17 outubro 2008

Você fala palavra torpe?

A Palavra de Deus nos adverte que “não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem (Efésios 4:29, ARA). A nossa boca é fonte de benção e maldição, mas o apóstolo Tiago nos diz que isto não deveria ser assim (Tiago 3:10). Por isso, devemos cuidar do que sai dela. O termo torpe usado por Paulo significa corrompido (do grego sarprós), e, indica toda palavra ou conversa que em si seja prejudicial, desvirtue ou ofenda os ouvidos de quem a recebe; e, isto envolve desde palavrões, mentiras, até a maledicência.

O Senhor Jesus disse que a boca fala do que o coração está cheio (Mateus 15:18-19). Assim, entendemos que quando uma pessoa fala uma palavra torpe, ou corrompida, ela está manifestando uma condição de corrupção em seu coração, isto é, algo que ainda não foi transformado pelo Espírito Santo (Romanos 3:14). Deste modo, o seu testemunho é falso, porque as suas palavras contradizem a santidade de Deus.

A palavra dura que suscita a ira também é torpe, porque ela corrompe a busca de uma disposição pacífica das pessoas (Provérbios 15:1). Provocar a ira de alguém através da repreensão insensata, ou do grito, ou mencionando algo que desperta um doloroso trauma é pecado, porque estamos provocando uma fraqueza no outro, que provavelmente irá levá-lo a pecar. Em vez, de auxiliá-la em sua santificação, na verdade estamos suscitando pecados que deveriam ser mortificados, daí, corrompemos o outro com a nossa palavra e não edificamos.

Nenhum servo de Deus deve falar o que corrompe. Não devemos mencionar palavrões, contar mentiras, falar mal ou enfatizar os defeitos da vida dos outros, nem contar piadas indecentes, ou que ridicularizem com o nome de Deus. É nosso dever transmitir graça aos que nos ouvem, e não pecado. A nossa conversa deve nutrir as necessidades das pessoas e não corrompê-las. Assim, eu desejo a benção de Deus para a sua vida e graça para você!

11 outubro 2008

Não sou evangélico!

Ultimamente prefiro ser chamado de cristão reformado. Este nome indica a minha identidade doutrinária e histórica, ou seja, sou cristão e, isto diz muito coisa, e sou reformado, porque sou herdeiro do movimento de Reforma da Igreja que ocorreu no século XVI. Apenas nestas duas afirmações temos muito que compartilhar de edificante. Mas, num outro artigo poderemos discorrer sobre a riqueza da herança reformada. Por alguns motivos tenho descartado ser reconhecido como evangélico, porque estamos vivenciando uma verdadeira confusão doutrinária e ética nestes tempos pós-modernos. A maioria dos evangélicos ignora que, crer é também pensar! Ser evangélico tem se tornado sinônimo de um grupo de pessoas manipuláveis pelas suas emoções, e dirigidas por interesses que não são nobres nem dignos do Senhor Jesus.

Esta superficialidade se evidencia pelo culto que parece ser configurado para estimular o sistema nervoso e não a mente. O sentir e não o aprender é uma característica em relevo! Realmente em algumas reuniões a adoração deixou de ser um culto racional, para se tornar um momento de excitação emocional (Rm 12:1-2). Não importa entender o que está acontecendo, o que está se fazendo, o que Deus está falando, pelo contrário, os novos adoradores estão querendo extravasar a sua alegria, os seus sentimentos, deixar fluir o seu calor humano! O prazer tomou o lugar do quebrantamento, a liberdade substituiu a reverência e os sentimentos usurparam a posição que o conhecimento tem na vida cristã. James M. Boice e Philip G. Ryken observam que

o que uma vez foi falado das igrejas liberais precisa ser dito das igrejas evangélicas: elas buscam a sabedoria do mundo, creêm na teologia do mundo, seguem a agenda do mundo, e adotam os métodos do mundo. De acordo com os padrões da sabedoria mundana, a Bíblia torna-se incapaz de alimentar as exigências da vida nestes tempos pós-modernos. Por si mesma, a Palavra de Deus seria insuficiente de alcançar pessoas para Cristo, promover crescimento espiritual, prover um guia prático, ou transformar a sociedade. Deste modo, igrejas acrescentam ao simples ensino da Escritura algum tipo de entretenimento, grupo de terapia, ativismo político, sinais e maravilhas - ou, qualquer promessa apelando aos consumidores religiosos. De acordo com a teologia do mundo, pecado é meramente uma disfunção e salvação significa desfrutar de uma melhor auto-estima. Quando esta teologia adentra a igreja, ela coloca dificuldades em doutrinas essenciais como a propiciação da ira de Deus substituindo-a com técnicas e práticas de auto-aceitação. A agenda do mundo é a felicidade pessoal, assim, o evangelho é apresentado como um plano para a realização pessoal, em vez de ser a caminhada de um comprometido discipulado. Para terminar, vemos que os métodos do mundo nesta agenda egocêntrica é necessariamente pragmática, sendo que as igrejas evangélicas estão se esforçando a todo custo em refletir o modo como elas operam. Este mundanismo tem produzido o 'novo pragmatismo' evangelicalismo[1].


Em parte a culpa é dos pastores que desejam ser apenas animadores de palco e que se esqueceram, ou não aprenderam, e pior ainda, não querem estudar o que realmente significa o seu verdadeiro chamado como pregador da Palavra de Deus. Conduzem o seu rebanho e os alimentam num culto estilo “louvorzão” para animar o coração duma multidão de adoradores que vão às reuniões para fazer o seu karaokê gospel e satisfazer o seu gosto pessoal. E, nisto tudo há pouco conteúdo da Palavra de Deus sendo cantado, apenas importam os ritmos e movimentos, coreografias sem sentido no mover de véus e luzes coloridas.

