28 março 2015

As Marcas da Masculinidade

Por Albert Mohler Jr.

Quando um rapaz se torna homem? A resposta a essa pergunta está muito além do aspecto biológico e da idade. Conforme definida na Bíblia, a masculinidade é uma realidade funcional, demonstrada no cumprimento, por parte do homem, de responsabilidade e liderança. Com isso em mente, gostaria de sugerir treze marcas da masculinidade bíblica. Chegar a essas qualidades vitais identifica o surgimento de um homem que demonstrará verdadeira masculinidade bíblica.

1. Maturidade espiritual suficiente para liderar uma esposa e filhos.

A Bíblia é clara a respeito da responsabilidade do homem em exercer maturidade e liderança espiritual. De fato, essa maturidade espiritual demanda tempo para ser desenvolvida, bem como é um dom do Espírito Santo agindo na alma do crente. As disciplinas da vida cristã, incluindo a oração e estudo bíblico sério, estão entre os meios que Deus usa para moldar um rapaz em um homem e trazer maturidade espiritual à vida de alguém que tem a responsabilidade de guiar uma esposa e uma família. Esta liderança espiritual é central à visão cristã sobre o casamento e a família.

A liderança espiritual de um homem não é uma questão de poder ditatorial, e sim uma liderança e influência espiritual, firme e confiável. Um homem tem de estar pronto para liderar sua esposa e filhos de um modo que honre a Deus, demonstra piedade, inculque o caráter cristão e leve sua família a desejar a Cristo e a buscar a glória de Deus. A maturidade espiritual é uma marca da verdadeira masculinidade cristã; um homem espiritualmente imaturo é, pelo menos neste sentido crucial, apenas um rapaz no aspecto espiritual.

2. Maturidade pessoal suficiente para ser um marido e pai responsável.

A verdadeira masculinidade não é uma questão de exibir características supostamente masculinas destituídas do contexto de responsabilidade. Na Bíblia, um homem é chamado a cumprir seu papel de marido e pai. A menos que ele tenha o dom de celibato para o serviço do evangelho, o rapaz cristão deve almejar o casamento e a paternidade. Essa é, com certeza, uma afirmação contrária à nossa cultura, mas o papel de marido e pai é essencial à masculinidade. O casamento é incomparável em seus efeitos sobre o homem, visto que canaliza suas energias e direciona suas responsabilidades à consagrada aliança do casamento e à educação amorosa da família. Os rapazes cristãos devem aspirar ser aquele tipo de homem com o qual uma moça cristã se casaria alegremente, a quem os filhos obedeceriam, confiariam e respeitariam.

3. Maturidade econômica suficiente para manter-se num emprego e lidar com o dinheiro.

Os publicitários e os empresários sabem a que alvo devem direcionar suas mensagens — diretamente aos rapazes e adolescentes. Esse segmento específico da população é atraído por bens materiais, entretenimento popular, eventos esportivos e outras opções de consumo. O retrato da masculinidade juvenil tornado popular nos meios de comunicação e apresentado como normal por meio de entretenimentos é caracterizado por imprudência econômica, egoísmo e lazer.

Um verdadeiro homem sabe como segurar um emprego, lidar responsavelmente com o dinheiro e atender às necessidades de sua esposa e sua família. Não desenvolver maturidade econômica significa que os rapazes freqüentemente pulam de um emprego a outro e levam anos para “se acharem” em termos de carreira e vocação. Novamente, a adolescência prolongada caracteriza grande segmento da população de rapazes em nossos dias. Um homem verdadeiro sabe como ganhar, administrar e respeitar o dinheiro. Um rapaz crente entende o perigo que existe no amor ao dinheiro e cumpre suas responsabilidades como um servo cristão.

4. Maturidade física suficiente para trabalhar e proteger a família.

A menos que seja incapacitado ou enfermo, um rapaz precisa desenvolver uma maturidade física que, por meio de estatura e vigor, identificam uma masculinidade reconhecível. É claro que os homens atingem diferentes tamanhos e demonstram diferentes níveis de vigor físico, mas a maturidade é comum a todos os homens, pela qual um homem demonstra sua masculinidade em ações, confiança e força. Um homem tem de estar pronto a usar sua força física para proteger a esposa e os filhos e cumprir as tarefas que Deus lhe designou. Um rapaz tem de ser ensinado a canalizar seu desenvolvimento e porte físico a um compromisso pessoal de responsabilidade, reconhecendo que o vigor adulto tem de ser combinado com a responsabilidade de adulto e a verdadeira maturidade.

5. Maturidade sexual suficiente para casar e cumprir os propósitos de Deus.

Mesmo quando a sociedade celebra o sexo em todas as formas e todas as idades, o verdadeiro homem cristão pratica a integridade sexual, evitando pornografia, fornicação e todas as formas de promiscuidade e corrupção sexual. Ele entende o perigo da lascívia, mas se regozija com a capacidade sexual e poder reprodutivo que Deus lhe deu, comprometendo-se com uma moça, ganhando o seu amor, confiança e admiração — e, eventualmente, sua mão em casamento. É crucial que os homens respeitem esse dom inefável e o protejam até que, no contexto de um casamento santo, sejam capazes de satisfazer esse dom, amem sua esposa e almejem os filhos, que são dons de Deus. A sexualidade masculina divorciada do contexto e da integridade do casamento é uma realidade explosiva e perigosa. O rapaz precisa entender, enquanto atravessa a puberdade e o despertamento da sexualidade, que ele é responsável para com Deus pela administração deste importante dom.

