13 dezembro 2007

Por que somos presbiterianos? - 9

Somente através da obra de Cristo poderemos ser salvos. Não temos nenhum outro mediador pelo qual seja possível acontecer uma reconciliação com Deus, a não ser Jesus Cristo, a segunda pessoa da Trindade (1 Tm 2:5). Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1:29). Cremos que a Sua morte expiatória na cruz satisfaz a justiça de Deus e, elimina completamente a culpa de todos aqueles que nEle crêem (Rm 3:24-25), redimindo-os dos seus pecados (Ef 1:7); e, que a Sua humilhação durante o Seu ministério foi perfeitamente justa, santa e obediente à lei de Deus. A Sua obra Lhe confere autoridade para declarar justo todos quantos o Pai Lhe deu (Jo 6:37,39,65). Toda a obra expiatória de Cristo é suficiente para a nossa salvação (Rm 8:1).

O nosso Senhor Jesus se fez um de nós para ser o nosso substituto. Ele é o nosso único representante diante de Deus. A Aliança da Graça estipulava que o Filho viesse ao mundo para cumprir a vontade do Pai, ou seja, que viesse morrer pelos Seus escolhidos (Jo 4:34; 6:38-40; 10:10). A nossa culpa e merecida condenação caiu sobre Ele (Hb 2:10). O Filho de Deus não desceu ao lugar chamado inferno, mas os sofrimentos do inferno se fizeram presentes em Sua alma. O Pai retirou a Sua presença consoladora e derramou sobre Jesus a Sua ira divina punindo o nosso pecado nEle. As nossas iniqüidades estavam sobre o Filho, e a justa ira de Deus veio sobre o nosso pecado na cruz (Hb 2:10). Jesus tornou-se amaldiçoado em nosso lugar sobre o madeiro (2 Co 5:21).

A Confissão de Fé de Westminster declara que "aprouve a Deus em seu eterno propósito, escolher e ordenar o Senhor Jesus, seu Filho Unigênito, para ser o Mediador entre Deus e o homem, o Profeta, Sacerdote e Rei, o Cabeça e Salvador de sua Igreja, o Herdeiro de todas as coisas e o Juiz do Mundo; e deu-lhe desde toda a eternidade um povo para ser sua semente e para, no tempo devido, ser por ele remido, chamado, justificado, santificado e glorificado" (CFW VIII.1).

A justificação de Cristo sobre nós exige que tenhamos uma vida coerente com a Sua justiça. O apóstolo Pedro declara que “porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca; pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente, carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados” (1 Pe 2:21-24).

Este Jesus é pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se tornou a pedra angular. E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos (At 4:11-12).

05 dezembro 2007

Por que somos presbiterianos? - 8

Cremos que a causa da nossa salvação não depende das nossas virtudes pessoais, nem de qualquer esforço que envolva o merecimento conquistado pelas nossas virtudes. O único meio pelo qual o Espírito Santo aplica a salvação ao coração humano é a fé. Entretanto, deve ser lembrado que a é dom de Deus e não uma virtude humana (Rm 4:5; Ef 2:8-9; Fp 1:9). Mas, mesmo que ela fosse uma virtude humana ainda assim seria imperfeita, insuficiente e desmerecedora da graça de Deus. O Breve Catecismo de Westminster define este dom: fé em Jesus Cristo é uma graça salvadora, pela qual o recebemos e confiamos só nele para a salvação, como ele nos é oferecido no Evangelho (BCW perg/resp. 86).

A justificação é pela fé somente nas obras de Cristo. Ela é a causa instrumental da nossa salvação. Nenhum homem pode ser salvo, a não ser que creia na eficácia da expiação realizada por Cristo, confiando exclusivamente nele (Rm 1:17; Tt 3:4-7; 1 Jo 5:1). A justiça de Cristo que é imputada sobre nós nos concede, garante e mantém-nos aceitos na comunhão eterna de Deus.

A fé envolve toda a personalidade do indivíduo. Este dom divino move vivificando salvificamente o entendimento, a vontade e as emoções. Entendemos por fé, não um sentimento vago e infundado, ou uma mera credulidade (Hb 11:1-3); mas, ela é o dom do Espírito Santo, que é a capacidade crêr com um correto conhecimento, com uma firme convicção e confiança na Palavra de Deus que aponta para o senhorio de Cristo. Pela fé o eleito de Deus é convencido da culpa e do pecado, e se arrepende com real tristeza e, estende as mãos vazias para receber de Deus o perdão imerecido, descansando na suficiência da justiça de Cristo (Rm 5:1; Hb 11:6).

A verdadeira fé produz santas e boas obras que evidenciam a salvação e glorificam a Deus. A salvação é pela fé somente, mas a fé que salva nunca está sozinha. A fé salvadora produz amor prático ao próximo, santidade pessoal em obediência à Palavra de Deus. A Escritura Sagrada declara que "pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas" (Ef 2:10).

29 novembro 2007

Por que somos presbiterianos? - 7

Cremos que a salvação do homem não decorre de nenhum tipo de boas obras que venha a realizar, nem de alguma virtude ou mérito pessoal, mas sim do favor imerecido de Deus (Rm 3:20,24, 28; Ef 2:1-10). Em decorrência da Queda, todo ser humano nasce com uma natureza totalmente corrompida, de modo que não pode vir a agradar a Deus, a não ser pela ação soberana e eficaz do Espírito Santo, o único capaz de iluminar corações em trevas e convencer o homem do pecado, da culpa, da graça e da misericórdia de Deus em Cristo Jesus (Rm 3:19,20).

Todo ser humano em seu estado natural é escravo do pecado. O teólogo puritano Stephen Charnock observou que “todo pecado é uma espécie de amaldiçoar a Deus no coração. O homem tenta destruir e banir Deus do coração, não realmente, mas virtualmente; não na intenção consciente de cada iniqüidade, mas na natureza de cada pecado.”[1] A dureza de coração lhe é normal, por que ele está rígido como uma pedra (Ez 36:26-27).

O livre arbítrio perdeu-se com a Queda. A capacidade de agir contrário à própria natureza foi perdida com a escravidão do pecado. No início, Adão sendo santo foi capaz de escolher contrário à sua inclinação natural de perfeita santidade e, decidiu pecar. Tornando-se escravo do pecado, o primeiro homem livremente passou a agir de acordo com a escravidão dos desejos mais fortes da sua alma corrompida pela iniqüidade, e por si mesmo é incapaz de não pecar. Ele é livre, mas a sua liberdade é usada tendenciosamente para pecar de conformidade com os impulsos de sua inclinação para o pecado. Se ele for deixado para si mesmo, ele sempre agirá de acordo com a sua disposição interna, ou seja, naturalmente sempre escolherá pecar (Rm 1: 24-32; 3:9-18; 7:7-25; Gl 5:16-21; Ef 2:1-10).

A causa da nossa salvação é devido a ação da livre e soberana graça do nosso Deus. A Confissão de Fé de Westminster declara que "todos aqueles que Deus predestinou para a vida, e só esses, é ele servido, no tempo por ele determinado e aceito, chamar eficazmente pela sua palavra e pelo seu Espírito, tirando-os por Jesus Cristo daquele estado de pecado e morte em que estão por natureza, e transpondo-os para a graça e salvação. Isto ele o faz, iluminando os seus entendimentos espiritualmente a fim de compreenderem as coisas de Deus para a salvação, tirando-lhes os seus corações de pedra e dando lhes corações de carne, renovando as suas vontades e determinando-as pela sua onipotência para aquilo que é bom e atraindo-os eficazmente a Jesus Cristo, mas de maneira que eles vêm mui livremente, sendo para isso dispostos pela sua graça."[2]

Notas:
[1] Stephen Charnock, The Existence and the Attributes of God (Grand Rapids, Baker Books, 2000), vol. 1, pág. 93
[2] Confissão de Fé de Westminster, X.1

16 novembro 2007

Por que somos presbiterianos? - 6

A Igreja Presbiteriana possuí o seu sistema doutrinário centrado na Escritura Sagrada. Ela se preocupa em andar pautada e regulada pela Bíblia, que é a Palavra de Deus. Desde a Reforma do século 16 foi ensinada a doutrina da Sola Scriptura – ou seja, que a Escritura é a única fonte e regra de autoridade. Isto significa que a base da nossa doutrina, forma de governo, culto e práticas eclesiásticas não está no tradicionalismo, no racionalismo, no subjetivismo, no relativismo, no pragmatismo, ou no pluralismo, mas extraída e fundamentada somente na Escritura Sagrada, por que cremos que ela é a verdade absoluta revelando a vontade de Deus.

Cremos que a Palavra de Deus registrada no Antigo e no Novo Testamento, sendo escrita por autores humanos, foi inspirada por Deus (2 Tm 3:16) garantindo a sua inerrância, autoridade, suficiência e clareza. Absolutas verdades existem na mente de Deus, que através da revelação elas vêm à mente do escritor original, assim na inspiração esta revelação registra-se em Escritura: a Palavra de Deus em palavras humanas. Com a preservação dos manuscritos temos os textos atuais que precisam ser criteriosamente comparados para termos o que foi originalmente escrito pelos autores. Pela tradução obtemos as nossas versões que procuram transmitir fielmente o significado essencial do texto original. Por fim, através da interpretação a verdade chega a mente do leitor representando proposicionalmente a verdade original da mente de Deus.

As Escrituras são a autoridade suprema em que todas as questões doutrinárias e eclesiásticas devem ser decididas (Dt 4:2). Esta doutrina é importantíssima para a purificação da Igreja. Tudo o que nela não se lê, nem por ela se pode provar, não deve ser exigido de pessoa alguma que seja crido como artigo de Fé ou, julgado como exigência ou, necessário para a salvação. Na Bíblia o homem encontra tudo o que precisa saber, e tudo o que necessita fazer a fim de que seja salvo, e viva de modo agradável a Deus, servindo e adorando-O (2 Tm 3:16-17; 1 Jo 4:1; Ap 22:18). Somente a Escritura Sagrada é autoridade absoluta para definir as nossas convicções, porque apenas nela encontramos a verdadeira sabedoria do alto. Ela rege as nossas decisões e molda o nosso comportamento, como também determina a qualidade dos nossos relacionamentos.

07 novembro 2007

Orgulho: um perigo fatal

O orgulho é a disposição de mostrarmos uma condição superior àquilo que realmente somos. Por mais capazes que sejamos, nunca poderemos nos esquecer que Deus nos faz servos. Por isso, no Antigo Testamento a palavra hebraica para orgulho realça a altivez ilusória da pecador, e no Novo Testamento, a palavra grega refere-se ao engano de olhar por cima dos demais, considerando-se insensatamente superior aos outros.

Esta disposição transforma-se em pensamentos, motivações, sentimentos e finalmente concretiza-se em comportamento tolo. É interessante como este pecado é tão comum em todo ser humano, e ao mesmo tempo tão prazeiroso, e tão difícil de ser reconhecido em si mesmo. Mas, é precisamente por causa do próprio orgulho, é que ele se esconde, isso ocorre simplesmente porque somos motivados pelo sentimento de auto-preservação. O orgulho é sujo demais para aparecer manchando a nossa tão ilustre imagem! C.S. Lewis observa que “o orgulho é um câncer espiritual: devora toda possibilidade de amor, de contentamento ou até mesmo de senso comum.”[1]

O resultado final do pecado que ostenta, e que nos ilude com uma pseudo-elevação [altivez] será uma vergonhosa queda. Os efeitos do orgulho são: engano do coração (Jr 49:16); endurecimento da mente para a verdade (Dn 5:20); produção da inimizade (Pv 13:10); leva à auto-destruição (Pv 16:18; 2 Sm 17:23); esgota as energias, porque o esforço de manter o orgulho é demasiado difícil para ostentá-lo de forma permanente (Sl 131). A Palavra de Deus diz que Ele resiste ao soberbo (Tg 4:6).