A falta de preocupação em se ouvir, alimentar e viver o ensino da Escritura Sagrada está tornando o meio evangélico desnutrido do seu poder, e de sua autoridade espiritual. Em contraproposta chegam novos movimentos, outros modismos com nomes cada vez mais mirabolantes, unções bizarras, invencionices esquisitas e até neologismos de antigas heresias, como por exemplo, paipóstolos! Talvez, tão vergonhosa situação explique porque líderes evangélicos vendem não somente a própria alma, e em tempo de eleições, desavergonhados negociam o voto “porteira fechada” da sua igreja com políticos que não são menos corruptos. Ou ainda, talvez, esta situação explique porque os evangélicos, que estatisticamente ainda é o movimento religioso que mais cresce, é também o que menos influencia socialmente. Uma pesquisa indica que o estado de Rondônia tem 27,75% de sua população confessando ser evangélica [2]; todavia, o impacto causado por este evangelicalismo em nossa região somente é percebido quando se faz shows ou alianças políticas de moral duvidosa.

Há ainda um mercado gospel que move muito dinheiro. Ressurge nestes tempos pós-modernos a prática medieval da simonia! Vende-se de tudo: cargos eclesiásticos em troca de poder; favores políticos em troca de voto; prosperidade financeira no lugar de santidade; e, a lista não termina aí. Objetos que são uma verdadeira macumba travestida de evangelho, em que, sal grosso, galho de arruda, água abençoada, água do rio Jordão, redinha do Mar da Galiléia, e uma infinidade de relíquias se multiplicam conforme a ambiciosa imaginação de quem torna a religião uma mercadoria ao gosto do cliente, que procura mestres segundo o seu interesse (2 Tm 4:3-4). A multidão que vai atrás de pão e cura nunca termina.

É muito estranho como parece difícil para o evangelicalismo rondoniense entender simplesmente o que é o Cristianismo puro e simples segundo a Escritura Sagrada. O assunto em si não é assim tão complicado, o que falta é um comprometido estudo da Palavra, e a necessidade de um pacto com o próprio coração de viver os valores absolutos e inegociáveis dentro da vontade de Deus. Por isso, insisto: não me chamem, nem me confundam com um evangélico, pelo menos enquanto este grupo for sinônimo de uma vida movida por uma graça barata e, vazio do antigo evangelho de Cristo Jesus![3]

[1] James M. Boice & Philip G. Ryken, The Doctrines of Grace (Wheaton, Crossway Books, 2002), pp. 20-21.
[2]Informação extraída de www.cacp.org.br/midia/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=1092&menu=16&submenu=5 acessado em 10 de Outubro de 2008.
[3] Para os desavisados de plantão a pintura acima é de Martinho Lutero na Dieta de Worms posicionando-se definitivamente contra a teologia romanista.

20 setembro 2008

Como a Bíblia chegou até nós?

A mente infinita de Deus ao comunicar a revelação da sua perfeita vontade entra em contato conosco que somos finitos e imperfeitos. Por isso, sob esta comunicação ocorre o controle do Espírito de Deus. A Palavra de Deus é acomodada ao pensamento humano, bem como à linguagem comum. Ela passa a participar e se manifestar com, em, através e além da cultura do escritor. Cremos que a Palavra de Deus está registrada no Antigo e no Novo Testamento, sendo escrita por autores humanos, que foram inspirados por Deus (2 Tm 3:16) garantindo a sua inerrância, autoridade, suficiência e clareza. Sabemos que absolutas verdades existem na mente de Deus e que através da revelação vêm à mente do escritor original, assim na inspiração esta revelação registrou-se em Escritura: a Palavra de Deus em palavras humanas.

A Bíblia é plenamente inspirada pelo Espírito Santo. Por inspiração plenária entendemos como sendo aquela completa e suficiente influência do Espírito Santo estendendo-se a todas as partes das Escrituras, ou seja, todos os assuntos abordados, Deus conferiu a sua opinião através da mente e palavras de homens, todavia, estas palavras serão no sentido estrito a Palavra de Deus. A divina influência, que envolveu os escritores sacros, obteve a sua extensão não somente aos seus pensamentos gerais, mas também as todas as palavras que eles usaram, de modo que os pensamentos que Deus desejou revelar-nos foram conduzidos com infalível exatidão – que os escritores foram os instrumentos de Deus no sentido que aquilo que eles disseram, foi de fato o que Deus disse.

A inspiração também foi orgânica. Por inspiração orgânica cremos que os autores não foram anulados em sua personalidade, em sua cultura, capacidade mental, estilo pessoal, mas o Espírito Santo agiu em, com, através e além deles. Os autores, de um modo incomum, tiveram os seus impulsos pecaminosos inibidos, de modo que não contaminassem o resultado de seu registro da Palavra de Deus. As suas capacidades foram aguçadas, de modo que, mesmo tendo um subdesenvolvimento cultural, as suas opiniões se tornaram tão sábias e verdadeiras, sendo evidente que ainda hoje, não conseguimos alcançar nem reproduzir obra literária de semelhante valor e coerência como a Escritura Sagrada. O Espírito Santo capacitou homens a conhecer, interpretar e expressar a verdade de Deus com exatidão. Ele também os impediu de incluir qualquer afirmação que fosse contrária a essa verdade, bem como qualquer informação que lhe fosse desnecessária.

