados amigos estão sempre orando por nós.

Desejo que a vida nunca terminasse com a morte. Este desejo me faz lembrar de um precioso filme chamado "Terra das Sombras", o ator Anthony Hopkins interpreta a vida de C.S. Lewis. Este filme não se propõe a mostrar toda a vida deste escritor, mas apenas a sua faceta amorosa com a sua esposa. Quando os dois se conheceram, ela fugia dos EUA para a Inglaterra, estava saindo dum conturbado casamento, e Lewis se casa apenas para que ela conseguisse a cidadania inglesa. Algum tempo depois ela descobre que tem câncer! Após algumas seções de radioterapia, ele a visita no hospital e lhe diz: "você quer se casar comigo?" Não há nada de estranho neste pedido. Embora Lewis fosse legalmente casado com ela, os dois viviam um casamento de fachada, por causa de uma necessidade social. Agora, Lewis descobriu que amava aquela mulher, que diante da lei, era a sua esposa, mas dentro de casa era uma estranha. Ainda no hospital, Lewis chama um pastor anglicano e celebram o casamento, rogando sobre o seu matrimônio a benção de Deus. O câncer é uma doença terrível. Posteriormente, ela piora e retorna para ser internada no hospital. Todavia, quando recebe alta volta para casa com a consciência de que iria morrer em breve. No quarto, ela deitada, Lewis ajoelhado ao lado da cama com as mãos apertando os dedos, em oração, ora a Deus, suplicando-Lhe que não a tirasse dele. Ele em lágrimas diz: "Perdoe-me, porque a amo tanto!". Ela ouvindo os seus soluços, lhe diz: "Lewis, deixe-me morrer...". Em alguns instantes, com este sussurro, ela desfalece.

No ano de 2002, eu e a Vanessa quase morremos num acidente de carro. Sei o que é viver a agonia de "quase" perder a companheira. Durante dias chorei num misto de tristeza e alegria. Tristeza pelo trauma, prejuízo e angústia causados pelo acidente. Mas, uma intensa alegria de poder abraçar a minha amada esposa com vida!

Não sei quanto tempo Deus tem preparado até que nos separe pela morte. No dia 6 de Maio de 2000, selei o meu casamento com este juramento "até que a morte os separe", e pensar neste dia, para mim é angustiante. Mas, sei que enquanto vivermos, quero estar junto dela, num relacionamento de qualidade. Quero amá-la intensamente para glorificar ao nosso Deus. Amém.