A cura para o orgulho não está na maturidade obtida com os anos. A Escritura não recomenda que o neófito seja aceito na liderança da igreja para que não corra o perigo de tornar-se soberbo (1 Tm 3:6). Entretanto, a altivez não é vencida pelo acúmulo da experiência ou de conhecimento, mas, somente com o quebrantamento produzido pelo Espírito do Senhor. A Escritura Sagrada nos ordena que devemos nos humilhar na presença do Senhor, e ele nos exaltará (Tg 4:10). Noutro lugar, Tiago disse: “meus irmãos, não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que receberemos maior condenação” (Tg 3:1).

Aquele que é identificado como ostentando uma soberba visível deve ser repreendido com amor. O princípio é muito simples: quem não é humilde não pode ser imitador de Cristo (Jo 13:1-11). Não importa quanto tempo de membro de uma igreja local você tenha, se o orgulho é uma característica dominadora em seu caráter, ele está te desqualificado para ser servo dos servos do Senhor.

Notas:
[1] C.S. Lewis, Cristianismo Puro e Simples (São Paulo, Ed. ABU, 1997), 70

25 outubro 2007

Por que somos presbiterianos? - 5

O principal emblema teológico do presbiterianismo não é a sua eclesiologia [doutrina da Igreja], mas a sua teontologia [doutrina de Deus]. A doutrina da soberania é o centro da convicção presbiteriana. Todas as demais doutrinas são diretas ou por implicação resultado deste tema unificador. Héber C. de Campos observa que "o Deus que é pregado em muitos púlpitos e ensinado nas escolas dominicais, e lido em grande parte dos livros evangélicos, não passa de uma adaptação da divindade das Escrituras, uma ficção do sentimentalismo humano. Esse Deus, cuja vontade pode ser resistida, cujos desígnios podem ser frustrados e cujos propósitos podem ser derrotados, não é digno de nossa verdadeira adoração. De fato, esse não é o Deus das Escrituras."[1]

A soberania de Deus não anula a responsabilidade humana. W.E. Roberts de forma quase poética afirma esta verdade, declarando que "quanto mais claramente Deus é compreendido e a sua soberania reconhecida, tanto mais aceitáveis e obrigatórios se tornam os seguintes princípios: o homem é um ser livre, predestinado; a vida reta é um dever perpétuo estabelecido por Deus; a responsabilidade moral do homem foi preordenada pelo Espírito Divino; o juízo de Deus é inevitável e a libertação do castigo e da condenação só é possível mediante Jesus Cristo. A soberania, a lei e a justiça de Deus, em harmonia com a liberdade humana, fazem dos conceitos presbiterianos sobre o dever uma força moral austera e poderosa."[2]

Arminianismo num se aprende..., todo ser humano nasce arminiano! Entender e aceitar o Calvinismo é receber a graça que ofende o nosso orgulho, e repreende a desgraçada pretensão de ser livre [de Deus] e a estupidez de pensar que sou capaz de resistir ao soberano Senhor do universo, numa insensata e inútil crença de que "sou eu quem determina o meu futuro" e não o trino Deus!!! Concluir que o imperfeito, limitado, instável, insensato, confuso, ignorante, inábil, depravado e morto espiritualmente é capaz de frustrar o perfeito, infinito, imutável, sábio, onisciente e soberano Deus, é no mínimo não ter sequer noção de causação. O Arminianismo é uma tolice, se não bastasse ser antibíblico.

Creio que não é ofensivo ao meu Senhor Jesus quem/como deve ser batizado, nem quem/como se governa a igreja local [penso serem assuntos secundários ou periféricos em questão de doutrina, mas não menos importantes para a boa saúde da Igreja], mas entendo que é altamente ofensivo roubar a Sua glória de determinar a administração da Sua graça, bem como cheira blasfêmia dizer que o desgraçado pecador que é merecedor da mais intensa angústia do inferno, pretende ser superior em vontade à Ele.

Notas:
[1] Héber C. de Campos, O Ser de Deus e os seus Atributos (São Paulo, Ed. Cultura Cristã, 1999), p. 351
[2] W.E. Roberts, O Sistema Presbiteriano (São Paulo, Ed. Cultura Cristã, 3ªed., 2003), p. 28

21 setembro 2007

Por que somos presbiterianos? - 4

Cremos que o presbiterianismo não é meramente uma parte importante do Cristianismo. A fé reformada é um conjunto de verdades que formam um sistema que modela influentemente a vida dos presbiterianos. Este conjunto de doutrinas sistematizadas são chamadas de Calvinismo. Entretanto, não podemos cair no engano de pensar que ele é um sistema doutrinário útil somente para a religião. Calvinismo é uma cosmovisão! Ou seja, toda a nossa visão de mundo é definida pela nossa convicção bíblica. Isto significa que toda a nossa interpretação de cada experiência que temos com Deus, conosco, com o próximo e tudo o que existe é resultado das nossas convicções.

O Calvinismo é um sistema de vida tão completo que é suficiente para modelar cada esfera da sociedade. Quando falamos em Calvinismo não podemos nos limitar a pensar em religião. O teólogo e estadista holandês Abraham Kuyper palestrando na Univerdade Princeton declarou que "não há um só lugar no Universo, onde Cristo não possa colocar o seu dedo e dizer: 'isto é meu'". Tudo pertence a Deus e Ele soberanamente é Senhor sobre tudo, não apenas a nossa religião, mas a política, a economia, a ciência, a arte e todas as demais esferas da sociedade devem ser submetidas aos preceitos de Deus. Por isso, não podemos viver dois estilos de vida: uma enquanto crente e, outra como uma vida secular. Somos servos de Deus, e onde estivermos, em nossas atividades e relações devemos manifestar uma mentalidade calvinista.

Como um sistema de pensamento o Calvinismo tem forjado indivíduos com um estilo vigoroso de vida, como também tem modelado culturas inteiras. Todos os países que aderiram a Reforma no século 16, sem excessão, se tornaram grandes potências mundiais! Coincidência? Claro que não! O erudito alemão Marx Weber ficou tão impressionado em perceber esta verdade, que em sua obra "A ética protestante e o espírito do Capitalismo" descreveu como a convicção teológica dos calvinistas produziu o seu desenvolvimento social. Mas o Calvinismo somente prospera por causa da sua obediência ao ensino da Escritura Sagrada, que é aplicada a todas as necessidades do ser humano, debaixo da dependência do Senhor. A nossa preocupação não é apenas com a alma e a vida eterna, mas em suprir todas as necessidades do ser humano, oferecendo uma dignidade presente que o pecado rouba e que gera a miséria em todas as esferas da vida.

15 setembro 2007

Por que somos presbiterianos? - 3

"Eu sei em que tenho crido!" Esta deve ser a postura de todo membro presbiteriano. Para que esta convicção seja possível, temos diversos recursos para capacitar e treinar os nossos membros, como por exemplo, o discipulado, os grupos familiares, a classe de Catecúmenos, a Escola Dominical, estudos durante a semana de doutrina, literatura diversificada, sites, etc. Cada membro tem a oportunidade de conversar com o seu pastor e esclarecer as suas dúvidas.

Não somos uma denominação confusa, nem sem identidade. Desde o século 16, a nossa história tem testemunhado, em períodos, lugares e circunstâncias diferentes que o nosso Deus levantou servos zelosos e fiéis com a verdade e a pureza da Igreja para que lutassem pela fé que foi entregue aos santos (Jd vs.3). Somos Calvinistas. Entretanto, não podemos cair no erro de pensar que somos limitados ao ensino de um único homem. O reformador francês João Calvino nunca teve a intenção, nem permitiu que se criasse uma denominação com o seu nome. Mas, o seu nome foi emprestado à um sistema doutrinário que possuí características que diferem de outros sistemas doutrinários dentro do Cristianismo. Calvinismo é o sistema que "repousa sobre uma profunda apreensão de Deus em Sua majestade, com a inevitável e estimulante realização da exata natureza da relação que Ele sustenta na criação como ela é, e em particular, na criatura pecadora. Aquele que crê em Deus sem reservas, está determinado a deixar que Deus seja Deus em todos os seus pensamentos, sentimentos e volições - em inteiro compasso das suas atividades vitais, intelectuais, morais e espirituais, através de suas relações pessoais, sociais e religiosas" (B.B. Warfield, Calvin and Calvinism in: Works, vol. 5, pp. 354).

A nossa liderança não pode instruir os seus membros conforme as suas predileções pessoais, nem movidos pela moda doutrinária do momento. O nosso princípio básico orientador é: a Escritura Sagrada é a nossa única regra de fé e prática. Os pastores e presbíteros devem ser fiéis ao sistema doutrinário e governo presbiteriano. O direito que a Igreja Presbiteriana do Brasil tem de determinar as qualificações dos candidatos a cargos eclesiásticos e de requerer-lhes fidelidade é constitucional, moral e bíblico. Por isso, quando alguém anseia tornar-se um ministro ou oficial presbiteriano, ele deve prestrar solene juramento público, requerendo-lhe conhecimento, entendimento, obediência e compromisso com a nossa identidade reformada.

A família presbiteriana e reformada no mundo está unida pela adoção dos padrões doutrinários de Westminster. Entre 1643 à 1646, se reuniu em Londres a Assembléia de Westminster, que foi um grupo com mais de 120 teólogos e líderes que vieram de diversas partes do Reino Unido (Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda) e visitantes de outros países de confissão Calvinista. Este grupo dividiu-se em comissões e travaram em minunciosos debates, produzindo documentos doutrinários coerentes, precisos, concisos e vigorosos. Estes textos são conhecidos como os Padrões de Westminster: a Confissão de Fé e Catecismos Breve e Maior. Estes livros são usados como referência confessional, recurso de discipulado, treinamento de novos membros e devocional para o culto doméstico, em que cada família pode nutrir o seu lar com sã doutrina.

Além dos textos originais algumas sugestões de leituras adicionais poderão auxiliar o estudo dos nossos Padrões Doutrinários. Estes são comentários expositivos dos símbolos de Westminster publicados pela Editora Os Puritanos:
1. A.A. Hodge, Confissão de Fé de Westminster Comentada, págs. 596;
2. Johannes G. Vos, Catecismo Maior de Westminster Comentado, págs. 656;
3. Leonard T. van Horn, Estudos no Breve Catecismo de Westminster, págs. 198.

Aqueles que desejarem realizar um estudo do nosso sistema de doutrina pode adquirir bons livros da nossa Editora Cultura Cristã ou da Editora Os Puritanos. Sugiro o acesso ao site calvinista: http://www.monergismo.com/ .

13 setembro 2007

Meu protesto contra a decisão do Senado

Não dá prá agüentar a desenfreada, estúpida e descarada corrupção que a política brasileira promove. É simplesmente revoltante ter que assistir a absolvição de Renan Calheiros (PMDB-AL), diante de tantas evidências, das mais absurdas até as mais hilárias.