Os escritores sacros foram movidos e inspirados pelo Espírito Santo, envolvendo tanto os pensamentos, como a linguagem, entretanto, eles foram preservados livres de todo erro, fazendo com que os seus escritos fossem inteiramente autênticos e divinos. A Escritura é a Palavra de Deus e não pode mentir (Nm 23:19; 1 Sm 15:29; Tt 1:2; Hb 6:18). Se a Bíblia contêm algum erro histórico, geográfico, ou científico, como podemos ter certeza de que não terá erros morais (Sl 12:6)? Se a Escritura tivesse erros, teríamos que questionar se Deus mentiu, ou errou em alguma de suas informações? Ele soberanamente não poderia livrar os seus escritores de errarem? Como poderíamos aceitar a autoridade da Bíblia, que alega ser a verdade, ensinar a verdade, inspirada por um Deus verdadeiro, e que ama a verdade, se sua Palavra estivesse cheia de erros (Nm 23:19; 2 Sm 7:28; Jo 17:17; Tt 1:2; Hb 6:18)? A inerrância da Escritura está associada com a intenção da mente do autor primário, ou seja, do próprio Espírito Santo. A inerrância é a base de autoridade para toda a Escritura (Mt 5:17-20; Jo 10:34-35).

Não temos mais os textos originais escritos pelos autores, mas temos muitas cópias deles. Com a preservação dos manuscritos temos os textos atuais que precisam ser criteriosamente comparados com todas as cópias para termos o que foi originalmente escrito pelos autores. Através da tradução obtemos as nossas versões que procuram transmitir fielmente o significado essencial do texto original em nossa língua. Por fim, através da correta interpretação da Bíblia a verdade chega a mente do leitor comunicando proposicionalmente a verdade original da mente de Deus.

12 setembro 2008

O Espírito Santo como autor da oração

Os verdadeiros salvos oram a Palavra, movidos pelo Espírito, e as orações estimuladas por Ele, recebem os méritos de Cristo, aplicadas em quem ora, pelo próprio Espírito. Assim, conclui-se que a oração é um meio de graça, porque “da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis” (Rm 8:26, NVI). Comentando este verso Wilhelmus à Brakel conclui que “isto significa que o Espírito Santo garante a disposição e desejos, concede as palavras na boca, segue adiante delas, e causa-as para orar depois delas.”[1] Nesta mesma perspectiva Ronald S. Wallace conclui que a relação da oração e do Espírito é que “nenhum homem é capaz de orar corretamente através de impulsos espontâneos de seus próprios sentimentos. Pois tal oração aparte do Espírito de Deus não é mais do que um mero balbuciar e um caçoar de Deus.”[2]

A oração não é uma atividade meramente humana. Nem mesmo é um simples resultado da influência santificadora do Espírito Santo, como se a terceira Pessoa da Trindade apenas estimulasse sentimentos de dependência, e o crente então, começasse a orar. Em outras palavras, a oração é uma ação da graça eficaz da Trindade no eleito, de modo que a sua salvação e santificação é realizada no Espírito, nos méritos de Cristo, e a oração, segundo a vontade de Deus é eficazmente atendida. Não seria biblicamente exato acusar a oração de ser uma ação da subjetividade emocional do ser humano. A Palavra de Deus é o conteúdo que o Espírito conduz o crente a orar, para que segundo o preceito de Deus, esteja de acordo com a sua vontade. Whilhelm Niesel conclui que “Cristo fornece a possibilidade objetiva da oração, e a fé a subjetiva. Falando estritamente poderíamos dizer que o Espírito Santo vem antes da fé. Assim, quando Calvino indica as pressuposições da oração, ele enfatiza, às vezes, a obra do Espírito Santo em do poder da fé. (...) A obra do Espírito não somente é a fé, mas também, o fruto da fé; isto é, oração. Este fato é a garantia de que a oração está fundamentada na palavra de Deus.”[3]

Oração é um meio de graça, porque quando oramos não intencionamos mudar algo em Deus, mas em nós.[4] É estranho, por exemplo, ler um teólogo calvinista, como A.A. Hodge, declarar que “a eficiência [da oração] consiste no seu poder de afetar a mente de Deus e dispô-la para fazer por nós o que ele não faria se não orássemos”.[5] Este raciocínio é falacioso, porque a oração não redireciona Deus à nosso favor, mas, pelo contrário, ela nos predispõe para aquilo que Ele quer realizar.

Notas:
[1] Wilhelmus à Brakel, The Christian’s Reasonable Service (Pittsbrugh, Soli Deo Gloria Publications, 1994), vol. 3, p. 452.
[2] Ronald S. Wallace, Calvin’s Doctrine of the Christian Life (Eugene, Wipf and Stock Publishers, 1997), p. 286.
[3] Wilhelm Niesel, The Theology of Calvin (Cambridge, James Clarke & Co., 2002), p. 155.
[4] Robert L. Dabney, Lectures on Systematic Theology (Grand Rapids, Zondervan Publishing House, 1978), p. 716.
[5] A.A. Hodge, Evangelical Theology (Edinburgh, The Banner of Truth, 1976), p. 91.