6. Maturidade moral suficiente para liderar como um exemplo de retidão.

O padrão vulgar de comportamento dos rapazes é, em geral, caracterizado por negligência, irresponsabilidade e coisas piores. À medida que um rapaz se desenvolve até à masculinidade, ele tem de desenvolver maturidade moral, enquanto aspira a retidão, o aprender a pensar como um cristão, agir como um cristão e mostrar aos outros como fazer isso.

O homem cristão deve ser um exemplo para os outros, ensinando tanto por preceito como por exemplo. É claro que isso exige o exercício de raciocínio moral responsável. A verdadeira educação moral começa com um entendimento claro dos padrões morais e deve mover-se a um nível de raciocínio moral mais elevado, pelo qual um rapaz aprende como os princípios bíblicos são transformados em viver piedoso e como os desafios morais de seus dias devem ser confrontados com as verdades reveladas na infalível e inerrante Palavra de Deus.

7. Maturidade ética suficiente para tomar decisões responsáveis.

Ser um homem implica tomar decisões. Um das tarefas mais fundamentais da liderança é decidir. O estado de indecisão de muitos homens contemporâneos é a evidência de uma masculinidade atrofiada. É claro que um homem não se precipita a tomar uma decisão sem refletir, considerar e ter cuidado, mas ele se expõe a um risco, ao tomar uma decisão — e ao torná-la permanente. Isso exige uma responsabilidade moral que se estenda à tomada de decisões éticas e maduras, que glorifiquem a Deus, sejam fiéis à Palavra de Deus e estejam abertas ao escrutínio moral.

Um verdadeiro homem sabe como tomar uma decisão e viver com suas conseqüências — embora isso signifique que, mais tarde, ele terá de reconhecer que aprendeu por tomar uma decisão errada e por fazer a correção apropriada.

8. Maturidade de percepção do mundo suficiente para entender o que é realmente importante.

Uma inversão de valores caracteriza nossa era pós-moderna, e a situação desagradável da masculinidade moderna se torna mais apavorante pelo fato de que muitos homens não têm a capacidade de desenvolver uma percepção de mundo consistente. Para o crente, isso é duplamente trágico, pois nosso discipulado cristão tem de ser demonstrado no desenvolvimento de uma mente cristã.

O cristão tem de entender como interpretar e avaliar as questões pelo espectro dos campos da política, economia, moralidade, entretenimento, educação e uma lista aparentemente interminável de outros campos. A ausência de um raciocínio bíblico e consistente da percepção do mundo é um característica fundamental da imaturidade espiritual. Um rapaz tem de aprender com traduzir a verdade cristão em uma maneira de pensar genuinamente cristã. Precisa aprender a defender a verdade bíblica perante seus colegas e em pública; e deve adquirir a habilidade de estender sua maneira de pensar bíblica, fundamentada em princípios bíblicos, a todas as áreas da vida.

9. Maturidade relacional suficiente para entender e respeitar os outros.

Os psicólogos agora falam sobre a “inteligência emocional” como um fato importante no desenvolvimento pessoal. Embora o mundo tenha dado muita atenção ao QI, a inteligência emocional é tão importante como aquele. Os indivíduos que não têm a habilidade de relacionar-se com os outros estão destinados a fracassarem diante dos mais significativos desafios da vida e não cumprirão algumas de suas mais importantes responsabilidades e papéis.

Por natureza, muitos rapazes são direcionados por seu interior. Enquanto as moças aprendem a interpretar os sinais emocionais e se conectam, muitos rapazes não possuem essa capacidade e, aparentemente, não entendem a ausência dessa habilidade. Embora o homem tenha de demonstrar força emocional, constância e firmeza, ele tem de aprender a se relacionar com sua esposa, filhos, colegas e muitos outros, de uma maneira que demonstre respeito, entendimento e empatia apropriada. Ele não aprende isso jogando videogames e entrando no mundo pessoal, o que muitos rapazes adolescentes fazem.

10. Maturidade social suficiente para fazer contribuições à sociedade.

O lar é o lugar essencial e a ênfase inescapável da responsabilidade de um homem, mas ele é chamado a sair do lar para ir ao mundo, o mundo amplo, como uma testemunha e como alguém que dará uma contribuição ao bem comum. Deus criou os seres humanos como criaturas sociais e, ainda que nossa cidadania final esteja no céu, temos de cumprir nossa cidadania na terra.

Um rapaz tem de aprender a cumprir uma responsabilidade política como cidadão e uma responsabilidade moral como membro de uma comunidade. O homem crente tem uma responsabilidade civilizacional, e os rapazes devem aprender a se verem como formadores da sociedade, visto que a igreja é identificada pelo Senhor como luz e sal. De modo semelhante, um homem crente tem de aprender a se relacionara com os incrédulos, como testemunha e como cidadãos de uma pátria terrestre.