Se quiserem é possível ler e assistir a bisonhice da imoralidade. Infelizmente, diante deste ato político, tenho que engulir a vergonhosa acusação de que o nosso Brasil, é o país da impunidade.

Minha oração é que o Senhor Deus tenha misericórdia do nosso país!

05 setembro 2007

Por que somos presbiterianos? - 2

A fiel pregação da Palavra sempre foi uma expressiva característica das Igrejas herdeiras da Reforma do século 16. Por isso, o culto presbiteriano estrutura-se com sólida base nas Escrituras, cheio de interpolações da Escritura [leitura, cânticos e hinos, exposição, etc.], e para a pregação da Escritura. Deus deve falar com o Seu povo, enquanto este O adora com sincera devoção.

Manejar bem a Palavra da verdade tem sido uma referência dos crentes presbiterianos. Temos como alvo o preparo para sabermos dar razão da nossa fé! Os novos movimentos de doutrina, que vêm e vão, e deixam estragos nas igrejas evangélicas, pouco afetam o nosso meio, pois todo ensino estranho à Escritura é rejeitado e abominado com vigor. Olhamos com desconfiança e cautela o espírito de inovação e modismo, todavia, reconhecemos a necessidade de discernir os tempos e aceitar as mudanças necessárias, sem abandonar a nossa essência. Cremos que podemos ter unidade no essencial, liberdade no não-essencial e amor em tudo.

Mantemos a boa preocupação de termos pastores teologicamente bem treinados. Homens com vida piedosa e conhecimento que com amor e zelo, pastoreiem o rebanho de Cristo. Esperamos no Senhor o cumprimento da promessa de que "dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com conhecimento e com inteligência" (Jr 3:15). Pastores que saibam aplicar as Escrituras à todas as questões da vida com profundidade, coerência e fidelidade. Saibam nutrir as ovelhas, e não se preocupem em entreter os bodes.

A Escritura deve ser corretamente manejada com as mãos, entendida com a mente e guardada no coração. O nosso tema é: a única regra de fé e prática é a Escritura. A Palavra de Deus instruí todas as coisas necessárias para a salvação. Assim, tudo o que nela não se lê, nem por ela se pode provar, não deve ser exigido de pessoa alguma que seja crido como artigo de fé ou julgado como exigido ou necessário para a salvação. Cremos que somente a Escritura Sagrada é autoridade absoluta, definindo as nossas convicções doutrinárias, pois é onde encontramos a verdadeira sabedoria que rege as nossas decisões, e molda o nosso comportamento, como também determina a qualidade dos nossos relacionamentos. Somente obedecendo a Escritura Sagrada poderemos glorificar a Deus.

19 agosto 2007

Nasceu o João Marcos!

Completas as 39 semanas nasceu o nosso filho, João Marcos Pereira Tokashiki. Graças a Deus ele é saudável, é um lindo garoto loirinho e com leves traços nipônicos. Estamos muito felizes e sabemos que ele é filho da Aliança. Em breve estaremos consagrando este pequenino pelo batismo e confirmando a sua participação na comunidade pactual com o Senhor Deus.

10 agosto 2007

Por que somos presbiterianos?

Neste mês, nós presbiterianos brasileiros, estamos comemorando 148 anos. O primeiro missionário presbiteriano, Rev. Ashbel Green Simonton deixou os EUA, em 18 de Junho de 1859,
embarcando no navio “Banshee” rumo ao Brasil. Chegou ao Rio de Janeiro, em 12 de Agosto de 1859, com 27 anos de idade. Em 9 de Dezembro de 1867, o Rev. Simonton morreu em São Paulo de febre amarela (?) aos 34 anos, deixando implantado em nosso amado país, a semente do evangelho de Cristo e o início da Reforma protestante.

Estudaremos a partir de hoje em nossos boletins algumas informações teológicas e históricas respondendo à questão: por quê somos presbiterianos?

O nosso sistema de governo presbiteriano significa que somos regidos pelos presbíteros. Não somos congregacionais (onde todos decidem pelo voto direto), nem episcopais (onde apenas um superior decide sobre os demais), mas somos uma igreja democrática que é representada pelos presbíteros escolhidos pela igreja local. A base do nosso governo é que o concílio é soberano.

Estes são os princípios doutrinários do nosso sistema de governo: 1) Cristo é a Cabeça da sua Igreja e a Fonte de toda a sua autoridade. Esta autoridade encontra-se escrita na Escritura, de modo que, todos têm acesso ao seu conhecimento. 2) Todos os crentes devem estar unidos entre si e ligados diretamente a Cristo, assim como os diversos membros de um corpo, que se subordinam à direção da cabeça espiritual. 3) Cristo exerce a sua autoridade em sua Igreja, por meio da Palavra de Deus e do seu Espírito. 4) O próprio Cristo determinou a natureza do governo da sua Igreja. 5) Cristo dotou tanto os membros comuns como aos oficiais da sua Igreja com autoridade, sendo que os oficiais receberam adicional autoridade, como é requisito para realização dos seus respectivos deveres. 6) Cristo estabeleceu apóstolos como os seus substitutos, entretanto, eram de caráter transitório. O ofício apostólico cessou, mas a sua autoridade é preservada pelos seus escritos, isto é, o Novo Testamento. 7) Cristo providenciou para o específico exercício da autoridade por meio de representantes (os presbíteros), a quem separou para zelar da preservação da sã doutrina, fiel adoração e disciplina na Igreja. Os presbíteros têm a responsabilidade permanente de pastorear a Igreja de Cristo. 8) A pluralidade de presbíteros numa igreja local é a liderança permanente até a segunda vinda de Cristo.

06 agosto 2007

Sofrimento providencial

Hoje completa 62 anos da explosão da bomba atômica na cidade de Hiroshima. A Little Boy (garotinho) foi lançada sobre a cidade na manhã do dia 6 de agosto de 1945, a sua potência correspondia a 20 mil toneladas de dinamite. A explosão provocou um calor de cerca de 5,5 milhões de graus centígrados, similar à temperatura do Sol.

O bombardeio matou instantaneamente cerca de 130 mil pessoas. Uma das maiores cidades do Japão, tinha na época cerca de 325 mil habitantes. Prédios sumiram com a vegetação, transformando a cidade num deserto. Numa distância de 2 km, a partir da área sobre a qual a bomba explodiu, a destruição foi total. Milhares de pessoas foram literalmente desintegradas. A bomba também afetou seriamente a saúde de outros milhares de sobreviventes. A grande maioria das vítimas era formada pela população civil, que nada tinha a ver com a guerra. Apenas três dias depois, em 9 de agosto de 1945, a cidade de Nagasaki também foi atacada com uma bomba atômica, mais uma vez, os americanos batizaram-na com ironia: Fat Man (gordo). Esta última matou cerca de 70 mil pessoas e deixou mais 25 mil feridas. O mundo aprendeu uma dolorosa lição!

Sei que, apesar de tanto sofrimento e destruição, Deus estava no controle. Ele dirigiu a vida de milhares de japoneses que sairam do Japão, e muitos vieram para o Brasil. Os meus avós fugindo do horror da guerra estavam no navio. O meu avô Naokiti Tokashiki veio da região de Okinawa e, a minha avó Itoko Nagasawa era da cidade de Tóquio. Dos meus parentes que vieram, somente um está vivo, o meu tio-avô Yoshitomi Nagasawa, irmão caçula da minha avó. Tenho muitos tios e primos que descendem da união destas duas famílias.

O meu pai, Kazunoske Tokashiki, é o segundo filho mais novo entre sete irmãos. Minha mãe, Leni é goiana, que conheceu o meu pai, em Dom Aquino-MT, onde nasci; e desta união, sou o filho do meio. Dentro do plano de Deus nasci neste país que amo, os meus avós mudaram-se para cá motivados pela guerra, e assim, segundo a vontade do Senhor encontraram outro lar que os acolheu, onde os seus descendentes estão nascendo e guardando com carinho a sua memória. A minha filha Rebeca Pereira Tokashiki, apesar de ser loira e ter olhos azuís, possuí leves traços nipônicos, e diga-se de passagem, bem mais do que eu.

A minha família sabe o que significa quando a Escritura Sagrada diz que: vós, na verdade, intentaste o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se preserve muita gente com vida (Gênesis 50:20).

03 agosto 2007

Ser um crente de oração

Os judeus no tempo de Jesus tinham vários horários prescritos para a oração diária. Mas, apesar de orarem, várias vezes no dia, e especialmente em lugares públicos, não foram reconhecidos como homens de oração! O Senhor Jesus que conhece os segredos e motivações dos corações reprovou a oração ritualística dos seus contemporâneos (Mt 6:1; 23:14; Lc 18:11-12). Faltava-lhes algo importante: a humildade e sinceridade diante Deus.

Sabemos que os primeiros cristãos eram pessoas de oração (At 2:42). Muitas vezes, Paulo recomendou que os seus leitores se dedicassem à oração (Rm 12:12; Fp 4:6; Cl 4:2; 1 Ts 5:17), e ele mesmo confessou a Timóteo que orava pelo jovem pastor "dia e noite" (2 Tm 1:3). Os servos de Deus no primeiro século eram conscientes de sua absoluta dependência da providência de Deus. O próprio Senhor Jesus os advertiu dizendo "porque sem mim nada podeis fazer" (Jo 15:5b).

Poucos crentes conhecem profundamente os benefícios da oração. A prova disto é o número de pessoas que freqüentam as reuniões de oração. Quão poucos são os que compartilham as suas vitórias e respostas que Deus responde. Agoniam-se para buscar a Deus em momentos de desespero, calamidades, angústias, mas passados estes períodos esfriam e abandonam o fervor! Esta falta de constância adoece a longo prazo, pois cria um comportamento de relação por necessidade e não de amor. Parece que buscam a Deus para usá-Lo e, depois descartam porque o problema foi resolvido.

A oração é um relacionamento que deve ser diário. O casamento não é algo esporádico, em que você vai visitar o seu cônjuge de vez em quando, e quando sente saudade fala com ele! É convívio ininterrupto, mesmo à distância, porque são pessoas que se relacionam pelo coração. Do mesmo modo o nosso relacionamento com o Senhor. Não podemos apenas reconhecer que o Espírito Santo habita em nós, e ignorá-Lo no nosso dia à dia, como se fôssemos ateus! O nosso amor pelo nosso Salvador carece de uma dinâmica de convívio.

26 julho 2007

Quem eram os puritanos?

O Puritanismo foi um movimento que surgiu dentro do protestantismo britânico no final do século 16. A Inglaterra estava separada da submissão papal, mas não da doutrina, liturgia, e ética católica. O rei inglês Henrique VIII por motivos pessoais, e não por convicção teológica liderou uma reforma política no Reino Unido (Inglaterra, Escócia, Irlanda e País de Gales) que defendia o rompimento com a Igreja Católica Romana, vindo a originar-se a Igreja Anglicana. O monarca inglês faleceu e o seu filho, Eduardo VI, tornou-se rei em seu lugar. O jovem regente inglês possuía conselheiros influenciados pela Reforma protestante. Alguns teólogos e professores foram convidados para liderar a Reforma na Inglaterra. Entretanto, este projeto não foi adiante, pois o novo rei veio a falecer prematuramente. A sua irmã mais velha, Maria Tudor, a sangüinária, assumiu o trono ordenando a morte de todos os protestantes, prendendo e expulsando muitos outros do Reino Unido.