19 julho 2008

Os Dez Mandamentos na Família - 3

O terceiro mandamento enfatiza que não podemos tratar com leviandade tudo o que se refere ao nosso Deus. Com o que é sério não se brinca. O Catecismo Maior de Westminster comentando as suas implicações declara que "exige que o nome de Deus, os Seus títulos, os atributos, as ordenanças, a Palavra, os sacramentos, as orações, os juramentos, os votos, as sortes, as Suas obras e tudo pelo qual Ele se dá a conhecer, sejam santa e reverentemente usados ao se pensar, meditar, falar e escrever; mediante uma santa profissão de fé e um viver digno, para a glória de Deus e o bem de nós mesmos e dos outros."[1] A nossa geração vive um período de confusão quanto a autoridade da palavra, bem como da própria percepção de se respeitar Àquele que é fonte de toda autoridade.

É algo muito perigoso brincar, fazer piadas e mencionar de forma irreverente e irresponsável o nome ou as obras de Deus. Às vezes, ouço crentes fazendo piadas em que ridicularizam a pessoa de Deus, ou mais especificamente o Senhor Jesus, fazem para entreter pecadores com o santo nome do Todo-Poderoso. Como é comum que pecadores corram inconseqüentemente, onde os anjos até mesmo temem pisar! Quando pais contam piadas desta espécie diante dos seus filhos, eles estão ensinando-os a serem blasfemadores. Dificilmente estas crianças, adolescentes, ou jovens se comportarão nos cultos, que é o ajuntamente solene do povo de Deus, com reverência necessária. Mas, aquilo que fazem nos cultos nada mais é do que reflexo do culto a Deus prestado no dia a dia. Assim, podemos imaginar com tristeza no coração como é o relacionamento diário, e qual a seriedade com que vivem o evangelho de Cristo.

Se ao falar do Santo e da sua santidade manifesta na sua revelação, as pessoas o fazem de forma tão descomprometida, então, é possível, sem peso de consciência, que façam votos e juramentos sem calcular as conseqüências apelando-se para o nome de Deus. Neste caso a Escritura diz que devemos ser conhecidos pela nossa seriedade e firmeza de convicção e palavra, que o nosso "sim" signifique "sim", e o nosso "não" realmente tenha o absoluto sentido de "não" (Mt 5:37). Não é pecado jurar ou fazer votos quando somos exigidos pelas autoridades instituídas por Deus, mas não podemos recorrer a eles de modo tão irresponsável, ou em situações em que são desnecessários. O nome de Deus somente deve ser invocado para ser testemunha do que dizemos ou fazemos, quando o nosso testemunho é insuficiente e a glória de Deus é ameaçada de escândalo (1 Ts 2:5 e 10).

Nota:
[1] Catecismo Maior de Westminster, perg/resp. 112.

21 junho 2008

Os Dez Mandamentos na Família - 2

O primeiro mandamento condena adorar um deus falso, no segundo, o pecado repreendido é o da falsa adoração. Em algumas igrejas quem determina a liturgia do culto é o gosto das pessoas e, não a Escritura Sagrada. E, este é um perigo, pois nem sempre o nosso gosto está modelado pela Palavra de Deus, pelo contrário, o gosto tende a seguir os desejos e invenções do coração (Jr 17:9).

A Escritura fala de princípios de culto que não podem ser ignorados. Deus manifesta o modo como Ele quer ser adorado! Não podemos pensar que idolatria é meramente o inclinar-se diante de uma imagem. Os evangélicos pensam que não caem neste pecado, pelo fato de não terem imagens em seus cultos ou em seus lares, entretanto, idolatria envolve o falso culto, ou seja, buscar a Deus sem a simplicidade da adoração “em espírito e em verdade” (Jo 4:24). O Catecismo Menor de Westminster declara que “o segundo mandamento proíbe adorar a Deus por meio de imagens, ou de qualquer outra maneira não prescrita na sua Palavra” (perg./resp. 51). Toda invenção e acréscimo no culto que não seja centralizado em Deus, que não preserve a simplicidade, ou que induza ao entretenimento do auditório tirando a glória de Deus, é idolatria. E, este pecado é tão presente nos cultos evangélicos, como as imagens nos templos católicos!

Aplicando à família podemos pensar quão difícil é sarar a idolatria revestida de tradição. Existem práticas e costumes idólatras enxertados na veia familiar que são passadas gerações a gerações, sem a preocupação se aquilo é aprovado pela Palavra de Deus. Repete-se sem entendimento, somente porque “a minha família sempre fez assim”! Entretanto, isto tem conseqüência. Após a saída do Egito, e durante os 40 anos de peregrinação no deserto, o povo de Israel teve uma geração inteira condenada à morte, por causa da murmuração, rebeldia e da idolatria. Apenas os seus filhos puderam entrar na terra prometida. O livro de Deuteronômio faz constante menção “aos pais”, por vezes, advertindo dos seus pecados (Dt 7:1-5), para que não fossem repetidos pela nova geração. Após o assentamento do povo na terra de Canaã, Josué os desafia, dizendo: “porém, se vos parece mal servir ao SENHOR, escolhei hoje a quem sirvais: aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam dalém do Eufrates, ou aos deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e minha casa serviremos ao SENHOR” (Js 24:15).

O culto doméstico é onde os pais ensinam aos seus filhos Quem deve ser adorado. Pais omissos em seu dever de ensinar aos seus filhos como devem adorar a Deus, permitem que os modismos dos últimos ventos de doutrinas empurrem para a desordem litúrgica e irreverência, muitas vezes confundida com uma falsa intimidade com o Senhor. Se os pais ensinassem, em casa, os seus filhos como orar, como cantar, como ler as Escrituras e como respeitar a tremenda presença do Santo Deus, então, os cultos das reuniões do povo de Deus teriam maior qualidade.