11. Maturidade verbal suficiente para se comunicar e falar como homem.

Um homem tem de ser capaz de falar, ser entendido e se comunicar de um modo que honre a Deus e transmita a verdade de Deus aos outros. Além do contexto da conversa, o rapaz deve aprender a falar diante de grandes grupos, vencendo a timidez natural e o temor que resulta de ver um grande número de pessoas e abrindo a boca e projetando palavras.

Embora nem todos os homens se tornarão oradores públicos, cada homem deveria ter a habilidade de levantar-se, formular suas palavras e argumentar quando a verdade está sob ataque e quando a fé e a convicção têm de ser traduzidas em argumentos.

12. Maturidade de caráter suficiente para demonstrar coragem em meio ao fogo.

A literatura sobre masculinidade está repleta de histórias de coragem, bravura e audácia. Pelo menos, é assim que ela costumava ser. Ora, estando a masculinidade tanto banalizada como marginalizada pelas elites culturais, e existindo subversão ideológica e confusão proveniente dos meios de comunicação, temos de recapturar um compromisso com a coragem, compromisso esse que é transportados aos desafios da vida real enfrentados pelo homem cristão.

Às vezes, a qualidade de coragem é demonstrada quando um homem arrisca sua própria vida para defender outros, especialmente sua esposa e filhos, mas também qualquer pessoa que necessita de resgate. Com muita freqüência, a coragem é demonstrada em tomar uma posição em meio ao fogo hostil, recusando-se a sucumbir à tentação do silêncio e permanecendo como um exemplo e modelo para os outros, que assim serão encorajados a se manterem firmes em sua própria posição.

Nestes dias, a masculinidade bíblica exige muita coragem. As ideologias prevalecentes e as cosmovisões desta era são inerentemente hostis à verdade cristã e corrosivas à fidelidade cristã. Um rapaz precisa ter muita coragem para se comprometer com a pureza sexual, e um homem, para se dedicar exclusivamente à sua esposa. É necessário grande coragem para dizer não àquilo que esta cultura insiste serem os prazeres e deleites legítimos da carne. É necessário muita coragem para manter integridade pessoal em um mundo que desvaloriza a verdade, menospreza a Palavra de Deus e promete auto-realização e felicidade somente pela asseveração da absoluta autonomia pessoal.

A verdadeira confiança de um homem está arraigada nas fontes da coragem, e esta é evidência de caráter. Em última análise, o caráter de um homem é revelado no crisol dos desafios diários. Para a maioria dos homens, a vida também traz momentos em que coragem extraordinária será exigida, se ele tem de permanecer fiel e verdadeiro.

13. Masculinidade bíblica suficiente para exercer algum nível de liderança na igreja.

Uma consideração mais atenta de algumas igrejas revelará que um problemas centrais é a falta de maturidade bíblica entre os homens da congregação e a falta de conhecimento bíblico, o que torna os homens mal equipados e completamente despreparados para exercer liderança espiritual.

Os rapazes têm de familiarizar-se com o texto bíblico e sentir-se à vontade no estudo da Palavra de Deus. Precisam estar prontos a assumir seu lugar como líderes na igreja local. Deus estabeleceu oficiais específicos para a sua igreja — homens que são dotados e chamados publicamente —, por isso, todo homem crente deveria cumprir alguma responsabilidade de liderança na vida da igreja local.

Para alguns homens, isso pode significar um papel de liderança menos público do que o de outros. Em qualquer caso, um homem dever ser capaz de ensinar alguém e liderar algum ministério, transformando seu discipulado pessoal na realização de uma vocação santa. Há um papel de liderança para todo homem, em toda igreja, quer seja uma liderança pública ou privada, pequena ou grande, oficial ou extra-oficial. Um homem deve saber como orar diante dos outros, apresentar o evangelho e ocupar um lugar vazio quando a necessidade de liderança é evidente.

Fonte: Ministério Fiel: http://bit.ly/13niJKz

24 março 2015

A participação de crianças no culto ao Senhor Deus

Há algum tempo sinto-me incomodado pelo assunto "culto infantil". Decidi estudar o assunto, pois, até então o considerei algo de menor importância dentre os vários assuntos secundários da teologia e prática pastoral. Mas, ao ler e meditar sobre a sua seriedade, percebi que estava profundamente errado. Agora o meu desejo é auxiliar os meus irmãos a entenderem a gravidade de excluirmos as nossas crianças do culto solene. Não quero fazer disso um motivo de desentendimentos. Eu mesmo, sempre evitei discutir, ou até mesmo conversar sobre o assunto. Por isso, oro, e disponho-me a conversar, instruir e ajudar a mudar fazendo as adaptações necessários para sermos cada vez mais uma igreja saudável e fiéis ao Senhor Deus.

Sei dos vários argumentos pragmáticos, pois, algumas vezes usei alguns deles para acalentar a minha consciência. Mas, recordo que o nosso compromisso é com a Escritura Sagrada - como nossa única de fé e prática - e, embora não escreverei aqui um artigo advogando contra a realização do "culto infantil", deixarei alguns links para que você possa lê-los, e pensar no assunto. A minha oração é que o Senhor Deus implante em seu coração a convicção do cuidado que devemos ter com os nossos filhos, e do privilégio de como herdeiros do pacto, possam participar do culto - um ato pactual - da família da aliança!