Em 1559, Elizabeth sucedeu à sua meia-irmã Maria Tudor. A nova rainha da Inglaterra era simpatizante da Reforma. Ainda em 1559, solicitou a revisão do Livro Comum de Oração, e editou em 1562, os 39 Artigos de Fé[1] como padrão doutrinário da Igreja Anglicana.[2] Autorizou a volta dos reformadores ingleses exilados. Todavia, os que retornaram estavam insatisfeitos com a lenta e parcial Reforma eclesiástica que Elizabeth estava realizando. Justo L. González comenta que os que foram expulsos “trouxeram consigo fortes convicções calvinistas, de modo que o Calvinismo se estendeu por todo o país.”[3] Eles haviam contemplado o que os princípios da Reforma poderiam fazer em outros países, agora estavam comprometidos em aplicá-los em sua terra natal.

Os que defendiam que a Igreja Anglicana carecia duma completa Reforma foram apelidados jocosamente de "puritanos". De fato, os puritanos acreditavam que a igreja inglesa necessitava ser purificada dos resquícios do romanismo. Eles clamavam por pureza teológica, litúrgica, e moral! Henrique VIII embora discordasse da Igreja Católica acerca dos seus divórcios, ele morreu sustentando o título de Defensor da fé Católica. Mas, os puritanos também ansiavam por mudanças litúrgicas, pois, mesmo a Inglaterra se declarando protestante, a missa ainda era rezada em latim, eram usadas as vestimentas clericais, velas nos altares, e o calendário litúrgico e as imagens de santos eram preservadas. Era uma incoerente ofensa aos reformadores ingleses.

A começar pela liderança da Igreja, a prática do evangelho não estava sendo observada. Os puritanos exigiam não apenas mudanças externas, religiosas e políticas, mas mudança de valores, manifesto numa ética que agradasse a Deus, de conformidade com a Palavra de Deus. Foi por causa deste último ponto que o apelido puritano tornou-se mais conhecido. Eles eram considerados puros demais, porque queriam ter uma vida cristã coerente com a Escritura!Infelizmente, uma caricatura horrível é feita deste movimento. Não poucas vezes os puritanos são criticados e mencionados com desdenho; entretanto, isto apenas evidencia a ignorância acerca da grandiosidade da obra e esforço destes homens e mulheres. Muitos perderam a sua vida por serem zelosos com o estudo e ensino das Escrituras Sagradas, por viver consistentemente o puro evangelho de Cristo![4]

O presbiterianismo é herdeiro direto deste movimento. Os Padrões de Fé de Westminster são produto da melhor erudição e piedade puritana do século 17. Os presbiterianos que migraram para os EUA, eram todos puritanos. A oração fervorosa, o culto sóbrio e equilibrado, o estudo da Escritura e a pregação da Palavra de Deus, tanto pelo ensino como pela prática de uma vida simples, eram marcas que distinguiam estes homens, que influenciaram o Cristianismo europeu e norte-americano, e que chegou até ao Brasil, através do missionário Rev. Ashbel G. Simonton.

Notas:
[1] Este documento doutrinário é essencialmente calvinista. Os 39 Artigos de Fé serviram para preparar a abertura de um processo de divulgação do Calvinismo na Igreja Anglicana que culminaria na Assembléia de Westminster (1643-1648), que produziu a Confissão de Fé e os Catecismos Breve e Maior. B.B. Warfield, Studies in Theology in: The Works of. B.B. Warfield, pp. 483-511.
[2] A maioria dos clérigos anglicanos relutam, ainda hoje, em adotar uma posição de consistência teologicamente calvinista. Em geral, os teólogos anglicanos adotam a Via Media, ou seja, eles tentam conciliar a teologia romana com a protestante, e formar um sistema doutrinário sincretista. Veja E.A. Litton, Introduction to Dogmatic Theology (London, James Clark &CO, LTD, 3ªed., 1960), pág. xi-xv. A liturgia anglicana ainda segue o The Book of Common Prayer (Livro Comum de Oração), embora dentro da Comunhão Anglicana cada Província é livre para alterar e adaptá-lo.
[3] Justo González, Visão Panorâmica da História da Igreja (São Paulo, Ed. Vida Nova, 1998), p. 70.
[4] Leitura indispensável sobre este movimento são as obras:
1. D.M. Lloyd-Jones, Os Puritanos - suas origens e seus sucessores (PES).
2. J.I. Packer, Entre os Gigantes de Deus - uma visão puritana da vida cristã (Editora Fiel).
3. Leland Ryken, Santos no Mundo - os puritanos como realmente eram (Editora Fiel).

30 junho 2007

O que você está fazendo?

Por quê não desenvolvemos mais? Por quê não crescemos mais? Por quê não nos estruturamos melhor? Por quê ainda não trocamos os bancos da nossa igreja? Por quê não abrimos novas congregações em PVH? Por quê não terminamos a construção do prédio de educação cristã? Por quê não começamos ainda a "projetar" a construção dum novo templo? Não é por falta de inicitava do Conselho, ou simplesmente por problemas financeiros. Estas perguntas tem a sua resposta no modo como cada um de nós participa da igreja.

Estamos vivendo um período de paz. Mas, quietude não significa prosperidade. O fato de não termos grandes conflitos externos de relacionamentos não significa que estamos progredindo. Acomodar é preparar-se para novos problemas! Não basta resolver ou amenizar as dificuldades que até aqui passamos. Se agora não nos prepararmos com objetivos definidos e não pensarmos como uma só mente e convergirmos as nossas forças no trabalho que necessita ser realizado, estaremos arando o terreno para que o inimigo semeie contenda. Pois "mente desocupada é oficina do diabo"!

Você faz parte deste corpo? Você se importa com a nossa igreja? Quer o seu bem estar e crescimento? Então, envolva-se! Primeiro, procure entender quem somos (veja no site www.ipportovelho.com); segundo, identifique-se e entre em alguma sociedade e ministério; terceiro, conheça os nossos projetos; quarto, seja fiel na sua contribuição de dízimos e ofertas; quinto, se você ainda não é membro converse com o pastor; sexto, se você participa de algum cargo, sociedade ou ministério, faça o melhor para a glória de Deus; sétimo, participe das reuniões e dê sugestões!

Existem muitas necessidades que precisam ser supridas! Carecemos de novos líderes treinados, mais discipuladores, aumentar a nossa arrecadação, programas de evangelização, ampliação dos ministérios e de um pastor auxiliar. Todas estas coisas exigem tempo e compromisso da unidade do corpo. Por isso, tem muita coisa para ser feita. Por exemplo, estamos reestruturando a nossa Escola Dominical e os grupos familiares. Estamos ampliando o número de discipuladores e precisamos de mais ainda! Treinamentos para liderança e para toda a nossa comunidade é oferecido todo fim de mês (veja o mural e programe-se). Você precisa urgentemente saber quem somos, o que estamos fazendo, e aonde estamos indo! Não cruze os braços. Se você quer que Deus faça grandes coisas, realize coisas grandes para Ele também, e espere os resultados!

02 junho 2007

O que ensinar aos filhos?

Deus nos dá um filho com a responsabilidade de prepará-lo para a vida. Mas, infelizmente muitos pais se preocupam em treinar os seus filhos apenas oferecendo-lhes uma boa educação escolar. Entretanto, esquecem, ou não percebem que além deste cuidado devem se esmerar em prover aos seus filhos um ensino que a sala de aula não se propõe a dar. Embora sabemos que existam professores que são realmente mestres convictos do seu chamado e não meros profissionais da educação, não podemos transferir para eles a responsabilidade de educar para uma vida aprovada por Deus.

O que devemos ensinar aos nossos filhos? Em primeiro lugar, ensine-os que eles nunca poderão esquecer o temor do Senhor. Os seus filhos são herdeiros das promessas da Aliança de Deus contigo. Eles devem ser lembrados disto todos os dias! Esta verdade deve fluir em suas orações, no culto doméstico, na conversa em família, na correção, na busca por solução dos conflitos e problemas: Deus nos ama porque tem uma Aliança conosco, e vocês são filhos da promessa. Os nossos filhos devem saber que o nosso Deus é soberano. Somos responsáveis por tudo o que fazemos, e Ele exige obediência incondicional à Sua santa Palavra. O supremo Deus está no controle sobre cada detalhe e em cada momento da nossa vida. As nossas crianças poderão crescer confiando na fidelidade do Senhor, pois mesmo quando coisas tristes e dolorosas acontecerem na família, eles deverão saber que Deus não deixou de nos amar, mas tudo estará cooperando para o nosso bem, porque Ele tem um amoroso propósito em nossa vida. Os nossos herdeiros com este ensino deverão estar preparados contra a incredulidade e amargura deste mundo tão perigoso. Desde pequeninos os nossos filhos deverão saber que Jesus nos quer bem.

Não podemos omitir aos nossos filhos a consciência de que eles são pecadores. O orgulho é o principal pecado que deverão travar uma batalha ferrenha durante toda a sua vida! Deverão aprender a confessar todos os seus vergonhosos pecados, com tristeza e decisão sincera de abandoná-lo. Os nossos filhos necessitam conhecer o que a Escritura diz do perigo do pecado em suas vidas. O seu maior temor nesta vida deverá ser pecar contra Deus. A iniqüidade deverá causar pavor em seus corações, pois pecar é desobedecer ao santo e justo Deus. Como pais precisamos orar para que os nossos filhos aprendam esta lição do modo menos doloroso possível.

Alimentar-se com a intimidade do Senhor é a uma das maiores riquezas que um servo pode aprender em sua vida. Os nossos filhos devem saber que a oração não é um ritual mecânico, pelo contrário, é a necessidade de se relacionar com o amado Deus. Conversar com Deus sabendo que Ele sempre aceita e ouve cada real necessidade que nos aflige. Ele sabe tudo o que está em nosso coração. Mas, Ele deseja o nosso relacionamento não apenas as nossas palavras. Não podemos modificar os planos de Deus com as nossas orações, mas somos transformados quando e enquanto oramos, porque Ele manifesta o Seu sábio poder para realizar o melhor segundo a Sua soberana vontade. O correto estudo da Palavra de Deus e a comunhão com o povo de Deus vacinarão os nossos filhos da sedução deste mundo.

Toda a nossa vida não deve ser guiada por interesses egoístas, por isso, os nosso filhos precisam saber que "nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si mesmo. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor" (Rm 14:7-8). Se nossos filhos forem alcançados pela misericórdia de Deus, isto será motivo de grande alegria. Mas, se além de salvos eles souberem viver uma vida cristã que em tudo honre ao Senhor e proveitosamente sirvam à Igreja de Cristo, a nossa alegria como pais será completa.

25 maio 2007

Quando perdemos alguém que amamos!