17 maio 2008

Os Dez Mandamentos na Família - 1

Os Dez Mandamentos devem ser aplicados em todas as áreas da sociedade, especialmente na família. A Lei do Senhor são princípios absolutos, imutáveis e universais; ou seja, ela sempre será verdade em qualquer cultura, em todas as épocas e em todos os lugares. Não importa a geração, nem mesmo a experiência ou a falta de maturidade de vida, a Palavra de Deus dura para sempre e eternamente será reguladora para determinar como devemos viver de modo aceitável diante de Deus.

O primeiro mandamento do Decálogo determina que não devemos amar ninguém acima do SENHOR Deus. Somos devedores do cuidado e amor que nossos pais dispensaram a nós. A tendência de amar os nossos filhos e supervalorizá-los acima das outras pessoas é uma forma saudável de amá-los que pode tornar-se um tanto que protecionista. Como também é possível honrar os nossos pais acima de Senhor. Entretanto, Deus exige um amor exclusivo por Ele, incomparavelmente superior em intensidade e qualidade. Isto significa que devemos temer ao Senhor e obedecê-lo como um valor acima de qualquer pessoa que valorizemos, mesmo que sejam nossos pais, ou filhos. Jesus nos adverte declarando que "quem ama seu pai ou mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim (Mt 10:37).

Lembremos do negativo exemplo do sacerdote Eli e os seus dois filhos, Hofni e Finéias(1 Sm 1:3-4:18). A profecia contra a casa de Eli foi terrível por causa da gravidade do seu pecado, isto é, ele idolatrava os próprios filhos. Deus reprovou o sacerdote, dizendo: "por que pisais aos pés os meus sacrífcios e as minhas ofertas de manjares, que ordenei se me fizessem na minha morada? E, tu, por que honras a teus filhos mais do que a mim, para tu e eles vos engordardes das melhores de todas as ofertas do meu povo de Israel?" (1 Sm 3:29). Qualquer sentimento por nossos filhos que supere o nosso amor e temor pelo SENHOR torna-se numa disposição ou ato de idolatria contra Deus.

Mas, a Escritura Sagrada narra a submissão de Abraão pelo SENHOR, quando Ele exigiu que o pai da fé sacrificasse Isaque sobre o monte Moriá (Gn 22:1-19). O amor e devoção de Abraão estava acima de tudo, direcionada para a glória de Deus. Ele foi honrado pela sua obediência. O Anjo do SENHOR lhe disse: "jurei, por mim mesmo, diz o SENHOR, porquanto fizeste isso e não me negaste o teu único filho" (Gn 22:16).

Você deve amar os seus filhos e pais, entretanto, adoração é algo que somente Deus merece. Não podemos obedecer aos nossos pais, se eles exigirem que façamos algo contrário à Palavra de Deus; bem como, não devemos satisfazer aos caprichos dos nossos filhos, mimando os seus desejos pecaminosos. Isto é idolatria, porque desonramos voluntariamente a ordenança de Deus de sermos santos, e de consagrarmos tudo a Ele, em todas as circunstâncias, especialmente a nossa família.

03 maio 2008

Quem é má influência?

Educamos os nossos filhos planejando que eles sejam pessoas que tenham uma família bem estruturada, para que sirvam com os seus dons na igreja e sejam queridos na sociedade. Esperamos que eles saibam escolher os seus amigos, e que andem sempre em boa companhia. É pavoroso pensar que os nossos filhos estejam com pessoas de má índole; mas, mais angustiante é imaginar que eles se tornem vítimas da escória da sociedade. Ninguém espera que o seu filho se torne um viciado, nem que cometa vandalismo, ou que seja pego com marginais em atos criminosos!

Mas, você já parou prá pensar que é possível que os nossos filhos sejam "a má influência"? Somos tendenciosos em pensar neles sempre recebendo má influência, mas, e se for o contrário, e, se o problema estiver neles? Isto enche o seu coração de temor? Se você realmente se preocupa com a educação e o futuro do seu filho, leia atentamente o que vou escrever. Talvez, esta repreensão sirva prá você e terá maior valor se aplicá-la na formação dos seus filhos.

Responda com sinceridade: você aceita que outras pessoas denunciem os erros e algum mau comportamento de seus filhos? Não?! Caso você seja destes pais que "os meus filhos estão sempre certos", quero lhe falar algo simples: não seja tolo. Filhos nem sempre se comportam na companhia de outras pessoas como eles são na presença dos seus pais. Se você rejeita toda denúncia que parentes, amigos e professores fazem dos pecados públicos dos seus filhos, você estará criando neles um sentimento de impunidade. Este sentimento é fermento para a criminalidade. É uma raíz que crescerá e causará danos a médio e longo prazo. Boas famílias descuidadas neste importante detalhe diluem todo o esforço educacional investido em seus filhos, porque geraram neles a convicção de que os seus pecados são aceitos e não precisam ser corrigidos, que não importa o que fizerem de perverso, os seus pais sempre virão em seu auxílio passando "a mão em sua cabeça". Se os nossos filhos desenvolverem e crerem neste raciocínio, seremos culpados de desgraçar as suas vidas!

Não podemos ignorar o fato de que eles são ainda pecadores não-regenerados. Não estou insinuando que você tem se omitido na educação dos seus filhos. Estou afirmando que eles, embora sendo crianças, têm uma potencialidade natural para o mal tanto quanto eu e você, ainda que não tenham a mesma sagacidade para pecar de forma tão polida como nós adultos. Por isso, carecem de correção, em amor, com orientação na Palavra de Deus, para que o temor do Senhor seja implantado em seus corações. Esteja atento ao comportamento do seu filho, ouça denúncias contra os seus filhos e as verifique. Seja justo em corrigí-los a tempo, se for comprovado que pecaram publicamente.

