Por que somos presbiterianos? - 10

Cremos no único Deus, que é Senhor da história e do universo, "que faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade" (Ef 1:11). A nossa convicção está em que a finalidade principal da vida humana não é somente o bem-estar, a saúde física, a prosperidade, a felicidade, ou mesmo a salvação do homem, mas, a glória de Deus, o louvor da santidade, justiça, fidelidade, poder, sabedoria, graça, bondade e de todos os Seus atributos. Deus não existe para satisfazer as necessidades do homem, embora Ele o faça por amor de Si mesmo (Ez 20:14). O homem foi criado para o louvor da Sua glória (Rm 11:36; Ef 1:6-14).[1] O Rev. Johannes G. Vos comentando o Catecismo Maior de Westminster observa que "quem pensa em gozar a Deus sem O glorificar corre o risco de supor que Deus existe para o homem, e não o homem para Deus. Enfatizar o gozar a Deus mais do que o glorificar a Deus resultará num tipo de religião falsamente mística ou
emocional".[2]

É certo que ela transcende ao nosso entendimento, mas ela pode ser percebida pela Sua manifestação na criação e pela revelada Palavra da Deus. João Calvino no início de suas Institutas escreve que "a soma total da nossa sabedoria, a que merece o nome de sabedoria verdadeira e certa, abrange estas duas partes: o conhecimento que se pode ter de Deus, e o de nós mesmos. Quanto ao primeiro, deve-se mostrar não somente que há um só Deus, a quem é necessário que todos prestem honra e adorem, mas também que Ele é a fonte de toda verdade, sabedoria, bondade, justiça, juízo, misericórdia, poder e santidade, para que dele aprendamos a ouvir e a esperar todas as coisas. Deve-se, pois, reconhecer, com louvor e ação de graças, que tudo dele procede."[2]

Mas, por que a nossa felicidade depende da glória de Deus? Porque a nossa dignidade e felicidade depende de vivermos sem a insensatez, vícios e destruição que o pecado causa. Somente quando obedecemos a vontade de Deus, segundo as Escrituras, podemos andar aceitáveis em Sua presença e desfrutar dos benefícios das Suas promessas. Aurélio Agostinho em suas Confissões declarou que "Tu o incitas para que sinta prazer em louvar-te; fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em ti".[3]

O soberano Senhor não compartilha a Sua glória com ninguém! O nosso orgulho é uma ofensa gravíssima ao nosso Deus. Não é em vão que Ele denúncia a Sua rejeição aos soberbos (Tg 4:6-10). Somente Ele é o Altíssimo, enquanto o pecador consegue em suas fúteis pretensões ser apenas uma ilusória altivez. Não podemos esquecer de que somos chamados para ser servos do Seu reino, e de que toda a abrangência de nossa vida está a Seu serviço (Rm 11:36).

O profeta Jeremias disse que "assim diz o SENHOR: não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas; mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em entender, e em me conhecer, que eu sou o SENHOR, que faço benevolência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR." (Jr 9:23-24).

Notas:
[1] Breve Catecismo de Westminster, perg./resp. 1
[2] Johannes G. Vos, Catecismo Maior de Westminster Comentado (Editora Os Puritanos), pág. 32
[3] João Calvino, Institutas, (edição estudo de 1541), vol. I, pág. 55
[4] Santo Agostinho, Confissões (Editora Paulus), vol. 10, pág. 19

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