A morte é algo extremamente doloroso. Mesmo quando alguém morre em Cristo, e nisto temos a certeza de que nos veremos novamente no futuro, o consolo na dor somente vem do Senhor. Nem por isso a separação física se torna menos angustiante. O Rev. Nelson Lautert declarou que "a morte é sempre uma intervenção radical na vida, algo antinatural, que faz parar, que confronta a pessoa com a sua própria história e a coloca nua diante do seu Criador" (Revista Ultimato, jan-fev, 1999, p. 17). A pedagogia da morte nos ensina que: "o SENHOR nos deu, o SENHOR nos tomou; bendito seja o nome do SENHOR"(Jó 1:21b). Por isso, abrace, beije e dê flores, troque presentes e crie momentos que se tornarão em memoriais para todos. O pregador de Eclesiastes afirma enfaticamente que esta vida é tão passageira e, às vezes, não nos damos conta disso (Ec 3:20).

Perder é muito mais do que morrer. A morte é uma separação física, entretanto, a amargura e a inimizade produzem uma separação de relacionamentos. A ausência do abandono deixa um vazio insubstituível. A pior perda num relacionamento é quando perdemos o coração de quem se ama. Mas, infelizmente, algumas pessoas somente valorizam quando não têm mais. Mas, o perdão e o restruturar do relacionamento, cheios da misericórdia de Deus, podem restaurar o amor. Esta é a única perca que pode ser restituída. Entretanto, ela começa com humildade e arrependimento, e por fim produz felicidade e vida abundante.

Outra forma dolorosa de se perder alguém que amamos é pela enfermidade. Sabemos histórias de pessoas que desenvolveram enfermidades mentais que lhes anularam a personalidade. Conta-se que num hospital um jovem enfermeiro começou a perceber uma assídua visita de um senhor idoso. Então, o enfermeiro abordou o senhor e lhe perguntou quem ele tanto zelosamente ia ver todos os dias. A resposta daquele homem foi: "minha esposa". "O que ela tem", questionou o enfermeiro. Simpático, o senhor respondeu: "mal de alzaimer" (*uma doença que produz esquecimento). Admirado o enfermeiro insiste, e pergunta: "porque o senhor vem vê-la todos os dias se ela não se lembra de quem o senhor é?" A experiência havia capacitado o idoso a responder com sabedoria: "meu jovem, eu amo a minha esposa, mesmo que ela não se lembre disto. Entretanto, não procuro mais o reconhecimento da minha dedicação por ela, mas demonstrar a minha gratidão por ela. Não a amo por causa da sua limitação mental, mas sofro por causa disto; porém, a amo por tudo o que ela foi, e fez e significa para mim! Ela não é um peso em minha vida. Venho todos os dias porque sinto saudades dela, mesmo estando ao seu lado. Quando jovem, prometi que estaria ao seu lado até que a morte nos separasse."

19 maio 2007

Maldições hereditárias ou pecado pessoal?

Há alguns anos o meio evangélico têm se contaminado com uma perniciosa doutrina. Este ensino diz que: "apesar de você ter Jesus como o seu Salvador, e ser salvo, é possível que existam maldições hereditárias, ou seja, maldições por causa dos pecados de algum antepassado que não tenham sido perdoados, e que conseqüentemente, ainda recaem sobre a sua vida". Então, com esta doutrina se conclui que "por isso, você não é abençoado, não prosperá, e por causa disso você tem doenças e males que não consegue se livrar, apesar de ser salvo". Usam como base bíblica, geralmente, a passagem em que Deus declara que "visito a iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem" (Êx 20:5). A Bíblia mal interpretada é a mãe das heresias! Esta ameaça pronunciada por Deus se refere aos que não eram salvos, e permaneciam na idolatria, desprezando ao único Deus vivo e verdadeiro. O Senhor não está declarando que apesar de convertidos Ele ainda assim persistirá em amaldiçoar por causa dos pecados dos pais! A maldição é para aqueles que aborrecem ao Senhor, e não sobre os que o amam; porque sobre os que amam o Senhor, a misericórdia perdurará até mil gerações! (Keil & Delitzsch, Biblical Commentary on the Old Testament, pp. 117-118).

É verdade que alguns textos nas Escrituras declaram que o pecado dos pais têm influência sobre a vida dos seus filhos (Lv 26:39; Is 55:7; Jr 16:11; Dn 9:16; Am 7:17). Mas, isto deve ser bem entendido, pois não é uma referência à maldição hereditária, mas à persistência dos filhos de não abandonar os pecados dos pais. Sendo fiéis ao contexto histórico de toda a narrativa, perceberemos que estas passagens são exortações ao arrependimento, porque a punição era por pecados que tiveram origem nos pais, ou antepassados mais remotos, mas eram pecados ainda perpetuados e praticados por eles mesmos. Nisto percebemos que o cultivo duma cultura familiar corrompida por vícios, idolatria e imoralidades, pecados que são cometidos em família, ensinados pelos pais aos filhos trará a ausência das bençãos pactuais de Deus, mas, cada um será responsável por si, e enquanto não houver verdadeiro arrependimento não haverá transformação.

Desde o Antigo Testamento esta idéia se fazia presente no meio do povo de Israel. O profeta Ezequiel denuncia o pecado do povo por acreditar "que tendes vós, vós que, acerca da terra de Israel, proferis este provérbio, dizendo: os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram?" (Ez 18:2). Entretanto, após a repreensão segue a intrução do Senhor dizendo: "tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, jamais direis este provérbio em Israel. Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá (Ez 18:3-4). A argumentação do profeta continua em todo o contexto posterior, deixando bem claro que cada um é responsável pelos seus próprios pecados, e não será o filho punido por causa do pai, nem o pai por causa do filho (versos 5-22).

Os discípulos de Cristo necessitaram ser corrigidos deste erro. Numa certa ocasião encontraram um jovem cego de nascença, e questionaram: "mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?" (Jo 9:2). A redundante resposta de Jesus fechou o assunto, ao dizer que: "nem ele pecou, nem os seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus" (vs. 3). Os males físicos e temporais são instrumentos da providência de Deus, para que a Sua glória se manifeste no meio do Seu povo escolhido, e assim, a Sua vontade se torne conhecida (Jo:9:35-39; Rm 8:28).

Quando os verdadeiros crentes caem em pecado, mesmo pecados graves e escandalosos, eles não são abandonados por Deus. Deus nunca desiste deles (Rm 8:31-39). Como um Pai restaura os seus filhos, os disciplina “porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige? Mas, se estais sem correção, de que todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos”(Hb 12:6, ARA). O apóstolo Paulo afirma esta mesma verdade dizendo que “quando, porém, somos julgados pelo Senhor, estamos sendo disciplinados para que não sejamos condenados com o mundo” (1 Co 11:32). É possível cair em pecado, mas é impossível cair da graça de Deus. O teólogo inglês J.I. Packer declara que "às vezes, os regenerados apostatam e caem em grave pecado. Mas nisto eles agem fora de seu caráter, violentam sua própria nova natureza e fazem-se profundamente miseráveis, até que finalmente buscam e encontram sua restauração à vida de retidão. Ao rever sua falta, ela lhes parece ter sido loucura."[Teologia Concisa, p. 224]. O pecado é corrigido individualmente.

Como individualmente pecamos, também somos chamados ao arrependimento! Não posso me arrepender por outra pessoa; entretanto, devo interceder por ela, se ela estiver viva. Não é possível pedir perdão pelos pecados dos meus filhos, nem irmãos, pais, avós ou qualquer outro antepassado. Pecado é confessado, e somente é perdoado pessoalmente. A Bíblia diz que as bençãos da Aliança acompanharão os nossos filhos, pois eles são filhos da promessa. Se você é filho de Deus, você é co-herdeiro com Cristo Jesus do amor de Deus (Rm 8:16-17), e esta é uma promessa para os seus filhos (At 2:39). Mas a Palavra de Deus não ensina que os nossos pecados serão cobrados dos nossos descendentes. Deus haveria de puní-los por uma irresponsabilidade nossa? A doutrina da maldição hereditária nega tanto a suficiência de Cristo, em perdoar graciosamente os nossos pecados, como a fidelidade de Deus em cumprir as Suas promessas.

Recomendo para uma leitura posterior:
1. David Powlison, Confrontos de Poder (Editora Cultura Cristã).
2. Augustus Nicodemus Lopes, Batalha Espiritual (Editora Cultura Cristã).

12 maio 2007

A responsabilidade dos pais

Muitos pais dão muito aos seus filhos, menos a si mesmos. A vida pós-moderna é cheia de atividades e compromissos. Quanto mais lutamos para ter tempo, mais nos afundamos em serviços e assumimos outras responsabilidades. A nossa ausência do lar não pode ser recompensada com presentes. A presença dos pais na vida da criança é um presente insubstituível! A falta de atenção gera carência, que provavelmente produzirá problemas futuros. Entretanto, podemos conversar e organizar o nosso tempo, e um período na semana para desfrutarmos com toda a família. Além do domingo, que é o Dia do Senhor, que passamos em família, precisamos tirar um período para atividades com/para a família.

Muitos pais se preocupam em garantir aos seus filhos o melhor estudo possível. Entretanto, a melhor educação para a vida é omitida. O erudito pastor presbiteriano Donald G. Barnhouse disse que "é muito maior negligência dos pais deixar uma criança crescer sem Cristo do que deixá-la crescer analfabeta." As crianças têm mais necessidade de modelos do que de críticos. Por isso, os pais necessitam pelas suas vidas demonstrar como eles devem amar ao Senhor Jesus. Ensina-se a fazer, fazendo. Geralmente, os pais se preocupam em ensinar, ou pagam para que alguém eduque os seus filhos, como eles podem ganhar dinheiro e serem bem sucedidos nesta sociedade competitiva. Mas, ignoram, ou esquecem de que dinheiro não é sinônimo de felicidade. Devemos preparar os nossos filhos para que saibam viver na sociedade, tenham o seu sustento honesto, formem as suas famílias, sejam cidadãos exemplares, e que em tudo isto tenham o temor de Deus regendo a sua vida. Sem Cristo não há educação aprovada por Deus.

Há pouca esperança para as crianças educadas de maneira ímpia. Um lar onde tudo é permitido é um lar onde não se ama o suficiente para se exercer a autoridade conferida por Cristo. Pais cristãos não podem impor sobre os seus filhos a crueldade de permitir-lhes fazerem tudo o que quiserem. Pois, um dos maiores meios de graça na vida de uma criança é o cumprimento bíblico da disciplina. As crianças precisam de amor, principalmente quando não o merecem; e, este amor é mais do que afetividade, envolve a firmeza necessária da correção para inibir o pecado que surge no pequeno coração da criança. Tudo o que fizermos hoje no temor do Senhor, no futuro eles saberão que o fizemos por amor a eles.

05 maio 2007

Vida cristã em família

Este é o mês do lar. Durante este período teremos uma série de meditações acerca da família cristã. Estas reflexões abordarão dificuldades que os lares passam, e virtudes que necessitam ser cultivadas.

Podemos iniciar com a simples pergunta: o que é família? Consideremos primeiro que o dinheiro pode edificar uma casa, mas é necessário amor para fazer dela um lar. Porque o lar não é um edifício, mas uma estrutura de relacionamentos. Não podemos ignorar que maridos providenciam bens para as suas esposas, mas não nutrem as suas carências; que muitos pais dão de tudo aos seus filhos, menos a si mesmos. O relacionamento que nutre um lar não é de desconfiança e amargura, mas o temor do Senhor e o amor. A família é formada por um grupo de pessoas que vivem um vínculo de interdependência mútua, que nutrem, cuidam, preocupam-se, e amam com vigor existencial.