A minha oração, como pai e pastor, é que o nosso Senhor Jesus livre os nossos filhos de má companhia, mas, rogo ainda mais insistentemente para que os nossos filhos não se tornem má influência! Suplico que a misericórdia que o nosso Redentor usou conosco, a aplique também nos corações dos nossos filhos, confirmando que eles são herdeiros da Aliança da graça.

22 março 2008

O túmulo está vazio!

Jesus Cristo esteve morto desde a tarde da Sexta-feira até a madrugada do Domingo. Os discípulos testificaram a morte do Mestre (Mc 15:44-45; Jo 19:32-34) e os seus inimigos também (Jo 19:31). Não há registro de que alguma vítima de crucificação tenha conseguido sobreviver tão terrível penalidade. Caso ainda estivesse vivo, a lança do soldado romano seria suficiente para por fim ao seu intenso sofrimento; entretanto, sabemos que do corte saiu "água e sangue" (Jo 15:34). Ele não esteve apenas desmaiado, em coma, ou num estado de catalepsia. Jesus esteve realmente morto e foi sepultado!

No Domingo, o nosso redentor levantou dentre os mortos (Mc 15:44-45; Jo 19:32-43). Ele ressuscitou no mesmo e verdadeiro corpo, mas com novas qualidades espirituais, ou seja, Cristo não apareceu como um espírito desencarnado, ou noutro corpo, mas no mesmo corpo mutilado e sepultado. Entretanto, por que os discípulos não Jesus reconheceram de imediato quando o viram (Lc 24:13-35)? A resposta é simples: o seu corpo ressurreto estava transformado num corpo incorruptível, poderoso, espiritual e glorioso (1 Co 15:42-44). A sua aparência física havia se transformado! O seu aspecto envelhecido por causa do seu sofrimento (Jo 8:57), bem como as marcas da tortura foram transformadas, porque toda a conseqüência do nosso pecado em seu corpo desapareram. As únicas marcas que propositalmente permaneceram após a sua ressurreição foram as marcas dos pregos e da lança para que testemunhassem quem ele realmente era (Lc 24:36-43)!

A ressurreição do nosso redentor assegura-nos maravilhosos benefícios. Ela inaugura uma nova ordem (Cl 1:8), isto é, o seu reino inicia, e agora desfrutamos da sua intercessão e da aplicação dos seus méritos, através do Espírito Santo, de modo que andamos em novidade de vida, não mais escravos do pecado. Jesus é o Senhor dos vivos e dos mortos (Rm 14:9). Pela sua vitória sobre a morte somos regenerados (1 Pe 1:3), recebemos poder para nos tornarmos filhos de Deus (Jo 1:12), nele somos justificados (Rm 4:25), e aguardamos a nossa ressurreição final (1 Co 6:14; 2 Co 4:14). Por isso, "meus amados irmãos, mantenham-se firmes, e que nada os abale. Sejam sempre dedicados à obra do Senhor, pois vocês sabem que, no Senhor, o trabalho de vocês não será inútil" (1 Co 15:58).

04 março 2008

Teologia e obediência

É lamentável que muitos ainda pensem que o treinamento teológico é algo destinado apenas a um grupo selecto. As nossas escolas dominicais poderiam ser transformadas em centros de treinamento teológico. Os nossos presbíteros poderiam receber um curso teológico para melhor supervisionar a saúde espiritual da Igreja. Gordon J. Spykman declara que “uma dogmática saudável está firmemente arraigada na vida religiosa da fé da comunidade cristã”.[1]

O treinamento teológico também visa à formação de cristãos que servirão com melhor capacitação nas igrejas. A Igreja de Cristo é um corpo composto de membros dotados com habilidades espirituais especiais. Se cada membro desenvolver o seu dom espiritual equipando-se com o mais qualificado conhecimento técnico, é muito provável que servirão melhor. Gordon J. Spykman observa que "a dogmática tem que manter abertas as linhas de comunicação com a igreja institucional na variedade de seus ministérios. A missão da igreja é equipar aos crentes com formas práticas para viverem juntos no mundo de Deus (Ef 4:11-16)."[2]

O Cristianismo não é somente uma religião, é uma cosmovisão, e por este motivo necessita ser entendido no seu todo e vivido coerentemente. Charles Colson afirmar que "o Cristianismo genuíno é mais do que relacionamento com Jesus, tanto quanto se expressa em piedade pessoal, freqüência à igreja, estudo da Bíblia e obras de caridade. É mais do que discipulado, mais do que acreditar em um sistema de doutrinas sobre Deus. O Cristianismo genuíno é uma maneira de ver e compreender toda a realidade. É uma cosmovisão, uma visão de mundo."[3]

Tendo isto em mente, os estudiosos de teologia precisam oferecer respostas e propostas cristãs para todas as áreas da sociedade. Gordon J. Spykman sugere que o esforço teológico "deveria ser moldado por uma estratégia do reino de Deus de tal maneira que possa penetrar o mercado das idéias e a arena das práticas diárias e produzir o impacto reformador do evangelho. A competência de outros eruditos capacita aos dogmáticos a ajudar ao povo de Deus a atuar mais biblicamente em assuntos políticos, econômicos, sociais e educativos."[4]

A Teologia, enquanto uma sistematização fiel da Palavra de Deus, objetiva fortalecer a sua fé. O estudo sistemático das Escrituras deve confirmar o que temos aprendido, restaurar o que temos perdido, reformar o que se tem corrompido, rejeitar o que não foi recebido, e despertar a devoção pela sã doutrina. Os cristãos são chamados por Deus para salvar não apenas a alma das pessoas, mas também as suas mentes. Para isso, os servos do Senhor nunca poderão se esquecer que crer é também pensar!