RECOMENDO A LEITURA:

1. A família: juntos na presença de Deus - escrito por Nöel e John Piper

2. Lugar de criança é no culto - escrito por Ivonete Silva Porto

3. Sua igreja tem culto infantil? - escrito por Tom Ascol

4. Por que, na minha opinião, o "culto infantil" é um equívoco - escrito por Ageu Magalhães


Talvez, a maior preocupação dos pais é "o que o meu filho ficará fazendo durante o culto, ou especificamente no decorrer do sermão?" Pensando neste dilema, resolvi esboçar algumas ideias para ajudá-los na educação de seus filhos.

O que segue abaixo é uma sugestão de esboço do que o seu filho poderá anotar, ou desenhar, caso não seja alfabetizado. Obviamente os pais deverão se preparar antes, durante e continuar conversando sobre o sermão depois do culto, para auxiliar os seus pequeninos a adorar ao Senhor como convém!


~ AS MINHAS ANOTAÇÕES DO SERMÃO ~

CONSELHO AOS PAIS:
1. Sentem-se o mais perto do púlpito quanto possível para que as crianças vejam e ouçam bem o pregador.
2. Ao saírem de casa conversem sobre o sermão e crie a expectativa do que Deus falará com vocês.
3. A instrução simples é bem entendida pelas crianças. Por exemplo: “quando formos ler a Bíblia, abram no texto que foi pedido. Quando orarmos, fechem os olhos. Nos cânticos, cantem! E quando o pastor for pregar – prestem atenção!” Explique que assim, elas estarão participando do culto – adorando ao Senhor e ouvindo a Palavra de Deus.
4. Providenciem um “caderno especial para anotação dos sermões”. Os pais não devem recorrer a este caderno para receitas de bolos, recadinhos e lembretes de afazeres da semana. As crianças devem ser instruídas que este caderno será usado exclusivamente para anotar os sermões. Ele é especial! Leve-o sempre ao lado de sua Bíblia para o culto ao Senhor.
5. Não levem doces ou biscoitos. O culto não é momento conveniente para alimenta-los.
6. Durante a realização do culto não é hora de brinquedos. Além de atrapalhar, os seus filhos não aproveitarão nada do culto.


AS CRIANÇAS DEVERÃO RESPONDER ÀS PERGUNTAS:

1. Quem dirigiu a liturgia e quem foi o pregador?


2. Qual é o texto bíblico escolhido para o sermão?


3. Qual é a ideia mais importante do sermão?


4. Quantas vezes o pregador falou de Jesus no sermão?


5. Quais pessoas da Bíblia o pregador falou que você conhece? (Moisés, Davi, Salomão, Paulo, etc.)


6. Qual ensino você entendeu da pregação que você não sabia?


7. Qual pecado você descobriu que precisa confessar e deixar de praticar?


8. O que o sermão falou de importante que incentivou a amar mais o Senhor Jesus?


9. O que você aprendeu no sermão que o ajudará a obedecer mais os teus pais?


10. Se quiser você pode fazer um desenho de algo importante que você ouviu no sermão [pode usar o verso].

27 fevereiro 2015

A dor, a dúvida e a incredulidade

A dor causa um estranho efeito em nós. Ela nos tira a alegria, a força e a nossa sensibilidade. Quando sofremos é natural que sejamos dominados pela tristeza, fiquemos desanimados e nos tornemos indiferentes com os outros. Certamente não gostamos desta situação. E se não bastasse ainda somos agredidos por diferentes tipos de dúvidas que podem se tornar perigosamente em incredulidade. Certamente você já se questionou o “por que” do sofrimento? É uma questão justa para quem sofre, mas nem sempre encontramos “a resposta” que satisfaz as nossas dúvidas sobre este assunto.

A dúvida e a incredulidade são superficialmente parecidas, mas são essencialmente diferentes. A dúvida geralmente é saudável quando nasce da curiosidade e produz maturidade. A dúvida surge do entendimento parcial, e deseja completar o conhecimento. Quando sofremos parece que a nossa dor e amor de Deus não são compatíveis. A dúvida surge exigindo uma resposta, uma causa, um motivo e um propósito. Por isso, ela pode nos levar ao entendimento de que Deus é soberano e bondoso e, quem controla de toda a nossa vida. Mas, se a dúvida abraçar a rebeldia, e desprezar a verdade da Palavra de Deus, então, ela se converte em incredulidade. Então, a incredulidade gera incertezas, ingratidão, insegurança, e desespero. A dúvida se satisfaz com a verdade, mas a incredulidade a despreza.

Apesar de não termos todas as respostas, convido que pensemos nalgumas coisas em que a dor não deveria nos prejudicar quando assaltados pela dúvida. A verdadeira fé alimentada pela Escritura é mais forte do que as emoções nascidas no sofrimento.