Mas, não estamos falando de simples famílias. Elas têm um adjetivo: são cristãs! O que as torna diferentes? Podemos mencionar algumas virtudes que as distinguem: primeiro, a presença de Cristo reinando no lar; segundo, o temor do Senhor; terceiro, o uso da Palavra de Deus na tomada de decisões; quarto, a prática contínua da oração. Nenhum culto a Deus tem valor, se entra em contradição com a vida no lar. A experiência tem comprovado que a marca registrada do hipócrita é ser um cristão em todo lugar, menos dentro de casa. O melhor teste para um cristão santificado está naquilo que a sua família diz sobre ele.

28 abril 2007

Orando por não cristãos

Pouco se ouve nas intercessões dos cristãos a oração por não crentes. Às vezes, ela ocorre de forma generalizada, ou senão por alguma necessidade de saúde, ou problema familiar específico. Mas, raramente se ora para que Deus atue na causa dos problemas dos não crentes. Esta meditação tem a finalidade de refletir acerca de alguns motivos que devemos nos empenhar para interceder por aqueles que não são convertidos.

Devemos orar para que Deus freie os seus impulsos pecaminosos. Muito mais importante do que orar pela saúde física é rogar para que Deus cure a enfermidade espiritual. Aqueles que ainda não têm Jesus como o Senhor de suas vidas, que não experimentaram existencialmente um arrependimento verdadeiro, nem confiam em Cristo como o seu salvador pessoal, infelizmente permanecem escravos do pecado e inimigos de Deus (Ef 2:2-3). Eles não estão apenas espiritualmente doentes, mas mortos (Ef 2:1). O pecado gera muito problema, por isso, não resolve orar apenas pela conseqüência, se não atacarmos primeiramente a causa. A ação de Deus tem que ser primeiramente no coração, e não apenas nas necessidades do dia a dia.

É necessário orar para que o ímpio não nos prejudique. Existem pessoas que quando entram na nossa vida fazem um arrazo. Podem até mesmo nos deixar emocionalmente doentes! Por isso, a Escritura nos ordena que abençoemos aqueles que nos perseguem (Rm 12:14). Neste momento precisamos ser sinceros, e avaliar o nosso coração e perguntar-nos se não necessitamos orar por nós mesmos, para que depois sejamos capazes de orar pelos nossos opressores. Devemos amá-los, e embora seja possível que não sintamos afeto por eles, por causa da ofensa, é necessário, agir com amor, mesmo quando não sentimos o amor! A oração é um ato de amor. Há pessoas que se fazem insuportáveis, e conseguem atrair o ódio sobre si, por causa de atitudes perversas e insensatas. Mas, como servos de Cristo não podemos permitir que tais sentimentos nos dominem. Entretanto, isto somente é possível quando começamos a orar por aqueles que nos perseguem! É verdade que o nosso soberano Senhor coloca pessoas para nos oprimir com o propósito de experimentarmos quão consolador é o Seu amor em nós, e transformador na vida do ímpio.

Precisamos orar para que Deus tenha misericórdia deles. Eles não sabem orar por si mesmos! Necessitam de alguém que tenha intimidade com Deus, o faça. Você que experimenta a maravilhosa graça do Senhor deve suplicar para que Cristo possa extender a sua misericórdia sobre as suas vidas também. Geralmente quando algum ímpio nos faz mal, logo pensamos em pedir a justiça de Deus sobre a vida deles! O nosso redentor sendo crucificado, orou pelos seus executores (Lc 23:34).
Se Deus atender positivamente a nossa oração, então, eles poderão orar por si mesmos, e, também orar por nós!

19 abril 2007

Orare et labutare

Oração não é entregar-se à ociosidade. Existe uma errônea idéia de que se orarmos e entregarmos a Deus o que estamos pedindo, então podemos cruzar os braços e descansar! É claro que quando oramos devemos entregar-nos para que o nosso Senhor Jesus cuide de todas as nossas ansiedades. Todavia, a soberania de Deus não anula a responsabilidade humana.

Neemias organizou o povo quando percebeu estar sendo ameaçado pela conspiração de Sambalá e Tobias. A sua organização envolvia o projeto de reedificação dos muros de Jerusalém e uma defesa contra o ataque dos adversários. A Escritura menciona que "ajuntaram-se todos ali de comum acordo para virem atacar Jerusalém e suscitar confusão ali. Porém, nós oramos ao nosso Deus e, como proteção, pusemos guarda contra eles, de dia e de noite" (Ne 4:8-9). A sabedoria que Deus concedeu a Neemias o levou a reconhecer que Deus estava no controle de tudo, mas, apesar disto eles não se fizeram negligentes. Não pararam a construção, nem baixaram a guarda contra os seus inimigos, pelo contrário, tornaram-se mais cautelosos ainda, sob a direção do Senhor.

Se você não estiver disposto a esforçar-se por aquilo que pede, como pode esperar que Deus o faça? Como você pode esperar que o Senhor lhe abençoe se você for um irresponsável? Agindo com negligência nos teus afazeres? Vivendo com omissão nos teus deveres? Como posso pedir que Deus converta muitas pessoas se não abro a boca, e não testemunho do evangelho? Como posso orar por boas notas, ou aprovação num teste ou concurso, se não me dedico a estudar? Deus não abençoa o erro, mesmo que seja com sinceridade. Não adianta orar e confiar que Deus pode abençoar, se você não quer se comprometer. Aquilo que é tua responsabilidade, Ele não irá realizar!

Sabemos que tudo é pela graça de Deus, não merecemos nada dEle! Alguém disse: oração exige orar e ação! Mas, não esqueçamos de que o nosso labor é obediência e não mérito pessoal. Por isso, novamente podemos citar João Calvino: orare et labutare, ou seja, ore e se esforce!

12 abril 2007

Orando em nome de Cristo

Os crentes no final das suas orações têm o costume de encerrar declarando: em nome de Jesus, amém. É correto que seja assim, pois o próprio Senhor nos instruiu que pedíssemos em seu nome (Jo 14:13-14). O puritano inglês Thomas Watson declarou que “orar em nome de Cristo, não é apenas mencionar o Seu nome na oração, mas esperar e confiar em Seus méritos” (The Ten Commandments, 240). Se pensarmos no nome de Jesus apenas como uma palavra mágica para garantir o sucesso à nossa oração estaremos blasfemando ao misturar superstição com o santo nome do nosso redentor.

O Catecismo Maior de Westminster declara que “orar em nome de Cristo é, em obediência ao seu mandamento e com confiança nas suas promessas, pedir a misericórdia por amor dele; não por mera menção do seu nome, porém derivando o nosso ânimo para orar e a nossa coragem, força e esperança de sermos aceitos, em oração, por Cristo e sua mediação” (CMW, perg./resp. 180). Então, somente teremos acesso às bençãos do Pai, por meio de Jesus, porque Ele é o mediador da nova Aliança. Ele está diante do Pai, e por nós intercede eficazmente, garantindo a providência para todas as nossas necessidades nesta presente vida.

Não temos outro intercessor, nem podemos suplicar para que Maria, a mãe de Cristo, rogue por nós pecadores. Somente Cristo é Deus; apenas Ele sofreu e obedeceu perfeitamente ao Pai; Ele é o único que morreu e ressuscitou em nosso favor; ninguém além dEle sabe o que é sofrer intensivamente a punição no lugar de milhares de pecadores; suficientemente Ele tem todo o poder no céu e na terra, e pode atender as nossas reais necessidades. Por isso, Lucas declara que “não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4:12).

Ao orar “em nome de Jesus” não estamos sozinhos. Por causa dos nossos pecados somos incapazes de nos apresentarmos diante do Pai. Ele suplica ao Pai, por nós, como se estivesse pedindo para Si mesmo. Sabemos que o Pai não nega nada ao amado Filho. Quando usamos o nome de Jesus Cristo, em nossas orações, não estamos apenas cumprindo um ritual, mas de fato, suplicamos para que o nosso Senhor faça Sua a nossa oração!

29 março 2007

Orar no Espírito

A verdadeira oração é realizada no Espírito. Orar no Espírito não é falar em outras línguas, ou ter uma experiência de êxtase emocional. Mas, orar no Espírito significa orar conscientemente, em nome de Cristo, capacitado e dirigido pelo Espírito Santo a encontrar a vontade do Pai. Não é uma nova revelação, mas a iluminação espiritual necessária que nos dá o entendimento e convicção da vontade de Deus específica para um assunto.

O que é necessário para que realmente possamos orar no Espírito? Primeiro, a humildade é indispensável. O próprio Espírito Santo nunca toma à frente do Pai e do Filho. Ele exalta Cristo e glorifica o Pai, mas em nenhum lugar da Escritura exige glória para Si mesmo. Ele é glorificado pela sua divindade e a Sua participação nas obras da Trindade. Se ele sendo Deus não se exalta, não podemos orar diferente do modo como o Espírito atua. O nosso orgulho faz com a nossa voz soe diferente da intercessão do Espírito!

Em segundo lugar, para orar no Espírito é necessário que supliquemos por discernimento. Precisamos examinar as intenções do nosso coração, se o que estamos pedindo realmente é algo nascido na motivação de glorificar a Deus. É preciso discernir se não é algo que está comprometido com o erro, e que conseqüentemente causará escândalo. Se não entendermos o que estamos pedindo, podemos correr o perigo de fazer uma petição tola, imatura e inconseqüente. Não podemos abrir a boca ou liberar os pensamentos para solicitar a Deus o primeiro anseio que surge em nosso coração! Precisamos medir, pesar e avaliar se o nosso pedido é digno de ser colocado sobre o santo altar de Deus, e se ela não ofenderá o sacerdócio de Cristo. Deus não atende nenhum pedido que não coopere para o nosso bem, nem que deixe de glorificá-Lo (Rm 8:28).

Por último, para orar no Espírito é indispensável que desejemos ser cheios do Espírito. Por causa da grande confusão no meio evangélico este é outro assunto difícil de definir. A plenitude do Espírito é um processo que perdurará toda a nossa vida cristã. Ela não ocorre numa única experiência. Ninguém é tão pleno que não necessite mais ser cheio. Quanto mais bebemos do Espírito, mais sede teremos da Sua ação. Então, a crucial questão é como ser cheio do Espírito? A resposta inicia, no fato de precisarmos amadurecer o fruto do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gl 5:22-23, NVI). Somos enchidos conforme o fruto amadurece em nós! Somos dominados pelo Espírito e não pela carnalidade (Gl 5:16-21; Ef 5:18-19). Ser cheio do Espírito é quando o Espírito de Deus domina todas áreas da nossa vida com a Sua Palavra, nos quebrantando com a Sua poderosa presença, convencendo-nos profundamente dos nossos pecados, amadurecendo em nós o Seu fruto, e conduzindo-nos para a dependência na suficiência de Cristo, para a exclusiva glória do Pai.

A oração feita no Espírito não é um privilégio de alguns. Todos os salvos podem e devem aprender orar no Espírito. Todos estes têm dons do Espírito. Pelo Espírito Santo cada crente é batizado no Corpo de Cristo e todos são capacitados a orar por serem sacerdotes no Reino de Deus (1 Co 12:12-13; 1 Pe 2:9). Em Cristo, todos têm livre acesso ao trono da graça. Todos os verdadeiros salvos têm a habitação pactual do Espírito, que intercede eficazmente e apresenta a nossa necessidade diante do Pai (Rm 8:27). Se a tua oração não for no Espírito, então, ela não é orada pelo Espírito, nem aceita pelo Pai.

