19 janeiro 2008

O que Jesus é meu?

O amado da nossa alma não foi um mero mestre da moral ou um dos últimos dos profetas. Se tudo o que Ele fez e disse não for verdade, então somos os mais iludidos homens deste mundo. Entretanto, a graça do nosso Deus tem nos revestido com poder e entendimento para crêr nEle e ver a Sua glória. Ele é o Filho de Deus (Jo 1:1,18; 2 Pe 1:1; Rm 9:5; Tt 2:13; Jo 20:28; Hb 1:8; 1 Jo 5:20). O Senhor Jesus falou da sua comunhão com o Pai (Jo 10:30), da Sua glória junto dEle (Jo 14:8-11; 17:5; Cl 1:15; Hb 1:3). Inclusive Jesus aceitava ser adorado como Deus (Mt 2:11; 14:33;15:25; 28:9,17; Lc 24:51-52; Jo 1:18; 5:23; 9:38; 14:13; 16:23-24; 20:28-29; Ap 1:5-6).

Muito tempo antes dEle nascer as profecias prediziam quem Ele seria e o que faria pelo Seu povo. Ele seria um descendente da tribo de Judá (Gn 49:10; Lc 3:33), concebido numa virgem (Is 7:14; Lc 1:26-27, 30-31), nascido em Belém (Mq 5:2; Lc 2:4-7), fugiria para o Egito (Os 11:1; Mt 2:14-15), por sua causa haveria uma matança de crianças (Jr 31:15; Mt 2:16-18), a sua vinda seria anunciada por um precursor (Ml 3:1; Lc 7:24,27), sofreria a rejeição dos judeus (Is 53:3; Jo 1:11), mas a sua entrada em Jerusalém seria algo triunfal (Zc 9:9; Mc 11:7,9,11), seria traído por 30 moedas de prata (Zc 11:12-13; Mt 26:15; 27:5-7), e morreria crucificado com criminosos Is 53:12; Mc 15:27-28), mas seria honrosamente sepultado com o rico (Is 53:9; Mt 27:57-60), nenhum dos seus ossos seriam quebrados (Sl 34:20; Jo 19:32-33, 36), e com glória ressuscitaria dos mortos ao terceiro dia (Sl 16:10; Mc 16:6-7). Todas as profecias a Seu respeito se cumpriram!

Os seus títulos indicam a Sua glória. No Antigo Testamento Ele foi chamado de Maravilhoso Conselheiro (Is 9:6), Deus Forte (Is 9:6), Pai da Eternidade (Is 9:6), Príncipe da Paz (Is 9:6), Redentor (Is 41:4; Jó 19:25), Santo de Israel (Is 41:14), Servo “sofredor” (Is 52:13-53:12). No Novo Testamento a Sua majestade resplandece como o sol do meio dia em todo a sua força! Jesus que é a "expressa exata do Ser de Deus" (Hb 1:3) é chamado o Salvador (Lc 1:47), Advogado (1 Jo 2:1), o Mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2:5), Alfa e Omega (Ap 21:6), o Santo de Deus (Mc 1:24), o Senhor da Glória (1 Co 2:8), o Verbo encarnado (Jo 1:1), o Autor da vida (At 3:15), o último Adão (1 Co 15:45), o primogênito da criação (Cl 1:15), o primogênito da morte (Cl 1:18), o Rei dos reis (Ap 19:16), o Senhor (Fp 2:11), a semente de Abraão (Gl 3:16), o Filho do Homem (Mt 18:11), o Mestre (Mt 19:16), o Filho de Davi (Mc 10:47), o Rei de Israel (Jo 1:49), o Guia (Mt 23:10), Ele é o unigênito de Deus, o Pai (Jo 3:16).

A Escritura também usa a linguagem figurada para descrevê-Lo. Ele é o Pão da Vida (Jo 6:35), a Pedra Angular (Ef 2:20), o Supremo Pastor (1 Pe 5:4), o Bom Pastor (Jo 10:11) e o Grande Pastor (Hb 13:20), mas sacrificialmente Ele é chamado o Cordeiro de Deus (Jo 1:29). A Sua obra o aponta como a Luz do Mundo (Jo 9:5), o Caminho (Jo 14:6), a Verdade ( Jo 14:6), a Vida (Jo 14:6), a Videira (Jo 15:1), a Porta das ovelhas (Jo 10:7), e, Ele mesmo é o Cabeça da Igreja (Ef 1:22-23).