A dor não deveria produzir amargura em nosso coração. Em vez de remoer a decepção, a enfermidade, ou a rejeição, deveríamos nos humilhar diante de Cristo. Ele sofreu grande humilhação pelos homens, torturado, e suportou a mais intensa dor na cruz. O Filho de Deus tem toda autoridade nos céus e sobre a terra. Por isso, Jesus disse que “venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mateus 11:28-30, NVI). É possível viver com dúvidas, mas é insuportável viver na incredulidade. Posso não entender os “por quês” da vida, mas é angustiante viver sem crer em nada, ou pior, sem crer que em Jesus Cristo podemos receber o perdão, o amor e o consolo de Deus o Pai.

A dor não deveria nos isolar de Deus. Há pessoas que por causa do sofrimento preferem se esquecer de Deus. Isso é estranho porque tudo testemunha as digitais do Criador (Salmo 19:1-6 e Romanos 1:18-20). Não temos como nos esquecer dele, nem fugir para algum lugar que Ele não esteja (Salmo 139). Então, em vez de fugirmos do Senhor, seria melhor irmos para Ele. Um autor chamado Os Guiness observou que “Deus não é apenas uma pessoa, ele é a pessoa suprema de quem dependem todos os seres humanos, sem falar da própria vida e de toda a nossa existência. É por isso que confiar nele é conhecê-lo, confiar nele é começar a conhecer a nós mesmos. É por isso que o nosso fim supremo é glorificar a Deus e desfrutá-lo para sempre. É por isso também que confiar em Deus na escuridão seja tão difícil, e duvidar de Deus seja tão devastador” (Encontrando Deus em meio à dúvida, p. 10). Aqueles que têm uma aliança com Deus são amados desde antes da fundação do mundo (Efésios 1:3-11) e são atraídos com este eterno amor que nos encontra e dá sentido a nossa vida (Jeremias 31:3). E nada pode fazer com que Deus desista de nós (Romanos 9:31-39). É neste sentido que Jesus promete que “eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos” (Mateus 28:20, NVI).

A dor não deveria nos fazer desistir da vida. A Bíblia fala que Deus é soberano e amor. Ele cuida daqueles que têm uma aliança com Ele. Não podemos amaldiçoar, ou falar coisas vergonhas contra Deus e contra as pessoas. Não é sensato desejar coisas ruins contra a nossa vida. Isto apenas aumentaria o nosso problema. Às vezes, pessoas em intensa dor desejam a morte. Mas, o suicídio é uma fuga para a covardia sem retorno. Nunca deveria ser uma opção por mais angustiante que seja o problema! Então, qual deve ser a nossa escolha? É preciso que leiamos a Bíblia e nela encontremos entendimento da vontade de Deus para a nossa vida. O salmista diz “foi-me bom passar pela aflição para que aprendesse os teus decretos” (Salmo 119:71). Na Escritura Sagrada aprendemos o propósito da vida, do sofrimento e de tudo o que acontece conosco.

A verdadeira fé nasce a partir da Escritura Sagrada (Romanos 10:17). A fé é a soma do correto conhecimento de Deus, de concordarmos com toda verdade revelada e de confiarmos nas promessas da Palavra de Deus. Assim, viver pela fé não é viver andando na cegueira da ignorância. A Bíblia nos ordena que “alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: alegrem-se! Seja a amabilidade de vocês conhecida por todos. Perto está o Senhor. Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus.” (Filipenses 4:4-7, NVI). Quando temos a mente de Cristo, conseguimos capacitados pelo Espírito Santo, entender a dor, o seu propósito e o se fim para a glória de Deus. Não precisamos duvidar, nem errar na incredulidade, mas vigorosamente crer que o Senhor Deus faz com que tudo coopere para o nosso bem, segundo o propósito de nos tornar capaz vez mais semelhante à Cristo Jesus. Assim, com Cristo sabemos que “dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre! Amém” (Romanos 11:36, NVI).

23 fevereiro 2015

CARTAS AO JOÃO MARCOS – 2

Aprendendo com o sofrimento

Meu amado filho João Marcos

Confesso que nestes últimos dias o meu coração anda com certa medida de tristeza. Entretanto, o Senhor tem me alimentado com a Sua Palavra e confortado com o contínuo cuidado de irmãos. Não tenho desperdiçado do que tem acontecido à nossa família, mas meditado como a boa mão do Senhor tem nos amparado e dirigido.

Vou registrar a história desses dias porque é possível que daqui a alguns anos você não se recorde mais dos detalhes do acidente. A memória dos fatos nos ajuda a sermos gratos. Levamos cerca de dois anos programando um momento oportuno para descansarmos na casa flutuante dos nossos amigos Genésio e Ni, bem como com os nossos amados irmãos Mário Sérgio e família. Chegamos sexta-feira a tarde, almoçamos e fomos pescar. Aquele é um lugar lindo de beleza natural, um ambiente propício para revigorar as forças e ter um tempo de comunhão em família. Tudo ia muito bem, um lugar lindo, a família reunida com amigos, e boa pescaria. O fim de semana prometia ser muito agradável!