24 março 2007

Ora que melhora!

Por quê a maioria dos cristãos não têm o hábito de orar regularmente? Observe bem, eu disse CRISTÃOS! Não estou me referindo as pessoas que não são, e se dizem cristãos. Estou falando daquelas pessoas que são convertidas, que receberam o Senhor Jesus como salvador de suas vidas, que sabem do perigo de viver sem a graça e a misericórdia de Deus, que são profundamente gratas pelo perdão dos seus pecados, em Cristo Jesus, e que têm o Espírito Santo habitando pactualmente, e que por causa disto, têm todos os motivos do mundo para viverem em contínua vida de oração, desfrutando da incessante intimidade que o Senhor tem conosco!

Mas, apesar de tudo isto, porque oramos tão pouco? Além das infinitas bençãos que Deus salvificamente nos dá, poderíamos ter como motivação as nossas necessidades do dia a dia, e, diga-se de passagem não são poucas! Vamos brevemente refletir sobre alguns possíveis motivos que nos impedem de orar, que diminuem em nós, a convicção da nossa brutal dependência da graça de Deus.

O primeiro motivo a ser considerado como impecilho, é o orgulho. A soberba nos leva sutilmente a crêr que somos suficientes em nossas virtudes, que as nossas intenções são as melhores, e que podemos fazer o que precisamos sozinhos! A loucura da altivez contamina o nosso raciocínio de tal modo, que não percebemos que estamos sendo levados a agir como ateus, embora sendo crentes em Cristo Jesus! Não é em vão, que a oração essencialmente exija a humildade. O nosso orgulho é um grande inimigo da oração, como também pré-indisposto para receber a resposta da oração. Por causa dele nem sempre desejamos declarar: seja feita a tua vontade!

O segundo motivo pode ser a incredulidade. Este é um ofensivo pecado contra o nosso Deus. A incredulidade não é apenas não crêr em Deus, mas não crêr no modo como Ele governa a nossa vida. É não confiar que aquilo que Ele está realizando é o melhor! É duvidar que quando Deus usa o mal, o sofrimento, e a frustração de um "não" indesejado, ainda assim estas coisas podem ser grande benção para a nossa vida (Gn 50:19-20). O soberano Senhor usa o que, quem, quando e como quiser com infalível exatidão para nos abençoar, e glorificar a Si mesmo. Ele sempre tem as melhores intenções conosco, em Cristo (Jr 29:10-14). Sim! Infinitamente melhores do que as nossas egoístas intenções.

O terceiro motivo que nos desestimula de orar pode ser a amargura. A inimizade é algo perigoso, especialmente quando ela cria raíz, cresce e frutifica. A amargura é o orgulho ferido, desprezado, humilhado sem arrendimento. A amargurada é isenta da doce graça de Deus, porque ele é essencialmente amargo! Perde-se o prazer de interceder por outros, perde-se o gozo de estar na presença do Altíssimo, porque a disposição que se aflora em nosso coração é o mesmo que brotou no coração de Adão no jardim, é tolamente fugir do onipresente Deus. A amargura tira o vigor espiritual, e ficamos fracos para orar. O melhor remédio para vencer este fétido sentimento é orar por quem nos persegue.

Algumas pessoas têm me perguntado "como orar quando não se tem vontade de orar?" Brincando, respondo que é simples: ore quando você não tiver vontade de orar, ore quando você sentir vontade de orar, e ore para que não deixe de desejar de orar. Não devo limitar a minha prática de oração somente quando SINTO vontade. A vontade não deve ser submissa dos sentimentos. Mas os sentimentos devem ser submetidos à vontade, para que a nossa vontade seja submetida à vontade de Deus.

Independentemente do contexto que esteja a sua vida, ore! A oração se encaixa em qualquer situação e para qualquer necessidade. Deus quer nos santificar, Ele decidiu dar-nos ricas bençãos, não permita que os seus motivos pessoais te impeçam de desfrutar uma relação íntima com o Pai que está nos céus. Ora que melhora.

16 março 2007

O que é oração?

Este é o primeiro artigo de uma série do que a Bíblia ensina sobre a oração. Meditar sobre a oração é tão importante quanto orar. Pois, se não tivermos um entendimento correto do que é a oração e como realizá-la, correremos o perigo de sermos rejeitados e ao mesmo tempo estarmos ofendendo ao amado Deus com as nossas preces. Falar com as pessoas sobre Deus é algo grandioso, mas falar a Deus sobre os homens é algo ainda maior. Por isso, é necessário que a nossa convicção doutrinária seja saudável para que ela melhore a nossa vida cristã.

Quando crianças aprendemos que oração "é falar com Deus". Conforme crescemos e amadurecemos, também aprendemos que este conversar com Deus exige muito mais do que simplesmente falar. Oração é o derramar da alma diante de Deus. Não podemos apenas repetir fórmulas e frases feitas, tornando a nossa relação com Deus um ato mecânico. As nossas orações não podem ser frases decoradas, como se estivéssemos apresentando uma dramatização teatral! Absolutamente, isto nunca deveria acontecer! Saber falar é um ato de maturidade, mas saber conversar com Deus é intimidade com Ele.

A oração deve nascer na consciência do nosso coração, na percepção das nossas necessidades e na dependência e convicção de quem é Deus. É algo que primeiro deve vibrar na alma antes de se tornar palavras. Orar não é apenas submeter as nossas necessidades a Deus, mas submetermos a nós mesmos à Sua vontade. Certa vez, Jim Elliot disse "Deus ainda está no trono, nós ainda estamos a seus pés, e entre nós há apenas a distância de um joelho."

Jesus prometeu que "se me pedirdes alguma cousa em meu nome, eu o farei. Se me amais, guardareis os meus mandamentos" (Jo 14:14-15). Orar é o momento em que Jesus tem acesso às nossas necessidades, e ao mesmo tempo é colocar os nossos anseios sobre o Seu altar para que Ele possa cuidar de tudo. Pensando bem, Jesus é o único que sabe como realmente orar! Ele é Deus, e conhece intimamente a vontade do Pai. Ele é o sumo-sacerdote e eficazmente intercede por nós. Somente Ele possuí todos os méritos para pedir infalivelmente ao Pai e tem a garantia de que nenhum dos seus pedidos serão rejeitados.

Oração não é apenas algo que faço, é algo que essencialmente sou.

28 fevereiro 2007

Continue a orar

Nós oramos. Às vezes, em silêncio. Outras vezes, em voz alta. Oramos, por mais de 17 anos, pela saúde de nossa filha Melissa, por orientação, por sua salvação e muitas vezes por sua proteção. Assim como oramos por nossos outros filhos, pedimos que a mão de Deus estivesse sobre ela, cuidando dela.

Quando Melissa chegou aos seus anos de adolescência, oramos ainda mais para que Deus a guardasse do mal - que mantivesse seus olhos sobre ela e seus amigos quando começaram a dirigir. Nós oramos: "Deus, por favor, proteja Melissa".

Então, o que aconteceu? Será que Deus não entendeu o quanto machucaria tantas pessoas, perder a esta linda jovem desta maneira, com tanto potencial para servir-lo e servir a outros? Será que, naquela noite cálida de primavera, Deus não viu o outro carro aproximar-se?

Nós oramos. Mas Melissa morreu.

E agora? Vamos parar de orar? Vamos desistir de Deus? Vamos tentar seguir sozinhos?

Absolutamente, não! A oração é ainda mais vital para nós agora. Deus - nosso inexplicável e soberano Senhor - ainda tem o controle. Seus mandamentos para orar ainda são válidos. Seu desejo de ouvir-nos ainda persiste. A fé não exige o que queremos; ela confia na bondade de Deus, apesar das tragédias da vida.

Nós sofremos. Oramos. E continuamos a orar.

Deus pode negar nossos pedidos, mas nunca vai decepcionar nossa confiança.

- J. David Branon

Extraído do devocionário Nosso Andar Diário 27 de Fevereiro de 2007.

24 fevereiro 2007

Porquê participar dos grupos familiares?

A nossa igreja possuí o ministério em pequenos grupos. Mas, a maioria dos nossos membros ainda não descobriu os benefícios deste rico recurso. É possível que alguns pensem que esta seja mais uma atividade semanal. Trabalhamos com grupos familiares porque a igreja cristã desde o seu início também existia em pequenos grupos (At 20:20; Rm 16:5, 10, 14-15; 1 Co 16:19; Fp 4:22).

A nossa vida agitada não nos permite ter o convívio necessário para nutrirmos relacionamentos saudáveis com os irmãos. A prática da mutualidade cristã vai se esfriando, e passamos a conversar apenas após os cultos. Mas, muitos mau saúdam os irmãos e já vão embora. Estamos criando uma comunidade que se reúne regularmente, mas que são estranhos uns aos outros! Não temos a oportunidade de amar, sujeitar-nos, aceitar, ter cuidado, edificar, ensinar, aconselhar, servir, e orar uns pelos outros. Sem a prática da mutualidade estamos matando a comunhão! Não somos a família de Cristo? Que espécie de Cristianismo estamos vivendo?

Na participação dos grupos familiares, cada pessoa exerce o seu sacerdócio universal dos santos. Esta doutrina foi ressuscitada na Reforma do século 16, e ensina que podemos, por nós mesmos, ter livre acesso a Deus e ao estudo da Sua Palavra, compartilhando o que temos aprendido e experimentado pela iluminação do Espírito Santo. Não precisamos de mediadores humanos, pois temos um Mediador perfeito, que é suficiente e o único que é aceito diante do Pai (At 4:11-12). Todos têm a oportunidade de ministrar na vida uns dos outros, em cada reunião, compartilhando as bençãos de Deus. Oramos uns pelos outros, exortamos, aconselhamos, repreendemos, submetemos, edificamos uns aos outros através do nosso sacerdócio. Cristo é o perfeito sumo-sacerdote, e nos chama para ministrar como seus auxiliares, pois somos membros do Seu Corpo (1 Pe 2:9-10).

Este ministério tem se mostrado eficaz como um meio de evangelização. Igrejas que têm adotado os pequenos grupos se fortalecem e crescem naturalmente, pois a quantidade de pessoas que se reúnem semanalmente nos grupos, alcançam muitos vizinhos que ainda não são salvos em Cristo. É importante notar que muito mais membros acabam se envolvendo na evangelização.

A nossa igreja está reestruturando o ministério com grupos familiares. Estamos aprendendo juntos como desenvolver melhor este modelo de ser igreja neotestamentária. Você também pode participar conosco deste processo: 1) ore ao Senhor e avalie como está a sua vida de comunhão com a igreja; 2) converse com o pastor sobre o assunto; 3) reúna-se com um dos grupos familiares; 4) disponha-se em servir no que for necessário. Certamente que você não se arrependerá, e toda a nossa igreja será mais saudável e produtiva no reino de Deus.