A integridade produz um poder de influência que todo cristão deve buscar (1 Tm 3:2, 10; Tt 1:6-7). John MacArthur Jr. conclui que “se nós realmente acreditamos que a verdade das Escrituras é objetiva e entendida racionalmente é tanto autoridade quanto incompatível com o erro, visto que a Bíblia é a Palavra singular do Deus vivo – devemos não apenas pregá-la, mas devemos vivê-la também.”[5]

A proclamação da fé Cristã é extraída do bojo teológico que a Igreja carrega consigo. Ela deve pregar e fazer novos discípulos. Mas anunciar o quê? O seu sistema litúrgico? A sua existência histórica? A sua influência social? Não! Ela não é testemunha de si mesma. Ela fala em nome de Cristo, e tendo o Senhor como o centro de sua mensagem. Sempre preparada para dar razão da fé (1 Pe 3:15) que fora entregue de uma vez aos santos (Jd vs.3).

Notas:
[1] Gordon J. Spykman, Teologia Reformacional, pág. 118.
[2] Ibidem.
[3] Charles Colson & Nancy Pearcey, E Agora Como Viveremos?, pág. 33.
[4] Gordon J. Spykman, Teologia Reformacional, pág. 121.
[5] John MacArthur Jr., Princípios para uma cosmovisão bíblica, pág. 71.

19 janeiro 2008

O que Jesus é meu?

O amado da nossa alma não foi um mero mestre da moral ou um dos últimos dos profetas. Se tudo o que Ele fez e disse não for verdade, então somos os mais iludidos homens deste mundo. Entretanto, a graça do nosso Deus tem nos revestido com poder e entendimento para crêr nEle e ver a Sua glória. Ele é o Filho de Deus (Jo 1:1,18; 2 Pe 1:1; Rm 9:5; Tt 2:13; Jo 20:28; Hb 1:8; 1 Jo 5:20). O Senhor Jesus falou da sua comunhão com o Pai (Jo 10:30), da Sua glória junto dEle (Jo 14:8-11; 17:5; Cl 1:15; Hb 1:3). Inclusive Jesus aceitava ser adorado como Deus (Mt 2:11; 14:33;15:25; 28:9,17; Lc 24:51-52; Jo 1:18; 5:23; 9:38; 14:13; 16:23-24; 20:28-29; Ap 1:5-6).

Muito tempo antes dEle nascer as profecias prediziam quem Ele seria e o que faria pelo Seu povo. Ele seria um descendente da tribo de Judá (Gn 49:10; Lc 3:33), concebido numa virgem (Is 7:14; Lc 1:26-27, 30-31), nascido em Belém (Mq 5:2; Lc 2:4-7), fugiria para o Egito (Os 11:1; Mt 2:14-15), por sua causa haveria uma matança de crianças (Jr 31:15; Mt 2:16-18), a sua vinda seria anunciada por um precursor (Ml 3:1; Lc 7:24,27), sofreria a rejeição dos judeus (Is 53:3; Jo 1:11), mas a sua entrada em Jerusalém seria algo triunfal (Zc 9:9; Mc 11:7,9,11), seria traído por 30 moedas de prata (Zc 11:12-13; Mt 26:15; 27:5-7), e morreria crucificado com criminosos Is 53:12; Mc 15:27-28), mas seria honrosamente sepultado com o rico (Is 53:9; Mt 27:57-60), nenhum dos seus ossos seriam quebrados (Sl 34:20; Jo 19:32-33, 36), e com glória ressuscitaria dos mortos ao terceiro dia (Sl 16:10; Mc 16:6-7). Todas as profecias a Seu respeito se cumpriram!

Os seus títulos indicam a Sua glória. No Antigo Testamento Ele foi chamado de Maravilhoso Conselheiro (Is 9:6), Deus Forte (Is 9:6), Pai da Eternidade (Is 9:6), Príncipe da Paz (Is 9:6), Redentor (Is 41:4; Jó 19:25), Santo de Israel (Is 41:14), Servo “sofredor” (Is 52:13-53:12). No Novo Testamento a Sua majestade resplandece como o sol do meio dia em todo a sua força! Jesus que é a "expressa exata do Ser de Deus" (Hb 1:3) é chamado o Salvador (Lc 1:47), Advogado (1 Jo 2:1), o Mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2:5), Alfa e Omega (Ap 21:6), o Santo de Deus (Mc 1:24), o Senhor da Glória (1 Co 2:8), o Verbo encarnado (Jo 1:1), o Autor da vida (At 3:15), o último Adão (1 Co 15:45), o primogênito da criação (Cl 1:15), o primogênito da morte (Cl 1:18), o Rei dos reis (Ap 19:16), o Senhor (Fp 2:11), a semente de Abraão (Gl 3:16), o Filho do Homem (Mt 18:11), o Mestre (Mt 19:16), o Filho de Davi (Mc 10:47), o Rei de Israel (Jo 1:49), o Guia (Mt 23:10), Ele é o unigênito de Deus, o Pai (Jo 3:16).