Não imaginávamos o que o Senhor tinha reservado para nós naquele início de noite. Você machucou acidentalmente o teu olho com o anzol e a chumbada ao puxar a linhada com que pescava! Você foi homem o suficiente para tirar o anzol do olho e suportou a dor, sem gritos, sem murmurar e nem falar coisas que pudessem desagradar ao nosso bom Deus. Você não demonstrou rebeldia questionando por que Deus deixou acontecer aquele acidente. Suportou a dor e aceitou com contentamento. Confesso que aprendi a admirá-lo ainda mais, e senti uma satisfação muito grande porque o Senhor me deu como filho um verdadeiro homem.

Eu não estava no flutuante no momento do acidente, porque havia saído de barco para pescar com os tios Mário Sérgio, Vinicius e Igor. Quando cheguei mamãe me deu a triste notícia, e fui vê-lo imediatamente. Encontrei você deitado, quietinho, com o olho coberto, e você me disse: “estou bem papai”. Aquela noite foi longa, e pela primeira vez na minha vida tive dificuldades para dormir. Fiquei pensando qual seria a real gravidade e no que poderia acontecer com o teu olho, e se a demora em leva-lo ao médico não prejudicaria ainda mais. Mas, sair naquela hora da noite não seria prudente. Então, restava-nos a opção de esperar amanhecer o dia, e acima de tudo, esperar na providência do Senhor Deus.

Ao amanhecer, bem cedo, fomos levados pelo sr. Genésio até Porto Velho. A viagem durou cerca de duas horas de barco e depois continuamos numa camionete para a cidade. Chegamos ao CEOF [Centro de Oftalmologia] onde com urgência e competência fomos atendidos pelo Dr Valdemar K. Kjaer. No primeiro momento muita coisa era incerta, porque dependíamos de alguns exames, e de como o seu organismo reagiria ao trauma e aos medicamentos. Assim, uma cuidadosa assistência nos foi dada pelo Dr Valdemar e Dr Gustavo que entre o Sábado até a Terça-feira, insistiram em examinar a reação do teu olho em oito diferentes consultas. As piores possibilidades foram pouco a pouco sendo eliminadas, mas uma catarata se desenvolveu, e a pressão do teu olho subiu, de modo a preocupar os médicos. Em uma semana a pressão foi controlada, mas você terá que passar por uma cirurgia por causa da catarata. A nossa incerteza neste momento é quando isso será possível. Infelizmente você não está enxergando com o olho ferido. Embora isso seja um motivo de tristeza, somos gratos ao Senhor e continuaremos orando e confiando nEle.

Dói-me muito vê-lo limitado por não poder viver as coisas próprias de sua idade. Você é um menino muito alegre e cheio de energia. Normalmente você corre, agita-se e gosta muito de futebol, de desenhar e brincar das coisas próprias dos meninos de sua idade. Mas, agora, às vezes, você se entristece por não poder acompanha-los nas diversões, que neste momento são perigosas para o teu olho. Percebo que uma simples conversa acalma a sua tristeza e conseguimos redirecionar a sua agitação para outra atividade. Nestes últimos dias o João Pedro revelou-se num verdadeiro amigo, deixando de divertir com outros meninos, para ficar fazendo companhia para você.

Confiamos na bondade do nosso Senhor Deus. Entregar o nosso coração ao desespero ou ao descontentamos não glorificará ao Senhor, nem servirá como testemunho do evangelho que cremos. Ao meditar no Breve Catecismo de Westminster lemos na pergunta 2 – Que regra Deus nos deu para nos dirigir na maneira de glorificar e gozá-Lo? Então, ele responde que: “A Palavra de Deus, que se acha nas Escrituras do Antigo e do Novo Testamento é a única regra para nos dirigir na maneira de glorificar e gozá-Lo.” Isto é profunda e extensivamente verdadeiro. Somos fracos e facilmente tentados a ceder à dúvida por causa do sofrimento. Mas, a Escritura nos oferece uma correta cosmovisão para tudo o que ocorre conosco. Existimos para glória de Deus, e o verdadeiro significado de nossa vida está em satisfazer-nos em seus atributos divinos e vontade. O único modo de conhecermos a Deus de modo correto, e entendermos a sua perfeita vontade é pela Escritura Sagrada. Assim, podemos entender o Catecismo de Heidelberg que nos instrui na questão 2. “O que você deve saber para viver e morrer neste fundamento?” E a resposta é: “Primeiro: como são grandes meus pecados e minha miséria. Segundo: como sou salvo de meus pecados e de minha miséria. Terceiro: como devo ser grato a Deus por tal salvação.” Sabemos que a graça do Senhor é melhor do que a vida. Porque uma vida sem a graça não vale a pena ser vivida, por não ter sentido, e por ser atormentada pelo pecado, e o terror da condenação da justa condenação de Deus. Todas as dores, pesares e amargas tragédias que o nosso Senhor nos concede são para estimular a nossa percepção na sua doce graça.

