29 março 2007

Orar no Espírito

A verdadeira oração é realizada no Espírito. Orar no Espírito não é falar em outras línguas, ou ter uma experiência de êxtase emocional. Mas, orar no Espírito significa orar conscientemente, em nome de Cristo, capacitado e dirigido pelo Espírito Santo a encontrar a vontade do Pai. Não é uma nova revelação, mas a iluminação espiritual necessária que nos dá o entendimento e convicção da vontade de Deus específica para um assunto.

O que é necessário para que realmente possamos orar no Espírito? Primeiro, a humildade é indispensável. O próprio Espírito Santo nunca toma à frente do Pai e do Filho. Ele exalta Cristo e glorifica o Pai, mas em nenhum lugar da Escritura exige glória para Si mesmo. Ele é glorificado pela sua divindade e a Sua participação nas obras da Trindade. Se ele sendo Deus não se exalta, não podemos orar diferente do modo como o Espírito atua. O nosso orgulho faz com a nossa voz soe diferente da intercessão do Espírito!

Em segundo lugar, para orar no Espírito é necessário que supliquemos por discernimento. Precisamos examinar as intenções do nosso coração, se o que estamos pedindo realmente é algo nascido na motivação de glorificar a Deus. É preciso discernir se não é algo que está comprometido com o erro, e que conseqüentemente causará escândalo. Se não entendermos o que estamos pedindo, podemos correr o perigo de fazer uma petição tola, imatura e inconseqüente. Não podemos abrir a boca ou liberar os pensamentos para solicitar a Deus o primeiro anseio que surge em nosso coração! Precisamos medir, pesar e avaliar se o nosso pedido é digno de ser colocado sobre o santo altar de Deus, e se ela não ofenderá o sacerdócio de Cristo. Deus não atende nenhum pedido que não coopere para o nosso bem, nem que deixe de glorificá-Lo (Rm 8:28).

Por último, para orar no Espírito é indispensável que desejemos ser cheios do Espírito. Por causa da grande confusão no meio evangélico este é outro assunto difícil de definir. A plenitude do Espírito é um processo que perdurará toda a nossa vida cristã. Ela não ocorre numa única experiência. Ninguém é tão pleno que não necessite mais ser cheio. Quanto mais bebemos do Espírito, mais sede teremos da Sua ação. Então, a crucial questão é como ser cheio do Espírito? A resposta inicia, no fato de precisarmos amadurecer o fruto do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gl 5:22-23, NVI). Somos enchidos conforme o fruto amadurece em nós! Somos dominados pelo Espírito e não pela carnalidade (Gl 5:16-21; Ef 5:18-19). Ser cheio do Espírito é quando o Espírito de Deus domina todas áreas da nossa vida com a Sua Palavra, nos quebrantando com a Sua poderosa presença, convencendo-nos profundamente dos nossos pecados, amadurecendo em nós o Seu fruto, e conduzindo-nos para a dependência na suficiência de Cristo, para a exclusiva glória do Pai.

A oração feita no Espírito não é um privilégio de alguns. Todos os salvos podem e devem aprender orar no Espírito. Todos estes têm dons do Espírito. Pelo Espírito Santo cada crente é batizado no Corpo de Cristo e todos são capacitados a orar por serem sacerdotes no Reino de Deus (1 Co 12:12-13; 1 Pe 2:9). Em Cristo, todos têm livre acesso ao trono da graça. Todos os verdadeiros salvos têm a habitação pactual do Espírito, que intercede eficazmente e apresenta a nossa necessidade diante do Pai (Rm 8:27). Se a tua oração não for no Espírito, então, ela não é orada pelo Espírito, nem aceita pelo Pai.

24 março 2007

Ora que melhora!

Por quê a maioria dos cristãos não têm o hábito de orar regularmente? Observe bem, eu disse CRISTÃOS! Não estou me referindo as pessoas que não são, e se dizem cristãos. Estou falando daquelas pessoas que são convertidas, que receberam o Senhor Jesus como salvador de suas vidas, que sabem do perigo de viver sem a graça e a misericórdia de Deus, que são profundamente gratas pelo perdão dos seus pecados, em Cristo Jesus, e que têm o Espírito Santo habitando pactualmente, e que por causa disto, têm todos os motivos do mundo para viverem em contínua vida de oração, desfrutando da incessante intimidade que o Senhor tem conosco!

Mas, apesar de tudo isto, porque oramos tão pouco? Além das infinitas bençãos que Deus salvificamente nos dá, poderíamos ter como motivação as nossas necessidades do dia a dia, e, diga-se de passagem não são poucas! Vamos brevemente refletir sobre alguns possíveis motivos que nos impedem de orar, que diminuem em nós, a convicção da nossa brutal dependência da graça de Deus.