O Senhor Jesus como Deus foi louvado em seus atributos divinos. Ele é descrito como sendo eterno (Jo 1:1; 8:58; 17:5, 24), onipotente (Jo 5:19; Hb 1:3; Ef 1:22; Ap 1:8), onisciente (Jo 2:24-25; 6:64; 16:30; 18:4; 21:17; Mt 9:4; 11:27; Cl 2:3), imutável (Hb 1:12; 13:8), santo (Jo 6:69; 8:29; 2 Co 5:21; 1 Pe 2:22), criador (Jo 1:3, 10; 1 Co 8:6; Cl 1:16), sustentador de todas as coisas (Cl 1:17). O Redentor agiu soberanamente para que o seu senhorio sobre todas as coisas fosse manifesto. Ele perdoou pecados (Mt 9:2; Lc 7:47; Jo 1:29; At 10:43; Cl 1:14; 1 Jo 1:7), e ressuscitou mortos (Jo 5:25; 11:25), pôde executar julgamento (Jo 5:22; At 10:42; 17:31), possuí domínio sobre os demônios (Lc 4:33-35; 8:27-33), bem como realizou milagres (Mc 2:5-12; Jo 2:11; 10:25; Mt 4:23-24; 11:2-6), sendo Ele o Autor da vida (Jo 5:21; 10:17-18; 11:25-44; Lc 8:52-55).

Há ainda alguma dúvida do que Jesus é meu?

09 janeiro 2008

Por que somos presbiterianos? - 10

Cremos no único Deus, que é Senhor da história e do universo, "que faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade" (Ef 1:11). A nossa convicção está em que a finalidade principal da vida humana não é somente o bem-estar, a saúde física, a prosperidade, a felicidade, ou mesmo a salvação do homem, mas, a glória de Deus, o louvor da santidade, justiça, fidelidade, poder, sabedoria, graça, bondade e de todos os Seus atributos. Deus não existe para satisfazer as necessidades do homem, embora Ele o faça por amor de Si mesmo (Ez 20:14). O homem foi criado para o louvor da Sua glória (Rm 11:36; Ef 1:6-14).[1] O Rev. Johannes G. Vos comentando o Catecismo Maior de Westminster observa que "quem pensa em gozar a Deus sem O glorificar corre o risco de supor que Deus existe para o homem, e não o homem para Deus. Enfatizar o gozar a Deus mais do que o glorificar a Deus resultará num tipo de religião falsamente mística ou
emocional".[2]

É certo que ela transcende ao nosso entendimento, mas ela pode ser percebida pela Sua manifestação na criação e pela revelada Palavra da Deus. João Calvino no início de suas Institutas escreve que "a soma total da nossa sabedoria, a que merece o nome de sabedoria verdadeira e certa, abrange estas duas partes: o conhecimento que se pode ter de Deus, e o de nós mesmos. Quanto ao primeiro, deve-se mostrar não somente que há um só Deus, a quem é necessário que todos prestem honra e adorem, mas também que Ele é a fonte de toda verdade, sabedoria, bondade, justiça, juízo, misericórdia, poder e santidade, para que dele aprendamos a ouvir e a esperar todas as coisas. Deve-se, pois, reconhecer, com louvor e ação de graças, que tudo dele procede."[2]

Mas, por que a nossa felicidade depende da glória de Deus? Porque a nossa dignidade e felicidade depende de vivermos sem a insensatez, vícios e destruição que o pecado causa. Somente quando obedecemos a vontade de Deus, segundo as Escrituras, podemos andar aceitáveis em Sua presença e desfrutar dos benefícios das Suas promessas. Aurélio Agostinho em suas Confissões declarou que "Tu o incitas para que sinta prazer em louvar-te; fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em ti".[3]

O soberano Senhor não compartilha a Sua glória com ninguém! O nosso orgulho é uma ofensa gravíssima ao nosso Deus. Não é em vão que Ele denúncia a Sua rejeição aos soberbos (Tg 4:6-10). Somente Ele é o Altíssimo, enquanto o pecador consegue em suas fúteis pretensões ser apenas uma ilusória altivez. Não podemos esquecer de que somos chamados para ser servos do Seu reino, e de que toda a abrangência de nossa vida está a Seu serviço (Rm 11:36).

O profeta Jeremias disse que "assim diz o SENHOR: não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas; mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em entender, e em me conhecer, que eu sou o SENHOR, que faço benevolência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR." (Jr 9:23-24).

Notas:
[1] Breve Catecismo de Westminster, perg./resp. 1
[2] Johannes G. Vos, Catecismo Maior de Westminster Comentado (Editora Os Puritanos), pág. 32
[3] João Calvino, Institutas, (edição estudo de 1541), vol. I, pág. 55
[4] Santo Agostinho, Confissões (Editora Paulus), vol. 10, pág. 19