Meu filho, o nosso coração se une ao salmista que declara que “tudo isso nos sobreveio; entretanto, não nos esquecemos de ti, nem fomos infiéis à tua aliança, nem se desviaram os nossos passos dos teus caminhos, para nos esmagares onde vivem os chacais e nos envolveres com as sombras da morte. Se tivéssemos esquecido o nome do nosso Deus ou tivéssemos estendido as mãos a deus estranho, porventura, não o teria atinado Deus, ele, que conhece os segredos dos corações? Mas, por amor de ti, somos entregues à morte continuamente, somos considerados como ovelhas para o matadouro.” (Sl 44:17-22). E mais uma vez, reforça que “foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos” (Sl 119:71). Somos alimentados com a Palavra de Deus no decorrer destes dias de espera e indecisão, em que somente podemos confiar que o Senhor Deus nos guiará, pois está no controle absoluto, usando pessoas, e preservando sob todo cuidado o nosso coração para amá-Lo acima de todas as coisas.

Assim, em tudo, quer sejam coisas boas ou ruins, alegres ou tristes, temos a inabalável certeza de que somos imutavelmente amados com toda perfeição do nosso Deus. Somos ordenados a amá-Lo acima de todas as coisas, com todo o nosso coração, de toda a nossa alma, e de todo o nosso entendimento [Mt 22:37].

23 janeiro 2015

7 razões para ensinar História da Igreja para as nossas crianças

por Jeff Robinson

Pergunte aos meus quatro filhos o que seu pai ama, e eles farão uma classificação no topo da seguinte lista de "Jesus, nossa mãe, beisebol e os Bulldogs Geórgia," pode ser que encontre "pessoas mortas." Por quê? O fato de ensinar História da Igreja, eu acho que é importante que os meus filhos - iniciando desde a tenra idade - entendam a riqueza da fé que eu recomendo a partir da Escritura. (E sim, eles sabem que o herói deste livro voltou dos mortos.)

Presumindo o que eles têm ouvido, os meus filhos podem dizer-lhe algo sobre Lutero, as 95 teses, e uma porta da igreja em Wittenberg. (E eles até sabem pronunciar o "W" como um "V", porque acho que soa como um inseto). Podem dizer-lhe tudo sobre Calvino e seu encontro desagradável com William Farel. Podem dizer-lhe que William Carey é o pai das missões modernas (e provavelmente eles vão lembrá-lo que ele era um batista). Podem dizer-lhe que Spurgeon fumava um charuto ocasional e que um homem com o nome engraçado de Atanásio ganhou o dia numa reunião convocada pelo Concílio de Nicéia (que provavelmente vai ter a data certa demais que é 325 dC). Eles conhecem uma importante batalha que ocorreu numa ponte chamada Mílvia (ou como o meu filho de 6 anos de idade a chama de "Melvin"). E, de fato, eles sabem que aquelas pessoas que aparecem na nossa varanda nos seletos Sábados, tendo em mãos as suas revistas Sentinela, na verdade são os modernos arianos. Eu tinha 30 anos antes de saber tudo isto.

De maneira nenhuma a história da Igreja deve substituir o ensino da Bíblia em sua família. O culto doméstico e a Palavra de Deus deve vir em primeiro lugar em seu lar. Mas são inumeráveis os benefícios de ensinar-lhes algo sobre as figuras-chave e movimentos a partir do rico patrimônio da Igreja. Aqui estão sete razões pelas quais devemos ensinar nossos filhos a história da igreja:

1. Porque eles devem saber que o cristianismo é uma fé histórica. Jesus realmente viveu. Ele morreu. Ele ressuscitou. Ele subiu ao céu. Ele está construindo a sua Igreja, assim como ele prometeu. A história da Igreja testemunha a todos esses fatos, os quais aconteceram e estão ocorrendo no tempo e espaço na história. Eu não quero que eles confundam a história da redenção com Hobbit, As Crônicas de Nárnia, Robinson Crusoé, ou Rapunzel.

2. Porque queremos que eles evitem o esnobismo cronológico. Como C.S. Lewis colocou, novo não significa necessariamente melhor (ou vice-versa). Tal como os seus pais, nossos filhos são constantemente inundados com mensagens de "novas" e "melhores" - versões de 1.1, 1.2, 1.3, e afins. Eu quero que meus filhos saibam que o evangelho não é novo, não pode ser melhorado, e nunca vai mudar. Eles devem saber também que, enquanto não houver uma "idade de ouro" no que diz respeito à história do homem, grandes despertamentos no passado nos conduziram a orar para que Deus fizesse isso de novo.

3. Porque eles devem saber que a Bíblia é algo pela qual vale a pena morrer. Uma das definições simples da história da Igreja eu dou aos meus alunos é "uma batalha pela Bíblia," ou seja, a história da Igreja é um relato da guerra de 2.000 anos entre heresia e ortodoxia, entre interpretações que competem com a santa Palavra de Deus. Eu quero que meus filhos saibam que nossas Bíblias, especialmente as que temos uma tradução em inglês, em praticamente todos os quartos da nossa casa - não tiveram baixo custo. Homens e mulheres foram presos, perseguidos, espancados e mortos para que pudéssemos ler a Bíblia em nossa língua nativa. Eles também arguiram, lutaram, foram perseguidos, e até mesmo morreram, permanecendo firmes sobre a sua ortodoxa interpretação.