O primeiro motivo a ser considerado como impecilho, é o orgulho. A soberba nos leva sutilmente a crêr que somos suficientes em nossas virtudes, que as nossas intenções são as melhores, e que podemos fazer o que precisamos sozinhos! A loucura da altivez contamina o nosso raciocínio de tal modo, que não percebemos que estamos sendo levados a agir como ateus, embora sendo crentes em Cristo Jesus! Não é em vão, que a oração essencialmente exija a humildade. O nosso orgulho é um grande inimigo da oração, como também pré-indisposto para receber a resposta da oração. Por causa dele nem sempre desejamos declarar: seja feita a tua vontade!

O segundo motivo pode ser a incredulidade. Este é um ofensivo pecado contra o nosso Deus. A incredulidade não é apenas não crêr em Deus, mas não crêr no modo como Ele governa a nossa vida. É não confiar que aquilo que Ele está realizando é o melhor! É duvidar que quando Deus usa o mal, o sofrimento, e a frustração de um "não" indesejado, ainda assim estas coisas podem ser grande benção para a nossa vida (Gn 50:19-20). O soberano Senhor usa o que, quem, quando e como quiser com infalível exatidão para nos abençoar, e glorificar a Si mesmo. Ele sempre tem as melhores intenções conosco, em Cristo (Jr 29:10-14). Sim! Infinitamente melhores do que as nossas egoístas intenções.

O terceiro motivo que nos desestimula de orar pode ser a amargura. A inimizade é algo perigoso, especialmente quando ela cria raíz, cresce e frutifica. A amargura é o orgulho ferido, desprezado, humilhado sem arrendimento. A amargurada é isenta da doce graça de Deus, porque ele é essencialmente amargo! Perde-se o prazer de interceder por outros, perde-se o gozo de estar na presença do Altíssimo, porque a disposição que se aflora em nosso coração é o mesmo que brotou no coração de Adão no jardim, é tolamente fugir do onipresente Deus. A amargura tira o vigor espiritual, e ficamos fracos para orar. O melhor remédio para vencer este fétido sentimento é orar por quem nos persegue.

Algumas pessoas têm me perguntado "como orar quando não se tem vontade de orar?" Brincando, respondo que é simples: ore quando você não tiver vontade de orar, ore quando você sentir vontade de orar, e ore para que não deixe de desejar de orar. Não devo limitar a minha prática de oração somente quando SINTO vontade. A vontade não deve ser submissa dos sentimentos. Mas os sentimentos devem ser submetidos à vontade, para que a nossa vontade seja submetida à vontade de Deus.

Independentemente do contexto que esteja a sua vida, ore! A oração se encaixa em qualquer situação e para qualquer necessidade. Deus quer nos santificar, Ele decidiu dar-nos ricas bençãos, não permita que os seus motivos pessoais te impeçam de desfrutar uma relação íntima com o Pai que está nos céus. Ora que melhora.

16 março 2007

O que é oração?

Este é o primeiro artigo de uma série do que a Bíblia ensina sobre a oração. Meditar sobre a oração é tão importante quanto orar. Pois, se não tivermos um entendimento correto do que é a oração e como realizá-la, correremos o perigo de sermos rejeitados e ao mesmo tempo estarmos ofendendo ao amado Deus com as nossas preces. Falar com as pessoas sobre Deus é algo grandioso, mas falar a Deus sobre os homens é algo ainda maior. Por isso, é necessário que a nossa convicção doutrinária seja saudável para que ela melhore a nossa vida cristã.

Quando crianças aprendemos que oração "é falar com Deus". Conforme crescemos e amadurecemos, também aprendemos que este conversar com Deus exige muito mais do que simplesmente falar. Oração é o derramar da alma diante de Deus. Não podemos apenas repetir fórmulas e frases feitas, tornando a nossa relação com Deus um ato mecânico. As nossas orações não podem ser frases decoradas, como se estivéssemos apresentando uma dramatização teatral! Absolutamente, isto nunca deveria acontecer! Saber falar é um ato de maturidade, mas saber conversar com Deus é intimidade com Ele.

A oração deve nascer na consciência do nosso coração, na percepção das nossas necessidades e na dependência e convicção de quem é Deus. É algo que primeiro deve vibrar na alma antes de se tornar palavras. Orar não é apenas submeter as nossas necessidades a Deus, mas submetermos a nós mesmos à Sua vontade. Certa vez, Jim Elliot disse "Deus ainda está no trono, nós ainda estamos a seus pés, e entre nós há apenas a distância de um joelho."

Jesus prometeu que "se me pedirdes alguma cousa em meu nome, eu o farei. Se me amais, guardareis os meus mandamentos" (Jo 14:14-15). Orar é o momento em que Jesus tem acesso às nossas necessidades, e ao mesmo tempo é colocar os nossos anseios sobre o Seu altar para que Ele possa cuidar de tudo. Pensando bem, Jesus é o único que sabe como realmente orar! Ele é Deus, e conhece intimamente a vontade do Pai. Ele é o sumo-sacerdote e eficazmente intercede por nós. Somente Ele possuí todos os méritos para pedir infalivelmente ao Pai e tem a garantia de que nenhum dos seus pedidos serão rejeitados.

Oração não é apenas algo que faço, é algo que essencialmente sou.