A Escritura também usa a linguagem figurada para descrevê-Lo. Ele é o Pão da Vida (Jo 6:35), a Pedra Angular (Ef 2:20), o Supremo Pastor (1 Pe 5:4), o Bom Pastor (Jo 10:11) e o Grande Pastor (Hb 13:20), mas sacrificialmente Ele é chamado o Cordeiro de Deus (Jo 1:29). A Sua obra o aponta como a Luz do Mundo (Jo 9:5), o Caminho (Jo 14:6), a Verdade ( Jo 14:6), a Vida (Jo 14:6), a Videira (Jo 15:1), a Porta das ovelhas (Jo 10:7), e, Ele mesmo é o Cabeça da Igreja (Ef 1:22-23).

O Senhor Jesus como Deus foi louvado em seus atributos divinos. Ele é descrito como sendo eterno (Jo 1:1; 8:58; 17:5, 24), onipotente (Jo 5:19; Hb 1:3; Ef 1:22; Ap 1:8), onisciente (Jo 2:24-25; 6:64; 16:30; 18:4; 21:17; Mt 9:4; 11:27; Cl 2:3), imutável (Hb 1:12; 13:8), santo (Jo 6:69; 8:29; 2 Co 5:21; 1 Pe 2:22), criador (Jo 1:3, 10; 1 Co 8:6; Cl 1:16), sustentador de todas as coisas (Cl 1:17). O Redentor agiu soberanamente para que o seu senhorio sobre todas as coisas fosse manifesto. Ele perdoou pecados (Mt 9:2; Lc 7:47; Jo 1:29; At 10:43; Cl 1:14; 1 Jo 1:7), e ressuscitou mortos (Jo 5:25; 11:25), pôde executar julgamento (Jo 5:22; At 10:42; 17:31), possuí domínio sobre os demônios (Lc 4:33-35; 8:27-33), bem como realizou milagres (Mc 2:5-12; Jo 2:11; 10:25; Mt 4:23-24; 11:2-6), sendo Ele o Autor da vida (Jo 5:21; 10:17-18; 11:25-44; Lc 8:52-55).

Há ainda alguma dúvida do que Jesus é meu?

09 janeiro 2008

Por que somos presbiterianos? - 10

Cremos no único Deus, que é Senhor da história e do universo, "que faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade" (Ef 1:11). A nossa convicção está em que a finalidade principal da vida humana não é somente o bem-estar, a saúde física, a prosperidade, a felicidade, ou mesmo a salvação do homem, mas, a glória de Deus, o louvor da santidade, justiça, fidelidade, poder, sabedoria, graça, bondade e de todos os Seus atributos. Deus não existe para satisfazer as necessidades do homem, embora Ele o faça por amor de Si mesmo (Ez 20:14). O homem foi criado para o louvor da Sua glória (Rm 11:36; Ef 1:6-14).[1] O Rev. Johannes G. Vos comentando o Catecismo Maior de Westminster observa que "quem pensa em gozar a Deus sem O glorificar corre o risco de supor que Deus existe para o homem, e não o homem para Deus. Enfatizar o gozar a Deus mais do que o glorificar a Deus resultará num tipo de religião falsamente mística ou
emocional".[2]

É certo que ela transcende ao nosso entendimento, mas ela pode ser percebida pela Sua manifestação na criação e pela revelada Palavra da Deus. João Calvino no início de suas Institutas escreve que "a soma total da nossa sabedoria, a que merece o nome de sabedoria verdadeira e certa, abrange estas duas partes: o conhecimento que se pode ter de Deus, e o de nós mesmos. Quanto ao primeiro, deve-se mostrar não somente que há um só Deus, a quem é necessário que todos prestem honra e adorem, mas também que Ele é a fonte de toda verdade, sabedoria, bondade, justiça, juízo, misericórdia, poder e santidade, para que dele aprendamos a ouvir e a esperar todas as coisas. Deve-se, pois, reconhecer, com louvor e ação de graças, que tudo dele procede."[2]

Mas, por que a nossa felicidade depende da glória de Deus? Porque a nossa dignidade e felicidade depende de vivermos sem a insensatez, vícios e destruição que o pecado causa. Somente quando obedecemos a vontade de Deus, segundo as Escrituras, podemos andar aceitáveis em Sua presença e desfrutar dos benefícios das Suas promessas. Aurélio Agostinho em suas Confissões declarou que "Tu o incitas para que sinta prazer em louvar-te; fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em ti".[3]

O soberano Senhor não compartilha a Sua glória com ninguém! O nosso orgulho é uma ofensa gravíssima ao nosso Deus. Não é em vão que Ele denúncia a Sua rejeição aos soberbos (Tg 4:6-10). Somente Ele é o Altíssimo, enquanto o pecador consegue em suas fúteis pretensões ser apenas uma ilusória altivez. Não podemos esquecer de que somos chamados para ser servos do Seu reino, e de que toda a abrangência de nossa vida está a Seu serviço (Rm 11:36).

O profeta Jeremias disse que "assim diz o SENHOR: não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas; mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em entender, e em me conhecer, que eu sou o SENHOR, que faço benevolência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR." (Jr 9:23-24).

Notas:
[1] Breve Catecismo de Westminster, perg./resp. 1
[2] Johannes G. Vos, Catecismo Maior de Westminster Comentado (Editora Os Puritanos), pág. 32
[3] João Calvino, Institutas, (edição estudo de 1541), vol. I, pág. 55
[4] Santo Agostinho, Confissões (Editora Paulus), vol. 10, pág. 19