17 fevereiro 2007

Buscando santo prazer em período de Carnaval

O nosso Breve Catecismo de Westminster em sua 1a. pergunta questiona "Qual é o fim principal do homem"? A resposta é: "Glorificar a Deus e gozá-Lo para sempre". Este gozo, ou prazer não é pecaminoso porque Deus nos fez para sentir prazer em Sua Presença e na obediência da Sua vontade. Entretanto, a nossa sociedade pós-moderna têm se inclinado aos pés de um ídolo sentimentalista chamado "Hedonismo" que é a busca do prazer tendo como um fim em si mesmo. Assim, ele se torna pecaminoso porque foge do seu propósito, e é buscado por motivações egoístas.

O Carnaval é o período em que as pessoas se entregam as festividades de um modo desenfreado. A carnalidade aflora, e toda espécie de sentimentos e provocações sensuais são estimuladas sem a preocupação de se ofender a consciência e a convicção de santidade dos cristãos. É contraditório que enquanto a lei brasileira que exige respeito e oferece o recurso legal de processar uma pessoa por atentado ao pudor, ou assédio sexual, neste infame período de Carnaval, permita que toda sorte de imoralidade seja praticada para demonstrar a selvageria da natureza humana, e em muitos casos, aprovada e financiada pelos governantes! A contradição colhe um alto preço.

Infelizmente, há aqueles que possuindo uma "mente aberta" defendem o Carnaval como uma festividade cultural e produtiva para a economia brasileira. Entretanto, esta festa pagã é um lado ruim da cultura brasileira que não nos enobrece. A cultura de uma nação somente deve ser cultivada se ela oferece honra a todo o país. No Carnaval, as nossas mulheres são expostas à uma baixa sensualidade, e na mídia o mundo conhece o Brasil do Carnaval, da imoralidade, da prostituição barata e fácil, dos filhos que nascem resultado de relações sexuais ilícitas, de doenças sexuais, casamentos desfeitos, das drogas que são consumidas nas festas, e uma enxurrada de conseqüências a médio e longo prazo. Mas, alguns ainda insistem que é possível brincar de modo saudável! Mesmo que não seja a saúde física prejudicada com doenças, bebidas e drogas, a agressão da consciência induzindo-a à imoralidade sensual é inegável. Não existe Carnaval inocente.

O prazer não é nessariamente felicidade. (Hq 3:16-19). A felicidade se baseia na obediência da vontade de Deus revelada na Escritura Sagrada. Para sermos felizes é necessário a aprovação de Deus sobre a nossa vida, e para isso, devemos amar a Palavra de Deus. O pecado oferece prazer, mas não tem resultado benéfico. O seu prazer é passageiro, e as suas conseqüências são dolorosamente extensas (Hb 11:24-26).

O anseio pelo prazer foi implantado em nós quando Deus nos criou. Todavia, não podemos nos esquecer de que o pecado distorceu toda a nossa natureza, colocando em total desordem quem somos e o propósito para o qual Deus nos fez. Somente encontraremos prazer como realmente ansiamos quando nos realizarmos em Deus. Aurelius Agustinho em seu livro Confissões (escrito 397-400 d.C.) disse: "tu o incitas para que sinta prazer em louvar-te; fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em ti".

As nossas necessidades nunca serão satisfeitas no pecado. Mesmo que a cobiça desperte as nossas necessidades e prometa que poderemos ser felizes no erro, não devemos aceitar a mentira e a imoralidade como um padrão aceitável diante de Deus.

07 fevereiro 2007

Conselhos práticos sobre o jejum

O que é o jejum cristão?
O jejum cristão é a negação do apetite natural para a comida, de uma convicção do seu verdadeiro uso na Escritura, e com o propósito de glorificar a Deus, pela mortificação do pecado, e de gozar da misericórdia, pelos méritos de Jesus Cristo somente.

1. Quanto ao modo, pode ser a rejeição completa da comida por um período de tempo (2 Sm 12:16), ou, é a rejeição parcial da comida por um período de tempo (Dn 10:2-3).

2. Não se pratica o jejum apenas pela veneração da tradição, embora os servos de Deus em todos os período da história observaram a prática do jejum. Nem se deve jejuar simplesmente porque uma autoridade tenha ordenado. Nem por legalismo de uma mera justiça externa com o objetivo de ser visto pelas pessoas (Mt 6:1, 16-18). Nem mesmo tem o propósito de promover alguma forma de ascetismo, especificamente, a crença de que o corpo é mal e por isso, tem que ser castigado. Pelo contrário, deve ser oferecido como um ato de louvor a Deus com uma convicção sincera de que Deus nos convoca para jejuar em certas ocasiões (Mt 17:21; At 14:23).

3. A meta principal de jejuar, como em todas as outras coisas, é para a glória de Deus (1 Co 10:31).

4. A meta secundária de jejuar é a mortificação do pecado. Devemos enfraquecer o domínio do pecado, humilhando e arrependendo-se do pecado, e experimentando o prazer da misericórdia e da graça de Deus (Rm 8:13; Gl 3:5-11).

5. A base de todas as bençãos que Deus graciosamente nos concede é somente e sempre a pessoa e obra de Jesus Cristo. Não há nenhum mérito em nossas obras de justiça, nem mesmo nos jejuns.

Onde se encontra a ensino do jejum na Escritura?
O jejum cristão é ensinado em toda a Escritura (2 Sm 12:16; Ne 1:4; 2 Cr 20:3; Jn 3:7, 8; Lucas 4:1-13; At 14:23; Mt 6:16-18; 17:21). Tanto na antiga, como na nova Aliança o povo de Deus praticou o jejum como um ato de consagração pessoal. O jejum não cessou no Novo Testamento, como alguns pensam, mas tem a sua continuidade comprovada tanto por Jesus, como pela Igreja no período posterior ao Pentecostes.

Por que alguém deveria jejuar?
A motivação do jejum certamente é a questão mais importante quando se estuda este tema. Muitas pessoas são zelosas em se dedicarem ao jejum, todavia, o fazem com motivações erradas, e correm o risco de não serem aceitos por Deus. Pelo menos cinco razões poderão ajudar a esclarecer esta questão:

1. A prática do jejum é necessária, pois Deus ordena praticá-lo.

2. Porque os seus sentimentos e apetites estão inclinados para as coisas deste mundo, e no jejum você volta os seus sentimentos das coisas desta vida para as coisas de Cristo.

3. Porque o orgulho e a auto-suficiência impedem a sua convivência com Deus. O jejuar, entretanto, revela a sua insuficiência e a nossa plena satisfação em Deus. A debilidade física que se sente ao jejuar, deveria lembrar a fragilidade humana diante um Deus absolutamente soberano e infinitamente santo.

4. Porque você deseja mortificar o pecado e regozijar-se na misericórdia de Deus.

5. Porque você necessita de poder espiritual e sabedoria que procede de Deus. Os discípulos após terem recebido a autoridade de expulsar os demônios numa jornada missionária (Lc 9:1-6) regressaram para relatar as grandes coisas que se fizeram nas cidades por onde haviam passado (Lc 9:6, 10). Todavia, quando a autoridade sobrenatural concedida para a sua jornada missionária terminou, os discípulos necessitaram de recorrer a oração e ao jejum (Mt 17:21). Do mesmo modo os apóstolos, e as igrejas do primeiro século reconheciam a sua necessidade absoluta de sabedoria e poder para escolher e ordenar os presbíteros, com um tempo dedicado ao jejum e à oração (At 14:23).

Quem deveria jejuar?
Todos os que podem praticá-lo como uma obra de adoração a Deus com uma consciência sincera, sem superstição, legalismo, ascetismo, ou hipocrisia. Pode-se inclusive estimular as crianças para o jejum, do mesmo modo que se deve ensiná-los a orar, mas, eles devem ser instruídos acerca do que é o jejum com suficiente clareza, e sobre a sua necessidade.

Quando se deve jejuar?
Em geral, deveríamos jejuar muito mais do que costumamos fazer. Não podemos pensar em apenas jejuar somente quando temos problemas, mas também como uma medida preventiva para encher-nos com sabedoria e poder e evitar crises.

Como deve ser praticado o jejum?
O jejum pode ser praticado individualmente, ou em família, quando ocorre a necessidade pessoal. Com a igreja inteira, quando é convocada pelo pastor, ou pelos presbíteros. Como nação, quando é feito a convocação por um governante civil que é realmente cristão, e tem o propósito de direcionar todo o país ao arrependimento, e à submissão a Deus.
A prática do jejum não deve ser feita sem o devido cuidado, em que cada indivíduo deve observar a sua condição física. Cada pessoa possuí necessidades singulares, por isso, ela deve ser ciente das suas limitações, e tomar o cuidado necessário para que desejando obter saúde espiritual, não venha prejudicar a sua saúde física.

1. Não podemos esquecer de que o jejum, como o dia do descanso, foi feito para o homem, e não o homem para o jejum. Nada deveria levar a abstinência a tal extremo ao ponto de por em perigo a saúde física. Mas, quando a fraqueza física aparece por causa do jejum, não se deve pensar que não se é capaz de jejuar.

2. Se alguém tem problemas físicos (diabete, gastrite, úlcera, pressão alta, etc.), pode-se fazer um jejum parcial. Não coma para satisfazer o seu apetite, mas coma apenas para satisfazer a necessidade, evitando o mal-estar. Alimente-se de frutas, legumes, verduras, e água, apenas o necessário, de modo que não agrave o estado de saúde debilitada.

3. Se o seu trabalho exige esforço físico e você necessita se alimentar bem, faça um jejum por um período de tempo menor. Não pense que, porque o seu jejum não pode ser por um período longo que não será aceito por Deus, pois, Ele quer misericórdia, e não sacrifício (Os 6:6).

4. Ensine aos seus filhos sobre o jejum, e o modo como podem praticá-lo, pois, talvez, sejam incapazes de jejuar por um dia todo, mas, podem jejuar apenas um período do dia. Tenha cuidado para não prejudicar os filhos causando neles desnutrição.

5. Tenha cuidado de tomar uma quantidade suficiente de água quando estiver jejuando. Não beba refrigerante, sucos, café ou chá, pois eles satisfazem a fome, e podem prejudicar o objetivo do jejum.

6. Planeje o seu dia para que você possa ter em mente, durante o dia, que este período está separado para revelar a sua insuficiência, e a suficiência de Deus na sua vida.

7. Neste dia você não deve passá-lo ocioso, ou com ocupações de diversão e entretenimento. Ele deve ser seriamente dedicado para a oração, leitura das Escrituras e reflexão acerca da circunstância que motiva o jejum. Mas, se for um dia normal de trabalho e compromissos, mantenha em mente o seu propósito de jejuar.

8.Tenha cuidado para que o seu semblante não anuncie publicamente que está jejuando (Mt 6:1,16). Não demonstre uma cara de tristeza e angústia, mas mantenha a normalidade do seu dia, como outro qualquer. Não busque a atenção das pessoas sobre você, de modo que fique demonstrando o seu jejum (Mt 6:16-18). Mas, se alguém lhe perguntar porque você não está comendo, procure de maneira discreta responder-lhe que está em jejum, sem prolongar muito o assunto. Não há necessidade de mentir.

9. Quando você for iniciar o seu período de jejum, e também quando findá-lo, faça de modo solene. Recolha-se a um lugar, separe uma porção das Escrituras para meditar durante o tempo em que estiver jejuando, ore e estabeleça o início e o fim deste momento de consagração. No momento de terminar o jejum, também recolha-se, ore e entregue o seu jejum, agradecendo a Deus, porque Ele lhe preservou capacitando-o a cumprir este santo propósito.