4. Porque eles devem saber que a teologia é importante. Eu quero que eles conheçam sobre Agostinho e Pelágio, Calvino e Armínio, Wesley e Whitefield e as diferenças teológicas que os dividiam, e por que tais divisões foram necessárias num primeiro momento. Quero que os meus filhos sejam bons teólogos, conscientes de que todo mundo tem uma teologia e nem todos elas se encaixam com as Escrituras. Eu quero que eles saibam que as ideias têm consequências para o bem e o mal. O apóstolo Paulo teve uma cosmovisão. E o mesmo aconteceu com Hitler.

5. Porque eles devem entender que somos parte da Igreja de Cristo através dos tempos. Nós não somos os primeiros cristãos. E por mais que a minha profunda educação eclesiástica sulista tenha insinuado (principalmente através da música), ao contrário, vovó não foi a primeira cristã. Eu quero que eles saibam sobre a coragem de Atanásio, o martírio de Justino e Policarpo, o brilho de Calvino, as inesquecíveis palavras de Lutero, e a batalha pela Bíblia na minha própria denominação, a Convenção Batista do Sul. Os capítulos finais da vida dos nossos heróis foram escritos, então sabemos como acabou a sua caminhada com Deus, grandes homens e mulheres da história da Igreja produziram excelentes ilustrações de uma fé perseverante (ver Hb 11).

6. Porque queremos que eles saibam que mesmo grandes homens são profundamente falhos. Pintar um quadro completo, tridimensional de seus heróis a partir das páginas da história da igreja - bom, mau e o feio, para lembrar a seus filhos que Jesus foi/é o único homem perfeito. Diga-lhes que alguns grandes líderes espirituais, como o rei Davi no Antigo Testamento fez coisas tolas, um lembrete de que os pecadores são salvos pela justiça de outro. Deus desenha linhas retas em linhas tortas. Talvez essa perspectiva vai ajudar a orientar os seus filhos longe das valas mortais do farisaísmo e do perfeccionismo.

7. Porque incentiva-os a obedecer o nono mandamento. Deturpar a teologia ou, as ideias de outra pessoa é falso testemunho contra elas. Calvino não inventou a doutrina da predestinação. A doutrina do livre arbítrio não foi obra exclusiva de Armínio. Wesley (ambos irmãos Wesley, na verdade) e Whitefield frequentemente correspondiam-se pessoalmente em cartas e sermões, e muitas vezes não tinham condições de se falarem, e não têm quase o tipo "discordo docemente" de relacionamento que são popularmente retratados (veja a excelente biografia de Thomas Kidd com as provas, publicada em 2014). Assim, a caricatura é deturpar. E deturpar intencionalmente é violar o novo mandamento de Deus. Assim, acostume-os a essa idéia em uma idade precoce. Pela graça de Deus, isto pode prepará-los para serem piedosos membros da Igreja.

Então, por onde começar? Felizmente, há nos dias de hoje um excessivo recurso para o ensino das crianças a Bíblia e teologia, mas não muitos para ensinar-lhes história da Igreja. Abaixo estão três recursos que a nossa família considera útil:[1]

1. History Lives: Chronicles of the Church Box Set (Christian Focus) por Mindy and Brandon Withrow. Este é um conjunto de cinco volumes que é perfeito para a leitura de sua família por um longo período de tempo, para um período de um a dois anos, um capítulo a cada noite ou qualquer outra noite. As nossas crianças adoram.

2. Trial and Triumph: Stories from Church History (Canon Press) por Richard M. Hannula. Um excelente panorama dos grandes personagens na história da igreja em um volume.

3. The Church History ABCs: Augustine and 25 Other Heroes of the Faith (Crossway) por Stephen J. Nichols. Leituras breves que conduzem através do alfabeto com os nomes de cada personagem histórico que corresponde a uma carta particular ("E é para Beringelas e Jonathan Edwards").[2] Este volume é colorido e ilustrado por Ned Abetarda.


Escrito em 20 de Janeiro de 2015 por Jeff Robinson.
Jeff Robinson (PhD, do Seminário Teológico Batista do Sul) é um editor de The Gospel Coalition. Ele atua como assistente de pesquisa sênior do Andrew Fuller Center for Baptist Studies e professor adjunto de História da Igreja no Southern Baptist Seminary. Antes de entrar no ministério, ele passou quase 20 anos como jornalista na Geórgia, Carolina do Norte e Kentucky, que cobre tudo, da política à Major League Baseball e SEC Futebol. Ele é co-autor, com Michael Haykin do livro To the Ends of the Earth: Calvin’s Mission Vision and Legacy.[3] Jeff e sua esposa Lisa têm quatro filhos. Eles vivem em Louisville.

Traduzido e notas em 23 de Janeiro de 2015 por Ewerton B. Tokashiki


NOTAS:
[1] Infelizmente não podemos dizer o mesmo que o autor. Há poucos livros infantis que ensinem Bíblia e Teologia em português. Existem Bíblias ilustradas para crianças, mas não tantos manuais introdutórios com metodologia e recursos didáticos planejados para o ensino de crianças. As editoras cristãs no Brasil têm iniciado, mas há uma grande carência de publicar material nesta área. Os livros recomendados pelo autor não existem em português.
[2] O texto original: (“E is for Eggplants and Jonathan Edwards”).
[3] Livro não publicado em português.